Demétrio Sena - Magé-RJ.
No contexto pejorativo da palavra, chego a mais melancólica das conclusões: O brasileiro é, sem dúvida, um dos povos de maior vocação para povo.
Caso tente ser feliz em seja lá o que for, verifique a tabela de preços que a vida expõe honestamente, como decreta a ordem natural das coisas.
Se depender do empenho de nossos políticos, os nadadores brasileiros serão sempre campeões mundiais e olímpicos de nada são.
Têm sido e serão cada vez mais numerosas as mortes físicas e ideológicas causadas por profissionais em guerras de reivindicações trabalhistas.
Não creio na existência de político honesto. Creio no ser humano, é fato, mas político é outra espécie. Algo monstruoso que, por força de ofício, abdicou da humanidade.
Jamais façamos o que a lei proíbe, para não sermos criminosos. Também não façamos tudo o que é permitido, para não sermos monstros legais... Afinal, são muitos os casos em que a lei permite barbaridades.
É um equívoco atribuir a este ou aquele indivíduo total ausência de vaidade. O ser humano é vaidoso por natureza, embora nem sempre possa dar vazão, por motivos que incluem condições socioeconômicas, a todos os pormenores de sua vaidade.
Quem usa roupas rasgadas mesmo podendo vestir-se com apuro ou luxo, é porque vê nisso algum charme. Portanto, é vaidoso. Aliás, faz pouco tempo que a última moda eram as roupas deliberadamente rasgadas. Ainda há, com menos frequência, pessoas que usam essas roupas, bastante caras, com rasgões estilizados produzidos nas confecções. Quem não pode comprá-las, mas aprecia essa moda, produz o efeito em casa e certamente alcança o objetivo de estar em sintonia com o mundo moderno.
A vaidade está refletida nas roupas, nos carros, nas bicicletas, nos aparelhos de celular, nas casas e muito mais. Ela se configura quando aquilo que usamos ou obtemos não tem a única intenção de nos satisfazer, mas também de mostrar aos outros, de alguma forma clara ou velada, o que nos pertence. Não fosse assim, só teríamos telefone para fazer e receber chamadas. Carros e outros veículos, motorizados ou não, somente para nos locomover, sem importar os modelos. Verificaríamos quesitos como conforto, economia e desenvoltura, dentro das nossas possibilidades, mas abriríamos mão daqueles que visam muito mais impressionar o outro.
Pode-se afirmar o mesmo da ambição. Ninguém é verdadeiro quando se diz não ambicioso. Tal pessoa terá, no mínimo, a ambição de não ter ambição, com o objetivo específico (e ambicioso) de alcançar a paz espiritual, por exemplo. Há quem abra mão de qualquer conforto material, para se dedicar ao acúmulo de conhecimentos. Outros querem fazer contatos com alienígenas e tantos não querem nada, mas ainda assim, com vistas à libertação total do ser, para fugir do peso e do cansaço de uma vida vertiginosa.
Jamais afirme para si mesmo que uma pessoa é modesta e absolutamente sem apego. Trabalhar menos para dar aos filhos mais atenção e presença, já não podendo lhes dar tantos presentes, é um belo exemplo de ambição humana.
Essa história de quem não deve não teme, não procede. Não num país injusto e desigual feito o Brasil.
Aprecio mais o fingimento sincero de quem quer me ver feliz do que a sinceridade fingida e cruel de quem só quer me desmoronar.
Depois de tanta vida, comecei a viver. Veio à mente a lembrança do que perdi em vivências consistentes, por acreditar nas disputas mercadológicas; nas corridas para o sucesso notório. Tudo sempre mais público do que pessoal.
Faz tempo, deixei de viver em razão dos outros. Aprendi a saber que estou em mim. Sei me doar sem doer por excesso de autocobrança. Faz-me bem olhar o mundo com serenidade, sem temer a sombra; o anonimato; a classificação nesse concurso instituído por uma sociedade viciada em superar o próximo.
Demorada maturidade. Não tardia, exatamente. Apenas demorada. Em tempo de me recompor, adaptar as sucatas do meu ser e renovar conceitos. Vencer preconceitos. Preencher vazios e me realizar como repessoa.
Se por enquanto estou no céu outono inverno, pouco importa. Meu coração está sempre aberto à luz que pode chegar... por isso nunca deixo a esperança, por mais grilos que saltem aos olhos.
Estou à espera do amor para ser estação definitiva dos meus passos. Muitos torcem para que minh´alma jamais receba esse dom... Para que a felicidade não seja definitiva nos domínios do que há de mais profundo e reservado em mim.
Serei feliz assim mesmo... Contra todas as previsões. Receberei essa graça numa hora inesperada. Quem olhar nos meus olhos verá flores... Os que duvidam de minha primavera... verão.
Lutei pela vida,
mas não soube lidar
capoeira da estrada
no chão do meu ser...
Ter um bom karatê
não me trouxe medalhas
nem me fez faixa preta
de caráter.
O que mais dói no menino agora vacinado, e o faz chorar, não é simplesmente a vacina. É a certeza de que tudo isso estava planejado e de nada valeu seu pranto... Sua birra.
Dói também o cinismo da promessa de que a picada não dói. A promessa, por si só, fere seu brio pela constatação da mentira. Mesmo que a mentira seja verdadeira, como no fundo não é. Não será em tempo algum.
Ao reclamar dos espinhos nos meus rumos difíceis, e do velho espinho na carne por um conflito qualquer, sei que o menino já sabe do que falo. Tem experiência. Certamente o magoa bem mais do que a fisgada, ver que foi atraído para ser traído por todos. Dói demais, doendo ou não, é não ter contado com clemência.
Tanto quanto a criança, entendo bem de ser traído. Porém, o que o menino ainda saberá é que as traições crescem. Ficam muito mais sórdidas e desnecessárias à medida que se vive. É desumano saber, mas é real.
No fim de tudo, a vacina é um aperitivo. É a simulação de um contexto que se agravará em tempos vindouros. Pobre menino... Só está começando a conhecer as pessoas.
Nesta ou naquela carreira, será bem sucedido quem não for pressionado nem exposto antes da hora. Quem puder trocar de vocação quantas vezes quiser, durante a infância, sem ficar marcado pelos adultos como criança que não tem personalidade.
Harmonia se opera com diversidade. Sintonia é sinfonia. São inúmeros os instrumentos tocando as mesmas canções. Não deixemos que a nossa ideia tirana de concerto acabe desconcertando os outros; a humanidade restante. Tal tirania pode prejudicar, fatalmente, o belo e grande show da vida.
É preciso que a paz, em todo o mundo, venha substituir as pás. Queremos a paz do direito de ir e vir sem medo. Não as pás que sepultam vítimas de balas perdidas. Nem as endereçadas por assaltos; preconceitos; vinganças; overdoses... Violências domésticas ou terrorismo (...).
Sonhamos com paz de espírito e consciência; dizemos não às pás de cal que ratificam mortes inadequadas e precoces. Paz na terra, sobre todos os seres de boa vontade... Sobre os que preparam a terra para matar fomes... Rejeitamos as pás que abrem covas para devolver cadáveres subnutridos.
O Rio de Janeiro, sobretudo, quer ter paz... Fazer as pazes com a paz, o bem estar e a segurança. Romper com as pás da injustiça; da impunidade flagrante; o rapto social que se opera faz tempo, nesta cidade conhecida como maravilhosa.
Que a paz esteja com todos, e as pás, guardadas para dias propícios... Dias finais tão justos quanto aceitáveis, de quem leva consigo a paz da missão cumprida... Não o trauma da vida que foi sustada pela violação do tempo e das leis naturais que a regem.
SALINAS
Moinhos dançam
canções de ofício,
nos alicerces
dos areais.
Varões vermelhos
de sol, de sal,
cumprem seus ritos
originalmente
salariais.
Aos olhos leigos
é tudo idílio;
poesia e mar;
não tem segredo;
paz transversal.
Ninguém escuta
o que se geme,
do sol bem cedo
ao pôr-do-sal.
Acho que ainda descobriremos que nada corresponde obrigatoriamente aos nossos conceitos, e que tudo é uma questão de olhar... Nada nos foi entregue pronto, no que tange o correto. A humanidade sim, construiu seus patamares, e quem chegou primeiro para estabelecer ditou o que ainda pode ser desmanchado em sua essência, visando recompor o mundo moral, quiçá, dito espiritual... Ou ideal.
INSPIRAÇÃO E POETA
Sendo poeta
(um sonhador),
não choro versos
sem conhecer
tristeza e dor...
Também decanto
em riso farto,
se for de parto
bem natural;
só se meu canto
não for postiço...
Para ter carro,
tenha-se casa;
quero ter asas,
mas antes vou
compor meu céu...
Sentir se a poça
é funda ou rasa
dirá, com calma,
se vale a pena
pescar a lua;
lançar minh´alma...
A INSPIRAÇÃO E O POETA
Sendo poeta
(um sonhador),
não choro versos
sem conhecer
tristeza e dor...
Também decanto
em riso farto,
se for de parto
bem natural;
só se meu canto
não for postiço...
Para ter carro,
tenha-se casa;
quero ter asas,
mas antes vou
compor meu céu...
Sentir se a poça
é funda ou rasa
dirá, com calma,
se vale a pena
pescar a lua;
lançar minh´alma...
A INSPIRAÇÃO E O POETA
Sendo poeta
um sonhador),
não choro versos
sem conhecer
tristeza e dor...
Também decanto
em riso farto,
se for de parto
bem natural;
só se meu canto
não for postiço...
Para ter carro,
tenha-se casa;
quero ter asas,
mas antes vou
compor meu céu...
Sentir se a poça
é funda ou rasa
dirá, com calma,
se vale a pena
pescar a lua;
lançar minh´alma...
Caracas! Não sei por que tanta gente se incomoda com o meu humor! Está certo; realmente não Rio de Janeiro a dezembro, mas também não Chicago e ando pra todo o mundo... Nem acho que a vida é uma Boston.
Londres de mim culpar a quem quer que seja por seja lá o que for, mas o que México minha mente ou meu coração não tem que ser o que Tóquio coração nem a mente de quase todos. Aliás, eu já disse Milão de vezes, mas nunca encontrei entre Atlanta gente, quem entenda o que penso e sinto.
Mas vamos Paris com isso, para que nada Viena a ser distorcido. Sou assim, não consigo mudar, e essa verdade é o que me faz dizer: Quem convive comigo, não tente me consertar... Miami ou me deixe em La Paz.