Domenico De Masi

Encontrados 22 pensamentos de Domenico De Masi

O ócio pode transformar-se em violência, neurose, vício e preguiça, mas pode também elevar-se para a arte, a criatividade e a liberdade.

Por milhões de anos, os primeiros homens acreditaram que a morte era o único fim do indivíduo e que a dor, a tristeza e a melancolia eram inevitáveis e incuráveis. Estavam de tal maneira habituados a ver constantemente a morte e a dor (inclusive a morte de filhos e irmãos jovens), que as consideravam um fato corriqueiro e irremediável. E, assim, abandonavam os corpos e não os sepultavam, da mesma forma como fazem os animais ainda hoje.
Depois, em um certo momento, os seres humanos "descobrem (isto é, inventam) o outro mundo: podemos inclusive datar essa descoberta, porque coincide com a construção da primeira sepultura. A mais antiga, de noventa mil anos atrás, foi encontrada em Belém, na Judéia, que é também o lugar de um famoso berço. Desde então, o homem é o único ser vivo que enterra seus mortos, talvez por medo do contágio, do mau cheiro e do nojo causados pela putrefação.
Mas isto não explica por que deixavam, ao lado dos corpos, também utensílios e objetos preciosos que deviam ajudar o defunto na outra vida. Fica evidente aqui a esperança de que o corpo ressuscite e de que exista uma vida ultraterrena num outro mundo que fica além deste.
Em resumo, há noventa mil anos criou-se esta primeira e grande consolação, que suaviza a idéia do fim definitivo.

Eles aprenderam a planejar o futuro só depois que descobriram a semente. O uso de sementes é uma descoberta que remonta a seis mil anos ante sde Cristo e provoca uma verdadeira revolução.

Na verdade, a opinião do indivíduo só vale quando coincide com o parecer dos poderosos.

Nos países capitalistas, quanto mais fracos são os partidos de esquerda, maiores chances tem de chegar ao governo: de fato, quando não obtém a maioria dos votos para conquistar o poder, são obrigados a estabelecer alianças com forças da direita, pagando este apoio com uma política conservadora.

Queiramos ou não, devemos saber que o único tipo de emprego remunerado que permanecerá disponível com o passar do tempo será de tipo intelectual criativo. Para quem não estiver preparado para isso, o futuro será sinônimo de desemprego, a não ser que se adote um novo modelo de vida, com uma redistribuição de renda e trabalho baseada em critérios totalmente inéditos, como estão fazendo na Holanda, onde 36% da população ativa trabalham só meio expediente.

Para os trabalhadores de muitos países permanecem válidas as observações feitas por Schulz há um século e meio: "Milhões de homens conseguem obter os meios de subsistência estritamente necessários somente por meio de um trabalho cansativo, fisicamente desgastante, moral e espiritualmente deturpante. Eles são obrigados até a considerar como uma sorte a desgraça de ter achado um tal trabalho."

Para os católicos, o trabalho é uma sentença condenatória, como reafirmará a Renum Novarum, 1981. Para os liberais, é uma disputa mercantil. Para Marx, é a única possibilidade de redenção, junto com a revolução, e por isso é um direito a ser conquistado. Somente Taylor, no plano prático, e Lagargue, no plano teórico, consideram o trabalho um mal que deve ser reduzido ao mínimo, ou evitado.

Inserida por pedro_duarte

A plenitude da atividade humana é alcançada somente quando nela coincidem, se acumulam, se exaltam e se mesclam o trabalho, o estudo e o jogo; isto é, quando nós trabalhamos, aprendemos e nos divertimos, tudo ao mesmo tempo.

Uma parte do nosso tempo livre deve ser dedicada a nós mesmos, ao cuidado com o nosso corpo e com a nossa mente. Uma outra parte deve ser dedicada à família e aos amigos. Devemos dedicar uma terceira parte à coletividade, contribuindo para a sua organização civil e política. Cada cidadão deve dosar estas três partes em medidas adequadas, de acordo com a sua vocação pessoal e a sua situação concreta.

O ócio é necessário à produção de ideias, e as ideias são necessárias ao desenvolvimento da sociedade. Do mesmo modo que dedicamos tanto tempo e tanta atenção para educar os jovens para trabalhar, precisamos dedicar as mesmas coisas e em igual medida para educá-los ao ócio.

O futuro pertence a quem souber libertar-se da ideia tradicional do trabalho como obrigação ou dever e for capaz de apostar numa mistura de atividades, onde o trabalho se confundirá com o tempo livre, com o estudo e com o jogo, enfim, com o “ócio criativo”.

⁠Se deixarmos de projetar nosso futuro, alguém o projetará para nós, não em função de nossos interesses, mas do seu próprio proveito.

Inserida por dricadel

⁠A empresa, por sua própria natureza, é uma instituição total, onívora, que gostaria de absorver o trabalhador o tempo todo.

Domenico De Masi
O ócio criativo. Rio de Janeiro: Sextante, 2000.
Inserida por PensamentosRS

⁠As pessoas não estão mais habituadas a ficar em casa, a ter tempo para si. Só conseguem ficar longe dos respectivos escritórios quando são obrigadas a isso.

Domenico De Masi
O ócio criativo. Rio de Janeiro: Sextante, 2000.
Inserida por PensamentosRS

⁠Toda organização, grande ou pequena, tende a ser conservadora, sofre de compulsa à repetição.

Domenico De Masi
O ócio criativo. Rio de Janeiro: Sextante, 2000.
Inserida por PensamentosRS

⁠Uma pessoa que passa a vida toda, todos os dias, dez horas no trabalho, acaba por sentir-se indispensável aos propósitos da organização. Se dispõe de tempo para si, não sabe como usá-lo.

Domenico De Masi
O ócio criativo. Rio de Janeiro: Sextante, 2000.
Inserida por PensamentosRS

⁠A Coca-Cola é uma substituta da água da fonte, o ecstasy também é substituto do amor, a heroína é uma substituta da viagem.

Domenico De Masi
O ócio criativo. Rio de Janeiro: Sextante, 2000.
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⁠Estamos desabituados de uma tal maneira a fazer as coisas com calma, que assim que dispomos de uma hora livre a enchemos de tantos compromissos ou tarefas, que o tempo acaba sempre faltando.

Domenico De Masi
O ócio criativo. Rio de Janeiro: Sextante, 2000.
Inserida por PensamentosRS

Eu acredito que os executivos de meia-idade sejam, sob um certo aspecto, pessoas doentes. E o que é pior: a agenda deles é contagiosa.

Domenico De Masi
O ócio criativo. Rio de Janeiro: Sextante, 2000.
Inserida por PensamentosRS

⁠Com uma frequência sempre maior, a vida do trabalhador é transformada num inferno, porque as organizações das empresas se preocupam em multiplicar a quantidade de produtos, mas não dão a mínima para a felicidade de quem os produz.

Domenico De Masi
O ócio criativo.Rio de Janeiro: Sextante, 2000.
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⁠Em outros tempos os ricos repousavam e os pobres se esfalfavam. Hoje isso se inverteu: os ricos correm como doidos para cuidar dos seus negócios e os pobres são condenados à inércia do desemprego.

Domenico De Masi
O ócio criativo.Rio de Janeiro: Sextante, 2000.
Inserida por PensamentosRS