Ciane Lopes
Desde que me lembro, estou a buscar o melhor de mim. Tentando ser melhor.
Mas, ando cansada de nunca ser o bastante e ás vezes, o melhor é parar. Há barulho demais fora, quero silêncio dentro.
Todo ano nos apresenta motivos para sorrir e chorar. Em minha vida, todos os anos passados serão anos que jamais esquecerei. Muitas dores, muitos desafios, muitas provas pessoais e profissionais...anos difíceis e também felizes.
Mas, eis que o calendário nos brinda com o Natal, que renova as nossas esperanças e nos faz enxergar tudo que passamos com aquele olhar iluminado, crendo no propósito de cada dor que passamos, cada pessoa que encontramos e cada momento em que nossa fé deixou de ser a base, para ser tudo que tínhamos.
Na minha bagagem trago dores, perdas, prejuízos, desilusão, solidão, despedidas, arrependimentos. Mas trago também, amizades, família, aprendizados, reforço de valores e princípios, encontros e reencontros, autoconhecimento e FÉ!
Sou uma otimista incorrigível. E desta forma que irei para Um novo ano, crendo no melhor!
Que venha um novo ano, com o espírito de Natal agindo em nós todos os dias!
Que novinho em folha, venha com a bagagem de sorrisos e lágrimas que suportemos carregar! Nem mais, nem menos, apenas o suficiente para nos fazer melhores que ontem.
Existe um lugar, dentro de cada um, feito de deserto e por certo, todos voltamos, sempre que a vida endurece.
Neste lugar a desilusão faz vigília e a desesperança é a companheira indesejada.
Nele, os sonhos são inalcançáveis e a tristeza é a visita inesperada e constante. Os pensamentos são ervas daninhas que quanto mais deixamos, mais acometem nosso plantio... é cômodo deixar-se acompanhado pela dor. Aos poucos, pode-se acostumar com a presença dela.
Quanto a mim, não me acostumei a estar neste lugar, mas não tenho medo de revisita-lo, mesmo que seja para ter a certeza que não é ali o meu lugar. E sim, eu posso escolher onde quero ficar.
O SOL DO MEIO DIA NÃO TEM SOMBRA
Entre meu self e minha sombra resido.
Me encontro e me reconheço.
Me perdoo e perdoo o outro.
Entre meu self e minha sombra sigo sabendo, que ainda tenho muito a caminhar e eu só quero o sol do meio dia!
Há quem goste do inverno e há quem goste do verão, outono ou primavera. Eu gosto mesmo é de ver as estações mudarem. A natureza como a vida, se equilibra na mudança... no transitar. E como é bom saber que as coisas mudam. Que depois de um inverno rigoroso novas flores surgem e a raiz fica mais forte. Há beleza na passagem... no ciclo que se fecha e permite que outro surja. É pela benção da efemeridade que podemos ver a beleza em todas as estações que, ora nos permitem sorrir, ora aprender e eu comprei o bilhete da vida pra experimentar as várias "estações".
Hoje eu prefiro: VALSA!
Há vantagens no transporte público. Ler um livro, ouvir histórias interessantes de desconhecidos que por alguns minutos pensam que você é um terapeuta ou um guru capaz de dar respostas prontas aos seus dilemas... e a mais valiosa na minha opinião: observar! Hoje, o que me comoveu foram os passos acelerados. A urgência em chegar! O som aos meus olhos era foxtrot mas a melodia do meu peito era bem outra. Hoje prefiro uma valsa. Minha única urgência é ser mais gentil com o meu próprio passo.
Enquanto a chuva caía, eu, dentro do meu capacete, contemplava o show de luzes enfeitando a pista pelos faróis. Senti-me dentro de uma concha ouvindo minha respiração e resolvi cantar... "não temas, segue adiante e não olhes para traz, segura na mão de Deus e vai"... E assim eu fui. Ouvindo meu coração. Cantando uma canção entre mim e Deus.
Em um dos momentos mais difíceis da minha vida, no qual tive de deixar para traz uma empresa que fora um sonho, um amigo me disse: você sabe como é a vida do caranguejo ermitão? Ele prosseguiu explicando que este tipo de crustáceo não possui carapaça e se abriga em conchas abandonadas por algum molusco, por isso, ao crescer, precisa por diversas vezes abandonar sua proteção e procurar outro abrigo que se adeque ao seu novo tamanho. E é exatamente assim que a vida é. Nos momentos difíceis, é preciso saber que a casa não serve mais, que é preciso abandona-la. Sair para procurar um novo lar é arriscado, o corpo frágil, desprotegido e suscetível aos predadores dá medo. Normal. Mas é neste momento também que se pode descobrir muitas outras formas de ser melhor que antes... Descobrir a coragem, a força... a Fé! A vida é assim. Para crescer é preciso também, mudar de casa!