Clementine
Estarei junto á ti mesmo se tudo parecer turvo. Estarei sempre á tua disposição quando quiseres ouvir algumas de minhas bobeiras ao pé do ouvido. Guardarei um beijo, um carinho, um abraço, um afago pra quando precisares. Mesmo que seja um tanto de longe, te cuidarei. Deixe esse orgulho bobo e esse medo todo pra lá. Vem que tem colo, cafuné e algumas xícaras de café.
Ando sentindo umas coisas que a gente só vê em livros de poesia. Dessas que ora faz bem, ora faz mal. Ora faz os dois. Ora ama, Ora odeia. Essas coisas complicadas do coração, da magia que é a vida. Ando lendo demais sobre sentimentos e em cada verso te identifico.
Sabe o porquê d'eu ler tanto? Porque as palavras me envolvem, então acabo me perdendo ali, tomo outros rumos, conheço outras pessoas, vivo outra história. É mágico, é acolhedor. E as vezes é tão bom fugir da realidade.
Sou meio doce, meio ácida. Algunas dias vejo que sou indefesa já outros me sinto como uma rocha. Preciso sempre de um buraco para eu enfiar a cabeça e lá poder chorar em paz. Sim, eu choro sou humana, sou manhosa. Ando sempre querendo afeto porém digo que não, mas preciso sim de calor humano, mais que corpo-a-corpo quero alma-a-alma. Tenho semblante rústico mas sou uma flôr de laço no cabelo e sapatilhas de ballet. Não gosto de saber de tudo nem tento ser racional. Quero continuar á manter meu cérebro no lugar onde ele sempre fica: meu coração. E essa é a melhor parte de mim.
Teu cheiro amadeirado nas minhas roupas, teus fios de cabelos no meu lençol, teu sorriso estampado no sol, tuas unhas cor de carmim combinando com o tapete da sala. Tuas lembranças me incomodam e mesmo que eu quisesse mudar, seria em vão. De fato, ainda há muito de ti em mim.
Paris, 2012
Para que não perca o costume. Eis-me aqui!
Bem que você podia me procurar, nem que seja para perguntar se hoje eu quero tomar uma xícara de café, ou ir até alguma livraria. Bem que podias aparecer, marcar um encontro para estudarmos um pouco de Aritmética porque sei que tens dificuldade e eu sempre fui a número 1 da classe. Eu não ligaria se você me procurasse pra chorar feridas de um outro amor. Desde estejas perto de mim já está bom. Se eu posso sentir-te perto de mim, tenho a felicidade.
Caminho ao teu encontro mas me parece que não andas mais por ali. A moça da livraria me disse que te viu passando reto e por ali não ficou. O rapaz da cafeteria disse que se encontrou contigo naquele barzinho de esquina que você julgava repudiante. Seu cheiro eu gravei mas hoje não sinto mais nada, talvez meu olfato esteja trapaceando. Foi-se e levou consigo não só cartas e fotos mas sim memórias, do que foi bonito enquanto estava firme, que foi verdadeiro enquanto permanecíamos na mesma estrada, e que hoje só está presente no coração.
Quando o cheiro dos meus cabelos sairem dos teus olfatos, quando não souberes quais são as curvas do meu corpo, quando ouvires minha voz mais distante de ti, quando a primeira carta que lhe escrevi estiver ficando amarela, olhe para as fotos que tiramos no parque central sob as pedras, elas sim são prova de que nos amávamos, vista aquela vermelha que eu sempre adorei e você sempre a vestia para me agradar, ouça "Love Me Tender" na versão do Elvis e vá para um bar. Peça uma dose de Absinto e chore porque perdeu o grande amor da sua vida.
I could die right now, Clem. I'm just... happy. I've never felt that before. I'm just exactly where I want to be.
(Joel)
Ah como não me lembrar daquele dia de primavera. O dia em que nos vimos, você me parecia um tanto quanto apressado, todo desajeitado ao segurar seus livros e seu chapéu, que por um sinal o vento trouxe até meus pés e você veio para buscá-lo, me olhou de baixo para cima, incrível. As flores vermelhas do chão da praça constrastando com a cor da sua pele e combinando com a cor de seu lábios. Eu nem te conhecia mas pensava no quão és magnífico. Lembrei-me do teu olhar por semanas, até que por alguma força nos encontramos, no mesmo lugar, na linda praça de árvores floridas, e desde que isso aconteceu, meus dias não são mais os mesmos.
Poucos são os dias em que não me sinto só. Raros, digamos assim. Quero a sensação de estar viva, de abrir os braços e poder abraçar o que me faz feliz, mas aí vem a seguinte questão: O que me faz feliz? Eu não sei (...)
Olhar no espelho do futuro e ver um velha psicótica, efusiva, acalmada com remédios ou outras drogas. Seus vizinhos ficarão com pena, tão velha, tão só. Há de amedrontar as crianças da rua. Sozinha ela assistirá a vida passar sentada num banco de seu jardim, que vai ser a única coisa que ela há de se importar, suas belas margaridas. Se pegará recordando de sua adolescência e de algumas tentativas fracassadas de ser feliz. No final do dia ela se verá como no começo, só, sem amor, sem rancor.
Nunca parei pra pensar o que significa ao pé da letra o significado da palavra "amor". Mas tenho a impressão que amor é passeio no parque em dia ensolarado, é domingo chuvoso, é chocolate quente na cama, é ouvir o canto dos pássaros, é receber carinho sem pedir, é chegar depois de um dia estressante e se jogar na cama, é observar as estrelas à noite e deslumbrar o brilho imenso da lua, amor é coisa boa.
Sentada na varanda, tento escrever a melhor poesia para afagar teus ouvidos, busco as mais lindas palavras para lhe compor uma canção, procuro pelo tom que melhor se encaixa na minha voz para sussurrá-la no teu ouvido. Isso não é possível, você é acidente e é grave, você é tormento, nunca calmaria. Você se invade em mim e congestiona meus sentimentos. Você viola meus pensamentos mais certos. Você é profano. Do jeito que eu gosto.
Meu primeiro pensamento do dia foi ser feliz, então joguei água fria no corpo e prendi meus cabelos para cima de modo que meu rosto ficasse visível. Coloquei minha melhor roupa e passei do meu melhor perfume. Tirei a noite para dançar, havia ali rapazes belos porém sem nenhum pedigree e também moças deslumbrantes que se davam por tão pouco. A partir desse momento percebi que estava enganando á mim mesma, eu não fazia parte desse grupo irracional. Acabei retrocedendo ao início.
Noites de lua cheia me trazem um pouco de melancolia. Ninguém me ensinou á ficar bem sem seus sinais. Vou enlouquecer por te imaginar nesses quatro cantos do mundo. Vou enlouquecer sem qualquer notícia. Será que anda fumando? Será que ainda toca naquele bar que nos conhecemos? Eu poderia passar por lá como quem só quer afogar as tristezas num copo de Absinto, mas e se você não estiver? Vai doer mais ainda porque pensei que poderias estar lá?
Quando o vejo se aproximando o meu corpo se atraí feito um íma. Ele se enche de paz em mim, ele só transborda coisa boa aqui dentro. E é por isso que eu gosto tanto de ficar do lado dele. Ele me faz ter uma vida singela ao seu lado. Quando perto dele fico num estado variado, meio menina, meio mulher. Não me afastarei do meu bem. De quem me faz tão bem.
Estranho que quando você me falta não há coisa bela, não há poesia nem inspiração e muito menos ritmo. Em noites de insônia não consigo escrever. Quando você se vai meu dia fica cinza, minha cabeça fica com poucos pensamentos -todos pequenos-. Mas o seu voltar ah, esse sim é doce. Danço sozinha, sorrio pras paredes e as palavras saem como se estivessem numa metralhadora. Se escrevi isso é porque você voltou, hoje é dia de festa!
Nem precisa insistir. Não precisa mandar um avião escrever nosso nome no céu, não precisa me acordar a noite com uma serenata, nem escrever uma carta. Basta chamar meu nome com jeitinho e dizer que sente falta, minha saudade clama a tua.