velho jornal levado pelo vento prevê temporal
sonho colorido o sol dança com a lua você comigo
terreno baldio lixo revirado gato vadio
no despenhadeiro a sombra da pedra cai primeiro
sossego acaba - chegou a pamonha de Piracicaba
o vento afaga o cabelo das velas que apaga
estrela do mar abraça a areia para a beijar
ave calada - ninho em silêncio na madrugada
pinta no nariz - era uma pulga que fugiu por um triz
travesso gato com saudade do dono mija no sapato
Saci Pererê fuma seu cachimbo à sombra do ipê
jornal aberto, café, leite e sangue: guerra de perto
mulher-fera usa unhas como se fosse pantera
serra nevada, cumes tocam o céu - nuvem furada
com alicate abre o maluco um abacate
folhas no quintal dançam ao vento com as roupas do varal
rochedo no mar barco afundado olhos a chorar
nuvem parada beijada pela brisa fica molhada
musa sereia - marinheiro bêbado ouve baleia
gota de chuva escorre na parreira pára na uva
que flor é esta, que perfuma assim toda a floresta?
gente sem terra, corrupção, desemprego: mundo em guerra
beijo roubado é o butim do ladrão apaixonado
abelha na flor a brisa nas árvores eu com teu sabor
micro na teia navega na internet grão de areia
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