Carlos Araujo Carujo
O homem, ao conceber Deus em seu intelecto, faz deste um ente ontologicamente semelhante a si mesmo.
Sendo o homem semelhante a Deus, logo todo indivíduo é seu próprio Mestre, imanente em sua própria Lei. Dispensados estão os “procuradores” da Divindade por fraude ao crente, estelionato espiritual e falsidade teológica.
A civilização parece se erigir sobre a renúncia dos instintos e sobre a coerção. Porque a potência dos instintos não deve se transformar em ato.
No modelo de civilização a felicidade só existe pela coação dos desejos e pelo sofrimento, o que nem sempre é absorvido, mas que invariavelmente resulta em culpa e desta necessidade de autopunição vivem as religiões.
No caso do ideal cristão, o homem é escravizado pela “culpa original” e no processo de conversão se estabelece uma falsa interpretação do mundo que dá privilégio ao sofrimento sabotando a vida saudável.
O mecanismo psicológico inconsciente da punição é a projeção do delinquente como bode expiatório. A extrojeção da agressividade e do sentimento de culpa sobre o delinquente é feita através da imagem da expiação carregada pelos sentimentos de culpa da comunidade.