Carolina Marinho

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Carta da minha alma pra mim

Ei...
Por que você está fugindo?
Por que está me oprimindo?
Por que está me escondendo embaixo da cama enquanto eu me sufoco?

Sou eu — tua alma.
Essa que você arrasta em silêncio, enquanto lamenta a própria existência.
Eu sei, você nunca pôde chorar. Não sem um motivo que parecesse justo.
"Engole o choro, ou vou te dar motivo pra chorar."
Aprendeu a sorrir e agradecer por aquilo que não pediu — e nem precisava.
Mas eu ainda estou aqui, esperando que você escute os meus sussurros:
"Por que você me despreza, quando eu sou a única que pode te salvar?"

Você me prende no peito e espera que eu não quebre.

Quantas vezes você sentiu o mar te submergir?
Quantas noites teu coração se afogou em desesperanças,
com as preces presas nos lábios mortos,
calados pela dor e pelo medo?

Você se pergunta:
"Onde está meu Deus?"
E eu te respondo:
No teu suspiro.
No teu cansaço.
No instante em que você continua mesmo sem força alguma.
No lugar onde você quase desiste, mas decide continuar.

Eu sei que você quer mostrar ao mundo a tua luz...
Mas por que castigar tanto a tua sombra?

Você não é fraca por chorar.
Não é ingrata por se irar.
Deus ainda habita em você, mesmo com a dor.
Você é inteira.
Você é verdade.
Você é carne que sente, alma que sangra, espírito que clama.

Deixa eu ser abismo, às vezes.
Deixa eu chorar na tua voz sem que você me censure.
Porque quando você me nega,
você se perde.

Você me quer leve, perfumada, em paz.
Mas… e quando chover?
E quando escurecer?
Vai me trancar até eu gritar?
Ou vai me ouvir, me acolher,
me carregar no colo até passar?

Te escrevo porque você anda esquecendo de mim.
Anda me sufocando em promessas que não consegue cumprir.
Anda se cobrando uma paz que ninguém tem o tempo todo.
E eu?
Eu só queria que você me deixasse existir do jeito que eu sou:
inconstante, delicada, furiosa, fiel.
Te amo, mesmo quando você me despreza.

Eu só queria que você soubesse disso.

Com amor,
sua alma.

Inserida por madcarolina

⁠Essa sou eu na luz...
Fascinada pela natureza, pelo poder que emana dela pra gente e vice-versa.
Me encanto com a lua desde menina.
Aprendi a amar o que é bruto, a respeitar o que é selvagem.
Se eu pudesse, viveria em contemplação eterna, com respeito e gratidão por tudo que existe.
Mas eu não sou feita só disso.
Eu não sou só luz.
Eu sou sombra também. E essa parte, ninguém quer ver.

Eu sei — talvez eu devesse me desculpar,
mas eu não sinto que deveria.

Porque essa sombra que me rasga, além de me rasgar me formou
Ela vem dos lugares onde eu gritei sozinha e ninguém respondeu.
Vem do que eu precisei calar pra continuar.
Vem das vezes em que eu tive que engolir o mundo pra não me engolir.

Me perdoa... se possível for.
Se eu fui dura, se eu fui ausência, se eu fui tempestade.
Mas entenda: às vezes é o que me resta, às vezes isso é tudo que eu tenho para entregar.
Às vezes, dói, e eu não sei onde enfiar essa dor.
Às vezes, eu quero ficar, mas eu não sinto que posso, nem que devo.

E não, eu não sou frágil. Já teria me quebrado em mil pedaços se o fosse
Eu Sou intensa.
Sou um vulcão contido, um maremoto disfarçado.
Sou um coração que nunca bate baixo, sempre alto e forte.
A minha dor transborda.
E quando transborda, corta.

Não é justo.
Eu sei.
Mas é real.
É humano.
É meu.

Eu sou essa mulher que floresce, mas também arranca as próprias raízes quando precisa recomeçar.
Eu sou amor — mesmo quando pareço raiva.
Eu sou cuidado — mesmo quando me afasto.
Eu sou presença — mesmo quando vago por dentro.

Essa sou eu.
E talvez seja o máximo que eu consiga ser agora.

Inserida por madcarolina