Che Guevara
Deixe-me dizer-lhe, correndo o risco de parecer ridículo, que o verdadeiro revolucionário é guiado por grandes sentimentos de amor.
Não nego a necessidade objetiva do estímulo material, mas sou contrário a utilizá-lo como alavanca impulsora fundamental. Porque então ela termina por impor sua própria força às relações entre os homens.
Que importa onde a morte nos irá surpreender! Que ela seja benvinda, desde que nosso grito de guerra seja ouvido, que uma outra mão se estenda para empunhar nossas armas e que outros homens se levantem para entoar cantos fúnebres em meio ao crepitar das metralhadoras e novos gritos de guerra e de vitória!
A verdadeira capacidade de um revolucionário se mede por sua habilidade de encontrar táticas revolucionárias adequadas para cada mudança de situação.
O esqueleto de nossa liberdade plena está pronto. Não lhe falta mais que a substância e as vestes, nós os criaremos.
A argila fundamental de nossa obra é a juventude. Nela depositamos todas as nossas esperanças e a preparamos para receber a bandeira de nossas mãos.
Vou falar, correndo o risco de parecer ridículo que o verdadeiro revolucionário é guiado por fortes sentimentos de amor, é impossível pensar num revolucionário autêntico sem esta característica.
Fuzilamentos? Sim, fuzilamos e continuaremos fuzilando sempre que necessário. Nossa luta é uma luta [dedicada] à morte.
Mas vocês, estudantes de todo o mundo, jamais se esqueçam de que por
trás de cada técnica há alguém que a empunha e que esse alguém é uma
sociedade e que se está a favor ou contra essa sociedade. E que mesmo
quando não se fala de política em nenhum lugar, o homem político não
pode renunciar a essa situação imanente à sua condição de ser humano.
E que a técnica é uma arma e que quem sinta que o mundo não é tão
perfeito quanto deveria ser deve lutar para que a arma da técnica seja posta a serviço da sociedade, e antes, por isso, resgatar a sociedade, para que toda técnica sirva à maior quantidade possível de seres humanos, e para que possamos construir a sociedade do futuro - qualquer que seja seu nome [...].
Queremos construir o socialismo. Nos declaramos partidários dos que lutam pela paz. Nos declaramos dentro do grupo de países não alinhados, apesar de sermos Marxistas Leninistas, porque os não alinhados, como nós, lutam contra o imperialismo.
Queremos paz. Esta nova disposição de um continente de América está afirmada e resumida no grito que dia a dia nossas massas proclamam como expressão irrefutável da sua decisão de lutar, paralisando a mão armada do invasor. Grito que conta com a compreensão e o apoio de todos os povos do mundo, especialmente do campo socialista liderado pela União Soviética. Esse grito é: pátria ou morte!
O nome de Cuba soa também pelos campos de outros países do mundo que lutam pela sua liberdade, significando sempre o mesmo: a imagem do que se pode conseguir com a luta revolucionária. A esperança de um mundo melhor, a imagem pela qual vale a pena arriscar a vida e sacrificar-se até a morte nos campos de batalha de todos os continentes do mundo. E não só nos países da América mas em todos os países do mundo em que se desenvolva a luta revolucionária.
Eles tentaram massacrar a Argélia mas a Argélia é livre. Hoje tentaram liquidar o povo do Vietnã, mas o povo do Vietnã é mais forte que eles. O povo do Vietnã continua, dia a dia, conseguindo novas vitórias sobre o imperialismo, cobrando também o sangue de seus soldados, a imensa quantidade de vítimas que o imperialismo faz entre o povo do sul do Vietnã. E a luta continua e continuará até à vitória.
É preciso lutar todos os dias para que esse amor à humanidade viva se transforme em fatos concretos, em atos que sirvam de exemplo de mobilização.
“Queridos filhos, cresçam como bons revolucionários. Lembrem-se que cada um de nós, sozinho, não vale nada. Sobretudo, sejam sempre capazes de sentir profundamente qualquer injustiça cometida contra qualquer pessoa, em qualquer parte do mundo. Esta é a qualidade mais linda de um revolucionário”.
(Última carta de Che Guevara para seus filhos e filhas)