Edfugii
Na aparência que se vê,
sou imagem que se perde
em labirintos indecifráveis.
Perdida se distorce ao olhar alheio.
Busco minha essência ainda acanhada
pelo tempo e do sabor amargo do desprezo.
Sobrevivo e me arremesso na busca
incessante daquele sentimento que acolhe, que aquece...
Mesmo quando algo me diz: Esquece!
Reproduzo o ávido desejo
neste querer!
Sepulto qualquer pensamento contrário.
Resgato a fé e prossigo sem sonegar
a chance de ser feliz.
SEM RUMO
Sem rumo saio,
descompassado vou lentamente
Nem assim disfarço minha mente.
Mesmo sendo refém,
me solto de suas amarras!
Liberto meus pensamentos
e com eles também vou.
Nesta cadência
sou passo no chão batido
o coração sente cada pisar.
sou o sopro do vento no ar ,
o rosto agradecido...suspira.
sou letra da música no peito escondido,
que ouço sem compromisso.
Enfim corro sem pedir socorro
protegido chego até o fim
sem disputa
satisfeito volto e digo
não desista de mim.
Fim de tarde...
O pensamento vaga
sem limites ou distância,
entre o hoje e o ontem
num teletransporte delirante
me coloco em seu divã.
Em um estado quase hipnótico
satisfaço seu pedido
e revelo meu desejo.
O coração dispara a cada lembrança, mesmo congestionado
emociona a cada momento.
Ainda que suspeita,
a Razão me lembra...e diz
Recordar é viver!
Sobreviva,
amanhã te lembrarei ...
Em uma retrospectiva involuntária
a memória sadicamente aponta
erros e escolhas
Imagens aleatórias
determinam o julgamento
o tempo implacável, sentencia minha culpa.
A consciência indignada
contraria a penitência dizendo:
-Viver é decidir, é arriscar...
Se ferir, rir e chorar!
Feridas curam e cicatrizes
fortalecem nossa existência.
Enfim somos persistência...
Somos além de meras lembranças
perdidas no passado.