Cecília Lemos
Decisão
Decidi por mim, manter-me ligada a ti.
Discreta manifestação esta, da escolha do nós.
Decisão, compromisso, carinho
Seguem amansando o cantado do coração.
Maturidade tranquila de um mesmo pensamento:
“Apenas me cabe a decisão”.
Plantando, regando, aprendendo
Seguem os dias da nossa união.
Dormindo na quarentena
Letárgicos, sonâmbulos,
Sem direitos, sem manto,
Sem atitude.
Inertes, decepcionados,
Sem liberdade, sem tempo,
Censurados.
Estagnados, confusos,
Sem forças, sem esperança,
Só nostálgicos.
Acordei, acordarmos, acordastes?
Demorou.
O mundo mudou, os direitos sumiram.
Mudo, machucado,
O povo acordou. O rebanho se espalhou,
Mas o tempo passou.
Tudo parou!
A nova censura censurou.
Sem atitude, sem expressão,
Só saudosismo.
Demorou.
A censura censurou.
( Agradecimentos a Eliane Miotto - a origem da ideia)
O acaso programado procura um “time” diferenciado
Onde o tempo pára pra descermos dessa vida alucinante
E transformar toda possibilidade em um instante.
E o cosmos segue definindo sua presença marcante
Urgente e precisa, forte e viciante.
Fazendo de você o melhordessa vida errante.
Quantas vezes um sonho pode te trair?
Por quanto tempo vale procurá-lo?
A porta de pronto se abre e choca todo os átomos!
Verdades, mentiras, fantasias, nada mais é claro.
A dúvida é a grande certeza do caminhar ao regalo.
O medo é a ponte que permite o gozo de um triunfo sem igual já deixado no tempo de outro carnaval.
Onde mora todo o sentido?
Por quantas vezes devemos procurá-lo?
Fugas, sonhos, delírio, nada mais é claro.
A dúvida é a grande certeza do caminhar ao regalo.
O desejo é o caminho que alimenta o tempo doutro carnaval.
A cada primavera, uma maturidade, uma sabedoria, uma leveza diferente... Deus salve o tempo, a essência e o amor!
Eternidade
Um momento bom é eternidade
Eternidade que passa rápido
Eternidade que preenche tudo
Eternidade que restaura a vida.
Tempo com valor é raridade
Raridade de valor inestimável
Raridade essencial transformadora
Raridade que enaltece a alma.
Um sonho com amor é felicidade
Felicidade que transparece fácil
Felicidade em cada parte
Felicidade no corpo todo.
Um momento, num tempo, que traduz um sonho.
Eternidade rara que constrói felicidade eterna.
Desespero
Quando se vir sem ação, questione se não está enxergando sob uma única ótica. Limitar-se a um raciocínio nos destrói.
Sou passagem
Não se limite
Curta sua viagem!
Não pare aqui
Construa sua estrada
Conheça as alternativas
Explore cada uma!
Sou só um ponto da viagem
Outros muitos virão
Olhe ao redor!
A história se faz dia a dia
Conhecer-se é a essencial
Concretização do ser
Recriando-se em cada parada...
O tempo ...
Ah, o tempo!
Este fio que separa os espaços,
Segue na linha irreal do relógio.
Ensina, molda, testa e surpreende.
Tempo, realidades e percepções.
Todos alterados.
Egos egoistas, consciências vazias, conclusões.
Todas erradas.
Vem o tempo corrigindo, mostrando realidades, trazendo percepções, nos levando à essência.
À essência abandonada pela pouca consciência do tempo, do espaço, do real, do universal e da unidade.
Namastê!
“Giramundo”
Gira solto
Gira leve
Gira rápido.
Gira e me traz de volta aqui.
E aqui é o meu lugar?
Ou sempre estive aqui?
Gira e me tira de mim.
Em mim é o meu lugar.
Sempre mudando e girando com o mundo.
“Giramundo” gira.
Assusta. Interpela. Traz de volta e joga pra frente.
Gira em espiral
Tudo fora do normal.
Gira e me deixa tonta.
Pra lá ou pra cá.
Pra lá e pra cá.
Já não sei mais onde me vejo,
Não sei mais onde é o certo.
Mas sigo grata sabendo que o certo é estar em mim
Voltar pra mim.
Internalizada
Que eu esteja dentro!
Só dentro posso eternizar.
Só dentro posso deixar o melhor de mim.
Que eu esteja dentro!
Em cada lembrança sua,
Em cada boa história pra contar,
Em cada memória leve de se guardar.
Que eu esteja dentro!
Internalizada!
Eternizada!
Sintetizada!
Que eu esteja dentro em harmonia, paz, amor e muitas boas lembranças!
Subjetiva-mente
Quero sair da minha mente
Pensar menos
Sentir mais.
Quero sair desse lugar
Observar mais
Nomear menos.
Quero deixar de lado o racional
Ver além do que há
Estar aquém da perfeição.
…Só por alguns repetidos instantes…
Ciclos
Histórias diferentes
Encontros inesperados
Fatos inimagináveis.
Tempo que passa
E e se registra de tempos em tempos
Com marcas visíveis.
Encontros e desencontros
Meses e anos
Alegrias e decisões.
Vida que permite sonhos
E trabalha por caminhos desconhecidos
Memórias sem fim
De um amor insubstituível.
O tempo, este amontoador de peças, segue agitado criando, reconstruindo, remendando e ensinando.
O que fazer com esse eterno mestre companheiro confuso?
Seria ele o montador dos quebra-cabeças ou o criador deles? Não sei. Sei que com o tempo, aprendo a respeitar mais e mais o tempo; sem contar com o resultado de sua fluidez e mais com a beleza do seus movimentos, com a doçura da sua trajetória e as nuances que ele nos exibe durante o tempo que ele nos permite aproveitar do tempo de estar aqui.
Na sua singularidade, ele provoca dúvidas, mas só ele pode mostrar as melhores e mais verdadeiras respostas. Só ele pode provar que não precisamos de provas pra saber que estamos vivendo. Só, e somente ele, pode acalentar e fazer entender, no tempo que melhor ele o quiser, o quanto o que mais vale é a própria caminhada.
Sempre chega o dia da despedida.
Seja como for, ela vem.
Discreta ou rapidamente,
Suave ou radicalmente,
Ele chega.
Despedidas são pérolas para novas jóias de nossa vida.
Dia estranho de se passar, mas divisor de águas e facilitador de trilhos.
Jazz ou rock, lágrimas ou risos, não importa.
O que importa é extrair o máximo e seguir sem olhar para trás.
Cante, dance, viva cada início e cada despedida.
Passa o tempo e a vida passa cada vez mais rápido.
Passa a vida e o ideal se perde cada vez mais frívolo.
Mas tudo passa e manhã talvez já não tenha o mesmo valor.
Cuidado é bom, pois todo o tempo, principalmente quando esse passa encerrando a vida de modo frívolo, pode trazer um amanhã com outro valor.
Na vasta possibilidade de escolha,
luz e escuridão.
Na caminhada sinuosa,
tropeços e perdão.
Dentro de cada um,
dúvidas e desejos.
Todos sustentando nossa ingratidão.
Só você pode destruir sua vida.
A escolha é clara; a decisão, inevitável.
O medo é o promotor do erro, mas a consciência, a chave para a solução.
Ou você olha além; ou nunca perceberá a diferença, o momento, o gatilho.
Permita-se! Questione-se! Comprometa-se! Assuma a responsabilidade dos seus passos e tome a melhor decisão.
Acima das nuvens
Distante do concreto, vê-se melhor;
Lá não há dúvidas.
Diante do infinito, apequena-se;
Ali fica claro.
Próximo de você, todas as chances;
Ai nada me impede.
Movimento, observação e liberdade, necessidades do meu eu;
pois acima das nuvens não há nuvens.
“ Quando o amor vira nó, já deixou de ser laço.” (Maria Beatriz)
Amor de laço, de abraço, de carinho e de espaço.
Agradeço todo tipo diferente, sem vontade, sem calor, sem inteligência e sem limite.
Amor que acrescenta, ensina, anima; longe do que vem para substituir, exigir, extinguir.
Sim, perco meu coração ao amanhecer e o procuro com amor próprio todo dia. Não quero que me traga sua verdade única para um amor egocêntrico que me roubaria.
Só aceito o que é leve e honesto, puro e sincero. Fora isso, agradeço!
Sigo amando, me amando, te amando.
A arte de viver
Antes de ouvir, torne-se surdo;
Antes da verdade, busque sabedoria;
Antes de entender, integre-se ao caminho;
Antes de compreender, ouça o não dito;
Antes de concluir; observe.
Antes de tudo, entenda a Unidade.
Entre duas mentiras
O trágico estimulado para sua desconstrução, te convida à angústia e à depressão.
Plano traçado, verdadeira manipulação. Ou seria delírio, teoria da conspiração?
Gera consumo, prêmio, consolação. Só um mundo falso de alienação, mas você nem tem a percepção.
Outra mentira, colega daquela, que junto controla nossa compreensão é a fantasia. Esta idealizada para seu entorpecimento, te ilude à solidão. Alimenta sua desesperança e mina sua determinação .
No entanto, são apenas duas mentiras nas quais cabem revisão.