Claudia Perotti
Do lado de fora
sou mantilha monocromática de crítica...
Mas só aquele que traz olhos de ver
vislumbrará tudo o que floresce “inside me”...
Guardo em mim uma gratidão profunda por meus íntimos que compartilham a existência comigo; por todos os meus amigos que me amparam nos momentos de aflição e sorriem comigo ante os milagres da vida; e em especial, por aqueles que se nomeiam meus inimigos e que assinalam tudo o que preciso transformar em mim...
Sou grata ao Mestre Jesus por saber-me pequenina e mesmo assim me aceita em sua Seara de Misericórdia e Amor.
Sou grata ao Pai Maior pelo dia de hoje, por todos os instantes oportunos de evoluir e por esse ensejo de vida.
E na linha do tempo ficam os que amam e os que odeiam, mas todos, sem exceção, são amados e abençoados por Deus, o nosso Pai Maior...
Cada vez que nos destruímos, alguma coisa de ruim nos abandona...
E cada vez que nos reconstruímos agregamos em nós qualquer coisa de bom...
Assim, nessa inabalável transformação, tornamo-nos pouco a pouco pessoas melhores...
Olhos de tempestades,
Selvagens, felinos
Esperam nas águas plácidas
O momento exato
De explodir ventos e raios
.
.
.
outra vez te revejo tormenta
entranhado nos recônditos do meu cansaço
e nesse tédio fastiento
aguardo naufrágio certo desse amor outrora sonhado
não compreendo esses intervalos indefinidos
que parte a alma minha inquieta em pedaços
deixo ruir então sem esforço algum
os sentimentos agora calados
a noite recolhe as lágrimas rendilhadas
que umedecem os olhos meus desamparados
ofereço-me treva na dor da sombria madrugada
um choro infindo gemente e desesperado
na fronte minha difusa liquida descabelada
sou sombra na escuridão da tua ausência
perco-me toda em lamento, desassossego e angústia
estremeço a turbulência de uma mágoa soluçada
Bebo o cálice da eterna solidão
E caio morta por dentro no pesado frio dos mares de sonho
Destrono-te das vagas espumantes do meu coração
E sigo quieta vazia incompleta
Fiquei imóvel com os olhos rendidos e perdidos em mim mesma.
Aos poucos a água tomou-me o corpo e os braços se abriram.
Tudo, ao meu redor, rodava lento.
Os pensamentos sangravam-me em gotas.
Uma arrastada eternidade tirava-me o foco de todo resto.
Vesti-me de um delírio solitário.
Abracei os meus desatinos.
Abocanhei os sons distorcidos.
Não senti frio, tão pouco o calor.
Uma sensação única devorou-me toda.
Não lutei contra.
Deixei-me levar.
Flutuei.
Apenas flutuei
.
.
.
Pensei que tudo fosse simples. Talvez fosse mesmo. Mas não era bem assim. No fim descobri que o simples era complicado. Com isso inundei-me de lágrimas. Afoguei-me naquilo que pensei que não doeria jamais e doeu. Muito! Agora não sei o que fazer e nem como agir. As minhas mãos estão pairando no ar, assim bobas, sem saber onde e quando se posicionar. Acontece coisa parecida com as minhas expectativas, uma hora estão flutuando por cima da minha cabeça; outra, por baixo dos meus pés; mas algumas vezes, raras, as guardo dentro do coração. E de simples e complicado, afogada ou salva, voando ou aterrissando sigo adiante nesse meu caminho mesmo, porque hoje, só hoje, não há desvios e nem estradas alternativas...