Demétrio Sena - Magé-RJ.
Indivíduos pobres de alma, falhos de cérebro e pequenos de caráter não perdoam quem cresce. Maldizem quem os supera e fazem tudo o que podem para desqualificar o talento; a capacidade; a realização bem sucedida e notória de quem deu a face aos tapas... correu seus riscos de apedrejamento e não se deteve. Não teve preguiça nem temor de se atirar ao desconhecido em razão de um sonho, ainda que simples.
Só há cavalheiros onde existem damas. O respeito masculino atende exclusivamente à lei da exigência feminina.
O invejoso é capaz de qualquer expediente para se livrar de quem o incomoda pelo sucesso pessoal. O que ele não entende (e isto sim, é trágico), é que apesar do muito que possa ter um dia, terá de se conformar com o que é e suportar a si mesmo até o fim de sua vida sem graça.
Só a felicidade justifica o viver a dois, e isto só é possível se houver amor na igual medida em ambos os lados. Quando não é para ser feliz, de nada vale ao ser humano estar com alguém.
Esse tal de "até que a morte nos separe" não se restringe à natureza física da questão afetiva. É mais adequado ao sentimento, propriamente. Seremos fiéis aos nossos pares ou cônjuges na alegria ou na tristeza, na saúde ou na doença, na pobreza ou na fartura, e seremos felizes assim, não exatamente até que um dos dois morra... muito menos ambos.
O amor é de fato perecível... Muitas vezes morre antes que nós. Quando isso acontece, já não vale a pena insistir numa relação que leva o peso e a fedentina de um cadáver... O ex-amor.
TEMPO É DEUS
Creio mesmo é no tempo, nele aposto
como a cura dos males e dilemas,
meus poemas me ajudam na viagem
para o dia em que a vida fará jus...
Não importa se os dias serão poucos
a partir do momento com que sonho,
se vierem com toda a plenitude
que suponho nas minhas esperanças...
Tenho fé, rezo ao tempo, esse meu deus
milagreiro de outrora e do futuro,
luz no escuro de quando estou perdido...
Ponho nele os pedidos e desejos,
como quem deposita numa conta
os valores humanos que lhe restam...
SER HUMANO
É possível ser sincero e cordato;
a franqueza não tem que ser grosseira;
ser honesto não é hipocrisia
nem o riso foi feito pra enganar...
Há quem finja e no entanto é truculento;
muitos mentem olhando em nossos olhos,
têm o pranto gosmento e venenoso;
são ladrões que a si próprios crucificam...
Guarde a raiva e desarme o coração,
creia em Deus ou não creia, mas respeite
a razão de quem seja o seu oposto...
Ame os falsos até que a farsa caia,
deixe a laia curtir o seu melhor
e torná-lo melhor do que já é...
O mau líder tem um profundo apego à conveniência da distribuição de "sins" que o tornem herói, mesmo em horas inoportunas... Ao mesmo tempo, impõe aos assessores ou adjuntos a distribuição dos nãos que o tornariam impopular...
Há uma terrível forma de preconceito, expressa no argumento imbecil de não "fazer média" com negros apenas para provar que não é preconceituoso. Neste caso, a prova do preconceito está justamente na "média", por não ser média quando não é com negros...
DESESCATOLOGIA
Faz tempo, deixei de ser levado pela tua ótica infeliz de um mundo inteiramente mau. Descobri que a vida é bonita e tem mais espinhas na face - o que tem solução - do que propriamente os espinhos atribuídos ao seu todo.
Conhecer um pouco mais a humanidade - ao mesmo tempo me distanciar de seus olhos - fez ver que as pessoas não são más. Existem sim, pessoas más, nem sempre há como identificá-las, porém essas pessoas não são o mundo... Estão nele, mas não são.
Agora chega dos teus muros, lamentações e tua eterna escatologia... Percas toda esperança de me converter pelo assombro... Faz tempo que já não cedo aos teus desencantos.
A única prova de que aprendemos com os nossos erros é a não repetição dos que já cometemos. Os erros estão em nós como sinais de nascença. Isso repete o lugar-comum de que errar é humano, erraremos sempre, mas acertar também é. Estúpido e desumano é repetirmos erros como prova irrefutável de que não aprendemos nada.
MOSCA MORTA
A mosca no chão
não me livrou
das tantas mais,
como pensei...
Cruel conclusão:
Acertei na mosca...
Mas errei.
ÁH, HUMANOS!...
Sofrem antes da mágoa,
choram antes do adeus,
caem antes da queda,
gritam antes do susto...
Fogem antes do medo,
sabem antes que "deus"
o que é mal, mau, pecado,
indecente ou injusto...
Chutam antes da hora,
perdem antes do jogo,
saem antes que acabe,
xingam antes da ira...
Julgam antes da prova,
queimam antes que o fogo,
trancam antes da chave,
prendem antes do tira...
Querem mais do que têm,
veem mais do que é,
mandam mais do que pedem,
fingem mais do que são...
Gastam mais que recebem,
rezam mais que têm fé,
sonham mais do que dormem,
comem mais que a porção...
Fazem menos que devem,
falam mais do que os atos,
ganham mais que merecem
da rotina e da sorte...
Pensam menos que falam,
fedem mais que seus flatos,
nascem depois da vida,
morrem antes da morte...
Tenhamos certeza de que não há shopping, lanchonete, parque temático nem a satisfação de qualquer capricho capaz de cobrir as lacunas e carências abertas pela falta de presença familiar e do convívio doméstico.
... Em nome de um desenvolvimento sadio, com o pleno exercício da afetividade, cada criança precisa sentir desde o berço que o melhor lugar deste mundo é a sua casa. Só depois desse conceito é que o mundo em torno lhe parecerá bonito; amistoso; aconchegante. Um ótimo lugar para se viver.
O MUNDO NÃO QUER MAIS DITADORES
Junto com a queda do regime de Hosni Mubarak estabeleceu-se uma nova realidade no cenário político do Oriente Médio e de certa forma em todo mundo. A exemplo do que ocorreu no Egito, essa onda revolucionária passa pela Líbia e se estende de formas diferenciadas, afetando a mentalidade universal.
No oriente médio, vários países já enfrentam essa revolução. Povos se rebelam, dizendo não ao regime de mão-de-ferro. Evidentemente, os resultados iniciais dessa revolução não são gratos. O desejo de liberdade cobra o preço nada módico de vidas, sacrifícios sociais e custos de vida no planeta. Começamos a sentir os efeitos pela alta do petróleo, que gera alta dos transportes, e esses, a dos alimentos, numa cadeia que distribui crises. É claro que a conta pesa sempre mais no bolso e na vida do cidadão comum, justo esse que já é secularmente a maior vítima dos desmandos de seus países.
O que há de formidável nisso tudo é a certeza de que o mundo não que mais saber dos ditadores. Se ainda existem massas fiéis aos tiranos da atualidade, são aquelas massas fanáticas viciadas em sofrimento. Fatias cada vez menores de um todo que anseia um mundo melhor, na medida em que acordam para o fato de que o tal mundo melhor só é possível com liberdade. Não importa se os governos são paternalistas ou se existe prosperidade material, quando os países e povos têm donos. Quando tudo aquilo de que desfrutam não é seu, e sim, dos poderes constituídos.
Governos ditadores são agiotas ideológicos. “Dão”, e na maioria das vezes de formas precárias, mas cobram, nos momentos cruciais, das maneiras mais duras e aviltantes, os “favores” sob os quais mantêm seus governados. Povos que vivem sob ditaduras podem ter quase tudo, dentro de seus conceitos de tudo, mas nunca têm autonomia; voz; direitos fundamentalmente humanos; de cidadania. Nunca têm paz.
Nós, brasileiros sabemos o que é ditadura, porque já vivemos sob tal regime. E para ser bem realista, devo dizer que ainda vivemos sob o cheiro constante e as ameaças veladas e pontuais da ditadura por nosso orgulho e coragem. Conquistamos a democracia torta e sonsa que hoje nos rege, mas foi uma conquista. Podemos avançar muito. O que não podemos é voltar no tempo, aceitando por exemplo, qualquer tipo de censura sobre os meios de comunicação, especialmente os informativos. Para os casos específicos de abuso, existem leis também específicas.
Com todas as mazelas, sofrimentos e sacrifícios advindos deste sonho, brindemos ao possível mundo inteiramente livre! Ainda vai demorar, sabemos disso, mas os povos estão cada vez mais briosos, informados e seguros do que desejam. E todos desejam a liberdade... Antes mesmo da prosperidade.
São inúmeras as pessoas cujos estômagos roncam mais do que os motores de seus carros ou motos (não quitados) incompatíveis com suas realidades.
Quem fala que ouve com os ouvidos, em revide ao interlocutor irritado com sua desatenção, sequer comete uma redundância. Sua resposta percorre a via da ignorância comum, para desaguar numa incoerência contrastante com a lógica própria dos medíocres. Na verdade, ninguém ouve só com os ouvidos, pois eles são simplesmente as aberturas de um túnel que oferece passagem livre aos vocábulos, rumo ao vento.
Para procedermos a mastigação correta das palavras e a total absorção de sua essência, tornando-as não só escutadas, mas realmente ouvidas, envolveremos bem mais do que a simples audição. Teremos que aprender também a ouvir com a mente, o coração e os olhos... Principalmente os olhos, ainda que nos falte o sentido específico da visão. Isto começa, evidentemente, no respeito que devemos ao outro.
Sabedor de que o medo é nosso instinto maior de sobrevivência, tenho medo é do medo que possam ter de mim.
Fazer sucesso não é ter exatamente fãs... É ter amigos... E ao contrário da ordem QUANTO MAIS SUCESSO, MAIS AMIGOS, o certo é: QUANTO MAIS AMIGOS, MAIS SUCESSO.