Dartagnan da Silva Zanela
Adoro uma boa troça. Não apenas isso. Acredito, sinceramente, que a vida tornar-se-ia uma bosta se o enxovalho e a sátira fossem banidos de nossa vida.
Nessa semana, junto com um pequeno grupo de colegas, estávamos conversando a respeito do dia das mães e sobre os dilemas das famílias nos dias de hoje e, lá pelas tantas, uma colega havia dito que não gostava de assistir homenagens feitas para as mães nessa data porque, era uma e duas, e ela já chorava.
Uns confirmaram o mesmo sentimento e outros se mantiveram silentes sobre o assunto.
Eu, de minha parte, manifestei-me dizendo: eu não choro não. Não tem perigo de correr uma lágrima sequer pelo meu rosto.
Minha amiga olhou firmemente pra mim e perguntou a razão disso e, então, lhe disse: se eu chorar, rapidamente lembrarei de minha mãe me dizendo: “engole esse choro piá!”
Obrigado mãe, por tudo, principalmente por ter-me ensinado a engolir minhas fraquezas, todas elas, para encarar o mundo e a vida de frente.
Os amigos permanecem, pouco importando como está o tempo e a maré. Amigos brigam um com o outro, tretam entre si, dão um tempo até, mas, ao final, se perdoam e se ajudam, porque se amam. Agora, uma coisa é certa: traíras são incapazes de compreender e viver isso porque não sabem amar. E o pior é que as pessoas descobrem essa dura verdade quando já é tarde demais e das piores formas possíveis.
Vejam só: a galerinha limpinha da grande mídia está aprendendo a falar palavrões por causa do Olavo. Mais um pouco, quem sabe, essa gente chique e diplomada aprende a ser sincera e a falar com o coração na mão com o professor Olavo.
Quanto uma pessoa diz que “sempre pensou isso ou aquilo”, tenha certeza de duas coisas: ela não sabe o que diz e muito menos o que está [supostamente] fazendo.
Antigamente, lá pelos idos de minha porca juventude, um jovem apresentava-se como rebelde “esclarecido” e “crítico” por ter lido um livro. Nossa! Ele leu um livro...
Para recuperar a sanidade, nesta época, bastava um pouco de tempo e algumas leituras a mais para que nos flagrássemos de nossa idiotia nada original.
Hoje os tempos são outros. Em outros temos nós estamos.
Atualmente basta que o infante – não tão infante assim - pinte o cabelo, ou faça uma tatuagem, beije na boca e, quem sabe, fume um e integre uma trupe para que se sinta o suprassumo do esclarecimento, da criticidade.
E é cada esclarecimento que, só por Deus.
Enfim, diante deste quadro, francamente, não sei o que poderia ser feito para livrar a pobre alminha agrilhoada neste estado criticamente crítico de alucinação coletivista, aja vista que o indivíduo deve, necessariamente, reconhecer que está carecendo de ajuda o que, infelizmente, não é o caso. Não é o caso mesmo.
Uma reles opinião não poderia – e não deveria – ser o reforço de uma personalidade. Porém, todavia e, entretanto, na sociedade brasileira de nossos dias, onde muitíssimas pessoas tem em seu peito um coração de geleia animado por uma alma de papelão, uma opinião [tosca e furada] é a única coisa que elas têm em mãos para poder dissimular, para si e para todos, que tem algum tutano, tamanha é a desidratação moral, e a anemia espiritual, que tomou conta do ser adoecido de muita gente.
Olavo de Carvalho, com a força de sua personalidade, e com o poder de suas letras, faz o establishment tremer de raiva e chorar escondidinho; quer dizer, nem tão escondidinho assim.
E, assim o é, porque gente de geleia com coração de papelão não suporta um zoinho torto voltado pra sua direção.
Noves fora zero, fico cá com meus alfarrábios a matutar: já pensou se, hoje, tivéssemos figuras de tinteiro ferino do calibre dum Agripino Grieco, Gregório de Matos (o “boca do inferno”), um Padre Vieira, Ramalho Ortigão, Eça de Queiroz, Lima Barreto, Machado de Assis, Nelson Rodrigues, Paulo Francis e tutti quanti. Pensou? Já parou pra pensar nisso? Pois é, seria divertidíssimo.
O establishment, provavelmente, estaria à muito rasgando suas vestes em rede nacional e, os militares, as suas fardas; e isso, amiguinho, seria realmente impagável.
Pois é, sem essa galera toda eles já estão nessa sofrência dantesca. Verdade. Então melhor nem imaginarmos o que eles estariam fazendo se esse time estivesse hoje presente com uma conta no twitter e outra no facebook.
Saber falar é importante; mas, mais importante que isso é saber o que falar. E tem outra: tão importante quanto isso, falar, seria saber calar e, também, ser cônscio sobre o que deveríamos silenciar.
Bem, no fundo, tudo isso, no frigir dos ovos, é uma coisa só; quem não sabe calar, não sabe ouvir e, consequentemente, não tem nada para dizer. Nada que mereça ser ouvido.
Ler não é um entretenimento; é um exercício. Um exercício que se for devidamente praticado pode render bons frutos em nossa alma.
De minha parte, procuro dedicar-me a ela, a tal da leitura. Bem, é isso que faço a respeito e, acredito que, até o momento, tal empreitada vem me rendendo alguns bons frutos.
Quanto àqueles que não praticam esse exercício com um mínimo de regularidade, não tenho nada a dizer e, pra ser franco não estou nem aí.
Aliás, tenho sim algo a dizer: acho cômica essa desgraça porque é, no mínimo, esquisito vermos pessoas falando, com aquele tom de excelsa gravidade, sobre a importância da dita cuja da leitura sem realmente a ela dedicar-se.
Enfim, agora calo-me. É melhor assim. Diante de gente deste naipe o melhor que temos a fazer é calar e ficar, como se diz, apenas observado.
Observado sem rir, se possível for.
É compreensível que queiramos esconder nossos defeitos dos outros; muitas vezes isso é necessário por uma questão de sobrevivência. Agora, o que é inaceitável é que escondamos essas tranqueiras de nós mesmos; fazer isso é atentar contra a integridade da própria alma.
Todo tímido tem uma existência paradoxal. Na sua cuca, todos estão olhando-o, reparando em cada movimento que ele faz; mas, na real, ninguém está nem aí para a sua existência.
No fundo, todos nós vivemos numa pequena província. Seja num vilarejo, numa metrópole ou mesmo no emaranhado de web sites, o lugar onde cada um transita diuturnamente acaba, sempre, se resumindo a meia dúzia de lugares. Lugares esses em que vivemos nossa vida.
Todos nós, com o correr dos anos, acabamos por cometer um punhado de erros e equívocos. Alguns se arrependem e procuram, na medida do possível, corrigi-los. Outros não. Estes preferem preservá-los e incensá-los; por isso uns acabam chamando-os de experiência adquirida e outros de coerência. Equivocadamente coerentes e experimentadamente perdidos.
A alegria do palhaço é ver o circo pegar fogo; a tristeza do Jeca é saber que a lenha vai ser pouca.
Tenho medo da galera do bem e desconfio das pessoas de bem.
Não confio nos primeiros porque sei claramente o que é que essa galerinha chama de “bem” e, infelizmente, coisa boa não é.
Não simpatizo com os segundos porque, também, infelizmente, muitos daqueles que se apresentam como sendo pessoas de boa índole, na maioria das vezes, não passam de canalhas do pior naipe.
Enfim, como dizem os tongos, estamos perdidos no mato sem cachorro. Bem perdidos e, por isso, peço que Deus tenha misericórdia de nós, apesar de não sermos dignos dela.
Não existe nada que seja gratuito nessa vida. Nada. Tudo tem um preço. O que, no fundo, difere alguns gestos de certos atos é que uns são feitos por dinheiro e com interesses escusos mil, e outros são realizados com tudo o que temos, mesmo que seja pouco, por amor.
A idade, conforme avança, pra poder nos entregar a maturidade, acaba por levar de arrasto todas as nossas ilusões juvenis. Graças a Deus. Isso é muito bom. Muito bom mesmo.
Não queira ser foda. Isso é frescura de caboclo de personalidade fraca. Seja gente. Isso sim é que é ser foda.
A velha palavra, gasta, forma
Uma agridoce e bela miragem,
Com os contornos duma poesia,
Para comunica-nos a verdade.
O castelo interior
Que foi edificado
Lentamente
Dia após dia
Com fé e amor
Treme seus alicerces
Quando está diante
Do corpo santíssimo
De Nosso Senhor.
Conte uma piada - politicamente incorreta - para um indivíduo e você descobrirá que tipo de pessoa ele é.