Cezar Rodrigues
Simples assim
O sol não veio.
Amanheceu nublado.
Se tem ou não tem planos o tempo não liga.
Cadê aquela brisa, sabe daquelas que parece levar as nuvens embora.
Tocando em mim
Mas é assim
O tempo muda de vez em quando
A mim?
Sei lá, correr na chuva, esperar passar...
Importante é saber que até as tempestades fazem parte.
Aqui.
Sempre
Ah se o mundo todo me pudesse ouvir
Ouvir que aprendi de mim
Na busca de si mesmo
No ouvir de si mesmo
Conhecer a si
Saber os porquês de si
O si de si mesmo
Achar-se
E depois do longo caminho
Que sabe que não chegou
Calar se
e ver que fala de nada adianta
para saber de si mesmo
Geração vai geração vem
Escreveu o poeta
Uns se dedicam ao tempo
Outros ao espaço
Outros as pessoas
Mas e aquele dia
Que so os olhos falam
As mão não respondem
As palavras não existem mais
A vida teima em ficar
Mesmo você não querendo
Quando seus medos aparecem
Suas lembranças são mais tristes que felizes
Seu coração é amargura
O que seus olhos buscaram
O que sua mão tocara
A vida é infinita
Mas não a nossa
Geração vai geração vem
E o que dizer de cada dia
De cada sim
De cada não
De cada passo
De cada toque
Pensar sobre ontem é inútil
E sobre amanhã?
Ele vira?
Geração vai geração vem
E aterra permanece para o sempre
Que nesses dias de temor
De frio
De solidão
De dor
De amores
Minha mente me refresque com os bons dias
São dois caminhos?
São duas pessoas?
É um caminho com duas pessoas?
É uma pessoa em dois?
São dois?
É um?
Perguntas inquietantes?
Para mim...
São dois caminhos
Com duas pessoas
Cada qual em seu
Que se entrecortam
Se entrelaçam
Se abraçam
Mesmo que o caminho se funda
Se divida
Se encontre
Os caminhos se acham
Se separam
Se cruzam
Se acham
Que tal ser sozinhos
Mas nunca solitários
Mas nunca só
Ser sozinhos juntos
Cada com sua solidão
Sentado lado a lado
E do nada
Você viu aquilo
Ela vai ela
Mostrando que a solidão junto
É uma vida compartilhada
Sem egoísmo
Sem ansiedade
Juntos
Sozinhos juntos
Justos e nunca sozinhos
Solitariamente apaixonado
Um pelo outro
Eu já fui sozinho
Já voltei também
Quando estava lá
Sozinho ficava
Quando estou aqui
Sozinho fico
Sozinho
Som estranho
Parece um carinho
Meu cachorrinho
Meu amorzinho
Falar de mansinho
Um sol pequenininho
Mas voltando sozinho
Daquele lugar que nem sei onde fica
Achei que sozinho estava bom
E lá fiquei
Mesmo aqui
Mesmo acola
De lá não saio
Esqueci o caminho
Acho que não ser tem sido
É
Será
Será?
Não ser é mais fácil
Mas não é
Não ser e negar-se
Mas ser é o que
Ser o que?
Ser eu
Ser tudo
Tudo que eu sou
Fui
Era
Ser ou não ser
Eis a questão
São duzentas
Trezentas
Quem está contando
Quem liga
São milhares
Dezenas de milhares
São palavras
São dias
São sonhos
Esquecidos?
Envergonhados?
Passas
Presente
Futuro?
Dias, horas e vida
Promessas
Segredos
Cada coisa em seu lugar
Cada lugar uma coisa
Uma coisa estranha
Uma calar
Um gritar
Um escuro
O que é a perfeição?
Ela existe?
Perfeito?
Acho que sim
Mas em casa coisa
Pessoa
Ato
Um sorriso perfeito
Pois ele ilumina
Traz felicidade
Um gesto, na hora certa
Um carinho, um abraço
Um toque na mão
Uma pessoa perfeita?
Não
Mas uma pessoa que
Em toda sua imperfeição
Luta contra ela
Uma batalha perdida
O conceito de perfeição
Ultrapassa o eu, o você, o nós
Um imperfeito pode ter dias
Em que toda sua imperfeição
Aparece
Mas isso na piora a imperfeição
Aos que dele esperam a perfeição
Que a ninguém pertence
Não olho para trás
Quase nunca
Não tenho medo
Não tenho sonhos
Não tenho
Tenho Eu
Tenho passado
Dele tenho feridas
Cicatrizes
Tenho que ser
Pois sendo eu sou
Olhar o que não é
E olhar o que não foi
Ser hoje o que se pode ser
Para ser enquanto se dá