Estranheza é um casal de ursos dançando tango.
Às vezes fico só fragmentação cinza.
Só há uma solução: Escrever até seu braço virar fantasma ou pular feito um leão.
À noite é um cadáver respirando ouro.
Ex-Namoradas viram nome de Avenida nos meus contos mais doloridos.
A literatura é uma barbearia cheia de navalhas.
Meu tropeço é quase um samba do Cartola.
A única coisa que aprendi nessa vida foi tropeçar.
Domingo e sua cara de Rimbaud atravessando o deserto mancando.
Poeta mora de favor na casa do lirismo.
Tudo dorme menos rancor de poeta desprezado por editoras e putas. Fico longe de caras do tipo. São tumores querendo enegrecer pulmão alheio.
Você é um minuto de silêncio num mundo que grita feito louco embaixo do viaduto.
Teu mundo é pequeno. Cabe numa caixinha de guardar ressentimentos.
Você tenta ocultar, mas a literatura sangra.
Depois de um tempo você percebe que escrever é abraçar a si mesmo. Literatura é remédio para solidão.
Eu já fui aquele cara que comprava vinte fichas e falava “eu te amo” no orelhão.
Poeta é aquele cara romântico que fica um bom tempo sem comer ninguém.
O problema não é ser feio e sem grana. O problema é ser sem prosa e poesia.
O primeiro mandamento do leitor é saber identificar um mercenário de um escritor.
Aquele que
Mora dentro
de seus poemas
Sonha muito acordado.
No meu mundo todo mundo tenta ganhar a vida escrevendo poesia.
Este corcel 77 parado na Praça Roberto Piva sou eu em outra encarnação.
Poeta é o técnico de áudio que transforma barulho de amor em silêncio.
Nós, escritores, precisamos curtir mais o silêncio que faz logo quando terminamos de escrever algo lindo. Fechar os olhos e sorrir. O silêncio é testemunha de um crime lírico.
Poesia para outros é poesia de beira de estrada. Você escreve poesia para outros, mas dentro de ti nunca vingou um verso íntimo.