Denair Inês Guzon

26 - 33 do total de 33 pensamentos de Denair Inês Guzon

"Fito-me no espelho
E procuro desesperadamente
Um ser solitário e conflituoso,
Que se perdeu de mim:
A poeta."

Inserida por denair

RELIGIÃO

No Parque da Redenção
Me re-ligo com o Criador
Pratico a religião.

Inserida por denair

S E C A

Um vento fraco e morno
Balança o limoeiro do quintal.
Da terra árida sobe um bafo infernal.
Os raios do sol parecem fios de óleo quente
Escorrendo testa abaixo.
As folhas de couve, murchas;
O espinafre, seco.
Sob esta ínfima sombra que resta, leio.
E as palavras derretem de calor.

Inserida por denair

EGO

O sol nasce para todos,
Especialmente
Na minha janela.

Inserida por denair

Tempo fechado
Frio, umidade, lenha no fogo.
Inverno anunciado.

Inserida por denair

TUAS MÃOS

Tuas mãos lavam pratos,
Torcem panos, limpam o chão.
Estendem e passam roupas;
Escovam chinelos, sandálias, sapatos;
Arrumam canos, tiram o pó.
Mexem panelas, temperam comidas,
Batem bolo, amassam pão.
Preparam almoço e jantar.

Cavam a terra, regam plantas!
Cansadas, abrem livros, viram páginas.
Tentam se distrair...
Tocam o corpo no banho,
Em exame de rotina.
Diante do espelho,
Ajeitam o cabelo, passam batom.
Pousam na testa do filho,
Tirando a febre.

Excitam o parceiro que pede afago.
Sem joias e adereços,
Bem alto, sobre a cabeça,
Seguram as velas na procissão.
Juntam-se e elevam em oração.
Tuas mãos humildes e humanas,
Macias ou calejadas,
São a tua salvação.

Inserida por denair

A carne se cozinha na panela.
Na chaleira, água em ebulição.
Dilui-se o meu tempo,
Entre a louça lavada e o ralo da pia.
Evapora-se a inspiração!
Meus textos não dão mais cria.
Útero seco, memória fraca.
Vão-se os dias.

Inserida por denair

⁠VENTO

Como é bom
O vento da lagoa.
Dança nas águas,
Balança os barquinhos,
Toca os cata-ventos.
Desgrenha meus cabelos,
Levando embora
Aborrecimentos.

Inserida por denair