Cláudio Francisco
Bandas do Sertão
Não importa se é noite ou dia,
ela chega e me enche de alegria.
Um faniquito no meu coração,
É tal de Dona Paixão.
Apruma o corpo menino,
ta parecendo badalo de sino.
Eu gosto mesmo é de tambor,
pulsa que nem o amor.
Tiquim daqui, cadim de lá,
To com vontade de viajar.
Sumir la pras bandas do sertão,
Vai eu e o violão, eita trem bão!
Comum
E no nada não vejo ninguém,
Só pegadas do que me convém.
Sentimentos de lugar nenhum,
Sou apenas um ser comum.
Vim ver se dá pra entender,
As razões e o porque.
Da vida girar na contramão,
E parar na próxima estação.
Ibope
Ligo o rádio e a TV,
Ganha ibope quem
me entreter.
Briga de audiência,
eu na solidão.
Murmúrios e gemidos
no frio da estação.
Eixo
Ar cênico.
Ar Cético.
Mar Vivo.
Mar Morto.
Osso Orto.
Nuvem Chão.
Visão contemplação.
Grafia Afia.
Assado Cortado.
Em pedaços se fez,
Em vida se refez.
Fênix, pronta para estrelar,
Nos primeiro raios da aurora.
Voa e vai encantar.
És pássaro, vida que
me ensina a recomeçar.
Eu acredito no meu trabalho.Não sou egoísta, tão pouco orgulho("infelizmente"). Eu acredito no meu trabalho.Cada um, vende o peixe que tem.Cada um, sabe de si!
Equilíbrio
Molusco ocupo.
Profundidade extremidade.
Estou nos Sete M(ares).
De Norte a Sul
Insisto conquisto.
Qualquer território é meu.
Acredito no poder do Eu.
Sou espécie a pulsar,
no escuro a vagar.
Vira presa, quem se atrever,
aos meus encantos ceder.
Contra Nós
Chego até desconfiar,
aos poucos vou me
acostumar.
Com tão grande bem que me faz,
És fonte de paz!
Olhar fito, fixo, tenro de ternura
e paixão.
Manjar que sacia uma nação.
Ai de mim, ai de ti.
Quem será contra nós?
Cala-te boca, não quero um pio
de voz.
Cenas
Eu gosto mesmo é de
abacate com açúcar.
Saborear tal gostosura,
é experimentar um pedaço de céu.
Me impressiono com as abelhas,
zapeando ao redor do mel.
Seriguela desce pela goela,
eu eu, pego da tigela, pro
suco fazer.
Mae grita da janela:
"-Descasca e moe, que eu
coou procê!"
Cenas do interior,
lugar calmo,cheio de
aconchego e calor.
Estrada
Eu vejo um menino,seguindo pela estrada.
No ombro, ele leva o cabo da enxada.
Marcando a pele, sangrando a carne.
Mesmo assim, sigo a viagem,
Tentando entender a triste realidade.
Um menino sendo homem, antes da idade.
Cantam glorias da situação do Brasil e nos ombros das crianças, o cabo da enxada é um esmeril.
Que corta, fere, deixando aparecer, um triste passado no presente permanecer.
Eis que continuo a viagem e nela, ouço alguém clamando por piedade, sem nunca ter dito amém.
No mundo do vem a nós, eu quero apenas a nossa vontade.
Que a paz reine com justiça
e verdade.