Dora Marques
Passo na rua e olho para ver se te vejo.
Andavas sempre a distribuir um pedacinho de conversa. Aqui e ali... Eras uma faladora nata.
Conquistavas com o teu olhar meigo e palavras alegres todos os que te ouviam.
Sempre sorridente e de coração aberto partilhava vivências com as tuas companheiras....
Agora a rua ficou mais triste, as tuas amigas mais prostradas... Perdeu o brilho do teu olhar.... A estrada perdeu as pegadas que carinhosamente ias deixando.
O vazio e a saudade vão apertando, deixando uma mágoa inexplicável...
A idade não perdoa, mas a vida não tem idade..
As tuas lindas flores já sentem a tua falta.... Tenho de lhes dizer que agora cuidas delas do outro lado... Mas cuidarás sempre....
Porque continuas a fazer o que te fazia feliz....
Até um dia....
Nunca sabemos tudo... Longe disso!
Sabemos o que vida nos vai ensinando.
Grandes lições tiram-se nas adversidades da caminhada.
Aprendemos com os próprios erros... Devemos sempre tirar uma lição de vida... Só assim os erros fazem sentido... Errar é humano... Não aprender nada com eles é burrice.
As conclusões da nossa caminhada permitem-nos ajustar as tomadas de decisão.
Decisões que nos iluminam o melhor caminho....
Dizemos que o tempo tudo cura.... Meia verdade.... O tempo ajuda a curar feridas mas nunca traz as pessoas que perdemos. Fica um vazio inconsolável, uma cadeira por ocupar, um sorriso no pensamento, palavras e palavras em silêncio.... Ficam as memórias e recordações somente.... Até que possamos estar juntos naquele mundo espiritual... Que cremos existir algures.... Essa convicção é que nos faz continuar a caminhada....
Sabemos que existe um lugar especial onde estão todos os nossos ente queridos. Mas custa olhar para o lugar e ver um vazio.... Um vazio que ninguém mais ocupará....
Todos conseguem ver os defeitos dos outros e apontar o dedinho! Só é uma pena que também não consigam enxergar o seu próprio umbigo!
Quando um aluno agride, verbal ou fisicamente, o professor é considerado um registo de ocorrência e, certamente, será reunido o Conselho de Turma, para proceder em conformidade, dando cumprimento do Regulamento Interno.
Este aluno, quanto muito, vai para casa uns dias. O que irá provocar nos pais indignação porque, o filho ou filha, fica talvez sozinho/a em casa.
Quando um professor motivado pelo desrespeito, desobediência, incumprimento total de regras e, algumas vezes, vítima de palavras grosseiras e até de abusos, psicologicamente, traumatizantes, poderá ameaçar ou avisar mais fortemente os alunos...... É alvo de processo disciplinar, vai responder e mais não sei o quê...
Isto denota claramente a pobreza da nossa sociedade.... Estamos a criar cidadãos cívicos ou arruaceiros?
Fica a questão.....
Que não percebe a profundidade de um olhar, nunca perceberá o valor das palavras.
Basta um olhar para dizer tanta coisa em silêncio..
Às vezes, muitas palavras nada têm de essência... Um olhar... Tem tanto para dizer....
Sinto tanto a tua falta!
Até de te ouvir dizer que não tinha tempo nem de olhar para a tua casa quando estavas ao portão e me vias passar num ápice..... Eu sempre a correr por qualquer motivo.
Eu pensava que não me vias mas tu vias tudo do teu portão.....
Agora passo e olho sempre.... Mas tu não estás lá ao portão.... Eu, no meu íntimo, acredito que estás lá sempre e que continuas a ver-me passar....
A cadeira já sente a tua falta e a bengala já perguntou quando voltavas....
A ausência de quem gostamos é tão dolorosa....
É dor incansável..... Que corrói.... Que traz tanta saudade....
Saudade! Palavra tão agreste....
Palavra que atormenta corpo e alma...
Corpo terreno e alma espírito?
Creio que será a lógica, certo?
Corpo à terra e alma ao céu?
Quero acreditar que sim...
Terra.... Tenebrosa.... Céu... Celestial....
Temos que acreditar em algo para apaziguar as nossas angústias....
Quem crê.... Sofre menos? Talvez......
Fica a questão.....
O sabor das palavras
Há palavras verdadeiramente belas
Já outras, são farpas que quase nos perfuram
Palavras que são ditas com o coração
Palavras que nos embalam
Outras que nos beijam....
Aquelas que são farpas ficam cravadas no peito e, dificilmente, saem....
Quando saem deixam grandes cicatrizes...
Essas palavras doem, magoam, corroem e incomodam, não só pelo seu significado, mas também pela maneira como são proferidas.
Às vezes, vindas de quem menos esperamos.
As palavras que nos beijam, suavemente deixam uma marca colorida no peito e gravam-se no coração...
São elas que nos fazem caminhar mais levemente, levitar muitas vezes e respirar com doçura.
As palavras amargas são espinhos
As palavras doces são as rosas....
Não temeis!
Há sempre um anjinho da guarda, uma estrelinha ou uma alma gémea que nos guarda sempre.
Imagino o céu está todo estrelado.... Maravilhoso... Quantas estrelas a velar por nós.... Elas que nos protegem incessantemente..... Mesmo de dia invisíveis, mas existentes.....
As minhas estrelas eu conheço-as!
E tu?
Cada dia uma esperança
Cada esperança um passo
Um passo em frente
Em frente um fracasso.
Um fracasso talhado
Pela sorte que não chegou
Não chegou a tempo
E a sorte passou.
Volta sorte! Aguardo feliz
Feliz porque resta a esperança
De dias melhores
Com mais confiança.
Quem morre não é a esperança
É a paixão pelo desalento
Desalento que perturba
Alma e pensamento.
Esperança, espero por ti
Dias a fio..... Sempre insistente
Nunca morras em mim
Afasta o desalento deprimente.
Com o passar do tempo e galopar dos anos vamos aprendendo a relativizar as coisas.
Algumas têm muito interesse outras nem por isso.
Vamos separando o trigo do joio e cultivando novos sementeiras.
Aprendemos a valorizar só aquilo que realmente é importante e vale a nossa preocupação.
Também vamos conhecendo o olhar e delinear o tipo de olhar. Olhares profundos que nos tocam e olhares indiferentes que nos passam ao lado.
Há pessoas que ficam na nossa história outras nem do nome se lembramos.
Há sentimentos que perturbam e mexem com o âmago..... Há outros que se contornam e desviam.... Não interessam.
Enfim.... Tudo passa...
Só nunca passam as memórias.... Nunca se esquecem recordações daqueles que estão do outro lado do caminho.
Que olham e zelam por nós incessantemente.
Que nos mostram a luz quando tudo parece breu......
Que nos fazem voar sem asas...
Até nos sussurram ao ouvido.....
Alentam o coração quando este derrama uma lágrima.
E tudo vai correndo no sentido certo.
Às vezes é pura ilusão. Quantas vezes choramos em silêncio? Rimos para não chorar.
Quantas vezes saímos da cama para cumprir dever.
Esta vida de passagem é assim....
Mascara as tristezas para seguir em frente.
Pura ingratidão..... É o "tem de ser".
Olá Novembro, com estás?
Espero que tragas boas novidades
Muita saúde, alegria e sorte
Porque o Outubro não deixou saudades....
Espero que sejas pacífico e amigo
Traz tempo ameno, mas claro com ventinho
Chuva, frio e agasalhos quentinhos
Mas, por favor, sê bonzinho!
Não abuses nas desgraças
Nem tragas corações partidos
Sê condescendente e caloroso
Já Outubro nos deixou doridos!
Daqui a pouco estamos no Natal
Passa o tempo sem cessar
O Pai Natal anda em dieta
Para nas chaminés se enfiar!
Queria tanto ser uma estrela
Para no céu brilhar
De noite guardiã
De dia a beleza admirar.
A beleza das pessoas
Que trazem paz no coração
Transparência na alma
E certeza na devoção.
Certeza que tudo passa
Esta vida é passageira
Efémera mesmo de certeza
Verdade mais verdadeira.
Desfruta do palco
Antes do pano fechar
Nao te atrases na vida
Pode a peça, sem aviso, terminar.
Às vezes a onda vem..... e lá cai o castelo
O castelo que está a ser rodeado
Por pensamentos obras e ações
La vai o castelo ser assaltado.
Assim é a nossa vida diária
Assaltada por invasões nada oportunas
Que desmorona o castelo
Que estava escondido nas dunas.
Pobre castelo! Fica estragado.
Assim a alma fica destroçada
Pela vida ingrata e triste
Que teima em ser desgraçada.
É é assim a pobre vida
Trabalho, incertezas e imperfeição
Que venham os dias quentes
Para nos encher o vazio coração!
As pessoas deixam o seu espaço físico, o que me deixa muita saudade. Mas acredito que vão habitar noutro espaço espiritual, num campo celestial que me faz inveja.
Penso como será esse lugar. E espero um dia poder mudar-me para lá.
Isto é muito complicado assim dito, mas quando me deito e fecho os olhos perco-me já no meio desse lugar paradisíaco.
Que bom é estar nesse lugar.....
Mas também quero acordar para, por enquanto, permanecer no meu cantinho terrestre.
Acordamos e começa um novo dia....
Dia de trabalho, com atropelos pela frente, com desvios e atalhos.....
Dia com alegrias e tristezas....
Recuos e avanços.....
Tudo normal sem pensar na fatalidade da vida...
Quando pensamos se regressaremos ao nosso lar bate uma emoção profunda..
Se abraçamos a família? Se brincamos com os filhos? Se perguntamos como foi o dia?
Pois... Quando chegamos à zona de conforto e tudo corre bem.... Que fantástico!
Às vezes esquecem-nos de agradecer por estes detelhes... Detalhes que marcam toda a diferença de um dia....
Quanto mais o tempo passa mais se alonga a saudade.
Lembranças que se transformam em lágrimas, memórias que apertam o coração e palavras que ficaram por dizer.
As pessoas partem para outro patamar, mas deixam tantas ausências, vazios e dor.
Sei que se há uma imensidão que nos separa há igualmente um céu que nos junta. Mas a angústia de não ver, não falar, não contrariar, não partilhar, não dizer palavras soltas..... Custa tanto!
Nem sempre a vida é uma constante....
Nem sempre se levantamos depois da queda,
Mas sempre o rio corre no mesmo sentido
Pois seria contraditório as águas inverterem o percurso.
Afinal somos humanos
Erramos... Tantas vezes....
Erramos outra vez... Tantas vezes...
Mas quando encontramos o caminho é a salvação, o auge do auto conhecimento.
As águas podem ondular e ficar intempestivas... Mas nunca invertem o seu percurso.
É a ordem natural das coisas!
Adeus Novembro!
Vai com a frieza de uma manhã e com as noites gélidas...
Mas leva também a leveza do calor da lareira e a pureza do calor humano.
Calor humano entre a família e os amigos, que tanto partilhámos.
Aquele calor que fica na alma e adoça os escuros momentos.
Agora esperamos a luz do Menino e a humildade do seu ser...
Dezembro que traga uma tela colorida com pinceladas de alegria e muita saúde...
Dezembro que ilumina as casas com brilhantes canções natalícias e deliciosas sobremesas sobre as mesas...
Em Dezembro o céu fica mais estrelado e cintilante porque as estrelas alegram-se e festejam o seu Natal Celestial e único.
Essas estrelas que já fizeram parte do nosso Natal, que já partilharam prendas, que já beijaram as nossas faces, que já brindaram ao Novo Ano, já comeram as doze passas e já completaram a nossa mesa..... Que este ano fica mais pobre e com lugares vazios...
Resta a esperança de olhar essas estrelas que, certamente, estarão à nossa espera para brindar ao espiritual encontro.
Só damos valor à vida quando Deus nos coloca perante a adversidade e desumanidade.
Hoje, quando parava numa passadeira, reparei na pessoa que calmamente a atravessava . Um velhinho sem abrigo.
Muitas interrogações me ocorreram. Mas respostas? Poucas!
Grande barba grisalha, roupa remendada e ar tristonho.
Que mundo é este?
Será que foi opção ou alternativa?
Quando cheguei ao meu lar, quentinho e aconchegante, pensei no pobre homem...
Que sorte que tenho!
E à noite? Onde dorme? O que come? Se come! Tem frio?
Que sorte que tenho Meu Deus!
A minha pseudo tristeza é uma gota neste oceano!
Nesta época de valores nobres e genuínos esquecemos o verdadeiro significado do Natal. Compras e mais compras, desenfreadamente. Para quê? Quando a melhor prenda é o espírito livre e poder estar junto de quem gostamos e de quem faz a nossa vida ter sentido.
Lembranças e miminhos, todos gostamos... Mas, por que não dar o nosso tempo a quem precisa? Não dar um sorriso a quem não conhece um sorriso? Não dar amor onde reina a desunião? Não elogiar quem não sabe o valor de um elogio?
Todos precisamos de um pouquinho de uma lembrança.
Que nos faça feliz, que nos mostre a magia do Natal, que nos aqueça o coração, que nos dê aquele abraço...
Isso sim é um verdadeiro Natal.
Já basta olhar para a mesa de Natal e não sentir a simpatia daqueles que estarão a velar por nós.
Já basta a ausência dos nossos familiares que estão longe por circunstâncias da vida.
Já basta a dor daqueles que não têm Natal.
Natal é todos os dias... Mas a magia do Natal só aparece no Natal.
Se acredito no Pai Natal?
Claro que sim!
Imagino um senhor de barbas branquinhas, fatiota encarnada, olhos meigos e redondos, botas escuras e gastas até ao joelho e com ar muito sonhador.
É muito simpático e transforma sonhos em pequenas concretizações...
Ilumina a nossa aura quando parece breu e alenta o corpo quando este está dormente.
Acredito sim nesse senhor que faz parte do meu imaginário permanente.