Diego Ferrari
No momento desafiador, a vida vai nos cobrar a experiência que negamos viver em um passado nem tão remoto. E a nossa negativa à época se torna um obstáculo a mais.
Não escolhemos o ensinamento e nem a forma que ele se dá em nossa jornada, mas podemos escolher aceitar os obstáculos como presentes de cura para o nosso ser.
Mesmo que ainda eternamente estejamos em construção, compreender a nossa história e a nossa missão até este momento nos possibilita a serenidade do pertencimento.
A soma de todos os acontecimentos é professora da alma aflita para evoluir, mas que muitas vezes não quer enxergar a oportunidade e apenas lamentar por não ocorrer da maneira que deseja.
O tempo nunca será ingrato quando ouvimos a consciência do nosso ser: as necessidades evolutivas são essas mesmas (não, nenhuma errou o endereço). Nas mudanças da vida, só não se olvide do que permanece alimentando a sua essência: um outro objeto, e uma bagagem infinita imaterial, de conhecimento.
Existimos em infinitas formas: além de todas as nossas edificações, permanecemos nos corações em que a nossa existência doou - mesmo que por segundos - amor.
O caminho é seu, com suas dores, medos inexplicáveis, alegrias sem sentido, dia e noite à luz e imagem da sua alma, única, especial e com uma missão particular aqui na Terra.
Buscar o reconhecimento é consequência da falta de se reconhecer. Quando vamos beber no externo, mais a fonte cristalina interior se apresenta como cura e conexão direta com a Criação.
O peso das nossas dores chega em certo momento a um grau tão insuportável que despertamos para nos reconhecer profundamente. Talvez não haja uma maneira de interrompermos a dor. Mas com a aceitação das circunstâncias, passamos a lidar com ela ocupando o lugar de aprendiz. E o fardo se torna mais leve, e até divino.
Muitas vezes a carga de aprendizado do erro é transformada em autopunição, cortando pela raiz a nova vida de aceitação, crescimento e transformação espiritual. Quando despertamos para a consciência de que o medo é uma autodefesa até certo ponto fundamental para a sobrevivência, alcançamos o novo sentido da fé em nosso passos.
O significado do evento sobre nós e concedido por nós.
Independente do evento o significado é concedido por nós, ou seja, existem pessoas que diante de colossal dor conseguem extrair um conhecimento essencial para sua evolução. Portanto, tudo é aprendizado basta uma mudança interior de cognição sobre os fatos para compreender que eles são imprescindíveis para a nossa evolução. E não existem para nos abater. Nessa caminhada é vital o uso da aceitação, da fé e da perseverança.
Quantos pensamentos negativos que consumiram boa parte da sua energia de fato se concretizaram? E quanto da sua energia você já doou a seus sonhos? Não há extensão para os seus sonhos, quando você confia que tudo é possível.
O ciclo da natureza se torna cada vez mais sublime e forte pela força da unidade. E nos ensina que ser, por inteiro, é a garantia da missão espiritual, na Terra, sendo bem exercida.
Quando sentimos um peso impedindo a alma de respirar é hora de refletir que tudo é transitório e que não nos cabe carregar nada. Sempre a compaixão, inclusive com o eu.
A colheita dos nossos sonhos já pode estar acontecendo. Talvez falte apenas um pouco de humildade para reconhecer as singelas graças divinas dos dias.
E se todos os meus medos silenciassem por um segundo e minha alma direcionasse toda a sua essência para a corrente de otimismo que sopra do poder de tudo que já plantei?
Cada dia é uma nova vida se refazendo dentro de um ser milenar que persiste na jornada da eternidade. A possibilidade de recomeçar pela essência está no agora.
Quanto mais a sabedoria nos habita, menos respostas desejamos. Mais estudamos, mais aceitamos, mais nos esforçamos. E temos a certeza de que tudo chega na hora certa.
Que nunca nos falte a capacidade de sonhar, mas que tenhamos sempre a sabedoria de que o verdadeiro sonho é o hoje bem vivido, plantando com amor os dias.
O silêncio faz parte da cura. É o início da transformação integral do ser. Não só esvaziar para o novo, mas também como ponte de equilíbrio, harmonia e lucidez.
Nos reconecta com quem somos. Sintoniza-nos com a parte divina esquecida dentro de nós.
Já desejei grandes coisas. Hoje compreendi que o maior sonho realizado é o da serenidade integral do ser, condição básica para a conquista do necessário, apenas a riqueza do necessário.
A vida nos surpreende sempre pelo bom — o que julgamos o mal tem uma essência curativa para o nosso ser, que por ora não temos habilidade de reconhecer e acreditar.
Não há felicidade sem entrega. Não há serenidade sem compreender o fluxo dos dias. Não há vida sem nos reconhecermos humanos.
Se ainda está faltando algo, estaremos no caminho certo. A trilha da eternidade deseja justamente nos fortalecer para encontrar sempre mais um horizonte atrás de outra montanha.
A presença da dúvida em nossos dias se torna um professor que nos cobra a construção da sabedoria com os tijolos do conhecimento.
A dor é um convite para a mudança. O sofrimento, o processo de cura - em muitos caso, a negação. E aceitar não é concordar: é trazer lucidez para passos firmes, de uma fé sempre pró-ativa.
Às vezes a dor presente é tão grande que desejamos estar em outro tempo. Mas esse outro tempo só vai existir de maneira real em nossa vida com o aprendizado do agora.