Claudinei Dias
Há beleza nas coisas tristes, e tristeza nas coisas belas.
Às vezes as flores, para obtê-las, é preciso morrer por elas...
Assentado sobre o trono, o homem é um rei. Debaixo de um viaduto, um mendigo. No banco de um tribunal, é réu. No banco de um carro é passageiro, com as mãos no volante é motorista. Tudo muda conforme o contexto e a situação.
Nosso senso de humor não serve de parâmetro para sabermos se uma piada é boa. Eu posso morrer de rir dela e contá-la em volta da mesa e todos continuarem sérios...Em troca, nossas lágrimas podem sensibilizar os que têm coração.
Toda mudança nasce de uma decisão. Toda decisão, de alguma insatisfação. Mas se não houver ação, fica somente a insatisfação que gera reclamação, o que é algo que para os que estão próximos é uma chateação...Por isso o melhor é agir mais e falar menos.
Os ricos que fecham a mão para um mendigo são os mesmos que gastam milhões em leilões, exibindo seu dinheiro e extravagância. E são os mesmos que dariam milhões para curar-se de qualquer doença que tivessem...
O espelho reflete a imagem do aspecto físico que temos. Nossas palavras e atos, o que realmente somos.
Ser feliz não deveria ser uma obrigação num lugar onde a tristeza reina...Pelo contrário, o triste é que está em harmonia com o universo, carregando a sua própria dor e compartilhando da dos demais. O paraíso não é aqui.
Ser livre é algo desconcertante. A consciência disso é assustadora. Quem levará a culpa pelos meus erros? Eu não posso incriminar ninguém, se a escolha foi minha...Eu não vejo isso como algo a ser celebrado, como Sartre propõe em seus ensaios, mas uma realidade incômoda e inescapável...
Não há outro que pode ajudar o homem senão Deus. O ser mais frágil de todos necessita do mais Poderoso, aquele que tudo controla e nada o detém...Sem Deus somos órfãos, desamparados e perdidos.
A sabedoria não vem com a idade, o tempo não cura nada e a vida não é uma escola...Se fosse assim, não haveria velhos imaturos, não sentiríamos nossos traumas e nem voltariamos a cometer os mesmos erros...Doces ilusões que consolam mas não são verdade.
Quero morrer em um dia frio, nublado ou chuvoso.Quero que o tempo reflita o que eu carregava em minh' alma.
Não me lembro do meu primeiro choro, e certamente não me lembrarei de meu último suspiro. Tudo o que vivi será nada no vazio da morte e o vazio da morte será tudo...
O homem é o único animal que sonha com a imortalidade...Porque é também o único que sabe que vai morrer.
Sonho com um mundo melhor do que esse e uma vida melhor que essa. Tento ver além da realidade que não me permite sonhar, do contrário não a posso suportar.
Ninguém é inútil, todos têm o seu valor. A agulha pequena tece a linha da roupa elegante que veste o rico senhor.
Quão doce é a solidão para a reflexão e os dilemas da alma! Quão perigosa é a reflexão nascida da solidão e dos dilemas saídos da alma!
Como quem detona uma bomba e se afasta no momento da explosão, geralmente quem ofende o outro não fica por perto para ver o tamanho do estrago que fez.
Quando afirmas algo, dás a certeza do que dizes. Há coisas que não podes saber, por onde se deduz que não deverias afirmá-las ou deverias negá-las. Mas fazer isso todo momento é impossível além de irritante, portanto não erras ao tomares partido...Não dá para ser Sócrates o tempo inteiro.
Vi um casal andando de mãos dadas na calçada. Eles ficaram juntos até que um poste se interpôs entre eles e tiveram que se desgarrar. Me lembrei das palavras do padre na hora: "Até que a morte os separe." No caso deles, foi um poste...
Certa vez uma pessoa me perguntou: "Quem sou eu? Quem é você? Quem somos nós?" Eu não respondi nada, porque não tinha e ainda não tenho a resposta...
Por muitos anos eu fui a favor da pena de morte para crimes graves e hediondos. Hoje, vejo que não é a melhor solução para esses casos e que nem sequer é uma solução. Todos têm o direito de viver, por mais bastardos que sejam, não somos autores da vida e portanto não nos cabe decidir quem vive e quem morre.
Poucos conseguem experimentar o sentimento trágico da vida, e aqueles que o experimentam sofrem. Sentir a transitoriedade das coisas, ver o fim antes de que elas terminem, saber que debaixo de um belo rosto se esconde uma caveira, que cada estrela será uma cruz e cada berço uma lápide. A solidão cósmica, nossa pequenez ante o universo e a incompreensão da realidade...eis o absurdo, e não há nada de belo nele, Camus estava errado.
Tudo morre, tudo se acaba.
Perece o humilde e o que ufano se gaba.
Sempre perto do amor está a dor,
o azar junto da sorte,
a vida inseparável é da morte.
Eu, com o peito assolado de saudade entendo o pregador, que inspirado diz: "Vaidade, é tudo vaidade".
Me sinto muito mais em paz quando estou perto dos animais do que rodeado de pessoas. Sei que eles não me farão nenhum mal, essa certeza me conforta, o mesmo não posso dizer dos da minha espécie...