Cleópatra Melo
Me sinto vinho; ao tomarem do meu melhor, embriago sorrisos sem peso, faço sonhar e depois evaporo, perdem-me, esquecem...
Quando penso entre suspiros, minha inveja é maior que meu ciúme; sinto inveja até do lençol que te cobre.
Não sei se o tempo
Me daria o tempo necessário
Ao tempo que necessito
Porém, todo tempo
É tempo de tempo ter.
Salada da colheita plural
Aromas sabores
Natural alquimia
Do misto que desagua
Em multiplos mistérios.
Despudoradamente a alma se entrega
as sensações de mundo novo, vence
o desconforto do desconhecido e
desbrava par sublimando ímpar.
O que me arde o peito
Não me faz chorar
Mas a dor de não poder te tocar
Faz meu coração sangrar
Minhas íris transbordam sem cessar.
A chuva escorrendo na janela, quase toco minha face crendo serem minhas lágrimas a derramarem de saudades.
Ao ter a paz de abrir meu sorriso quando me pergunto o que aquele alguém fez com meu orgulho...concluo que algo já valeu a pena.
Minha pena não tem pena de lambuzar-se de qualquer tinta ao ousar descrever o sentir de todo penar de quem pena sentir.
És quem me permeia o pensamento nos meus intervalos;
porém, chego a crer que esse pensar me é principal ocupação e a vida corre nos intervalos.
Na maioria uma viagem só de ida,
num mundo que me fixa,
um conhecimento que me cria;
livros, viagens necessarias à vida.
Silencio por virtude, evitando a tentação da falácia; entretanto, quando eu penso, escrevo ou respondo...já são eus diferentes contradizendo meu silêncio.
Meu pergaminho mais preciso
É o teu corpo
Minha inspiração
É o teu sentir
O que me seduz
É a tua inteligência.
É preciso esquecer a superficialidade do outro e se entregar à profundidade de si mesmo em todos os sentidos
O copo da vida volta a se encher do vazio a cada fase vencida… estou no final desse processo, onde as palavras já fazem cócegas e a música é o único diálogo plausível… a única coisa que me dói a alma é pensar que posso voltar à matéria novamente.