Carlos Araujo Carujo
A escola transformou-se em campo de batalha. Descaracterizou-se a função sublime de educar em vista das crescentes falhas no controle ético em sala de aula, sendo esta autoridade cada vez menos praticável junto a uma juventude em franca rebelião.
A indústria farmacêutica prospera no lançamento de drogas cada vez mais potentes sendo estas, numa inversão macabra, a desencadeadora de doenças avassaladoras (iatrogenias), mortais, cuja disseminação se dá no próprio âmbito hospitalar.
O homem de hoje não suporta a visão da História. História, para quê? Para lançar no rosto as anormalidades, a perspectiva do fracasso, da alienação crescente?!
Diante de todos os males o homem encontra, na Teomania, uma suposta saída. Mas trata-se de um desejo, apenas, embora maléfico e invejoso, de adquirir o poder divino.
A meta suprema dos sacerdotes é manter os templos repletos e a tática para isto é alimentar a credulidade exacerbada. Associada a rebanho, a multidão age como manada. Dividida em “células”, estas comportam-se como magote de éguas e burras que acompanham um garanhão.
A História nos oferece a visão de que a mediunidade foi descrita, quase que invariavelmente, como um sinal de morbidez psicopatológica.
Quem não se entrega à prisão domiciliar, acaba por se envolver em uma verdadeira guerra civil, resultado da desigualdade social.
Conheço pessoas que estudaram só o básico, outras que estão na fase média e tantas outras de nível superior. Observo que a ignorância está na razão direta do número de anos de estudo.
A escola é uma espécie de máquina de “desaprendizagem” de coisas que se compreendem, mesmo sem ela, como pensar e falar.
Sacerdotes, especialmente teólogos, repelem o livre-pensador, porque este está próximo de ser ateu – "pessoa desagradável" aos olhos de Deus.
Este deus sequioso de seguidores, entronizado nas religiões milagreiras, comercializado em templos de mármore ricamente ornados, do qual se dizem “procuradores” os agentes indutores da manipulação psicológica sobre os "sujets" em estado de necessidade, não apenas deve ser descrido como combatido.
Ao suprimir a personalidade (persona), que é a via de expressão objetiva da alma, o ser humano passa a agir como autômato – por impulsos instintivos.
Vamos tomar a alma humana no sentido primordial, em sua acepção unívoca de alma coletiva. A personalidade é a alma individualizada.
Durante o processo de alienação ocorre o momento de reificação, isto é, uma ilusão se torna realidade objetiva. Não caia nesta armadilha!
O excessivo emprego de sutilezas, por parte de educadores, dos pregadores e apologistas religiosos, é sempre uma força de argumentação pejorativa. Mas as torpezas são ditas em alto e bom som, como se construíssem uma alegoria espiritual na desaprovação aos costumes das comunidades, às tradições étnicas, ao pensamento livre e dando significação desagradável as pessoas que não pertencem às suas fileiras. Os processos gerados daí, por oposições, não se resolvem em unidades lógicas, mas em conceitos absolutos de tirania. Em todo monólogo prevalece o ilógico.
A tutorização religiosa, ou educacional, quando as regras místicas ou pedagógicas submetem as pessoas aos seus domínios, são antinaturais.
O homem não pode dispor de duas liberdades (libertate) – uma individual e outra coletiva, aquela primeira e esta última. O homem natural desfruta da liberdade do começo ao fim, dispõe dela desde o advento da consciência corporal até o seu ocaso. E como a manifestação desse tipo de consciência depende de fatores neurofisiológicos, atividades químicas e elétricas dos neurônios, com a morte física este élan se desfaz na decomposição. Portanto, não se pode alcançar o homem, em sua individualidade, depois da morte, porque lá este não mais existe.
O livre-arbítrio é uma ilusão e parte da falsa premissa de que o homem teria uma liberdade apenas relativa. Esta liberdade seria acidental e se fosse assim encarada, já não seria liberdade, mas escravização aos componentes desta relatividade: a época, o lugar, o grupo social e os indivíduos.
Deus não poderia, por sua vez, reger a liberdade do homem, ou estendendo ou limitando. Simplesmente porque o homem é da mesma natureza de Deus, quer como criatura ou como criador.
Ilógico é dizer que Deus é diferente de suas criaturas – Ele não poderia criar algo que não fosse semelhante a Si mesmo.