Camila Heloíse
Quando nos afastamos fisicamente de alguém, deveria ser natural que qualquer lembrança ou pensamento relacionado à pessoa, também se afastasse.
Devia existir uma forma de sair de perto da gente mesmo. Pra poder respirar, refletir e pensar o que vamos fazer de nós.
O segredo é chorar baixinho para não espantar as borboletas e rir alto para afastar as abelhas.
-- Camila Heloise
Hoje, admire o céu sobre sua cabeça. Agradeça sua vida e não lamente bobagens. Você está vivo! Este é o maior milagre.
Amar é o ridículo que não envergonha. É estar sem contar as horas. É não notar que já anoiteceu, e que já amanheceu outra vez. É contar inúmeras vezes as mesmas piadas, repetir as manifestações públicas de carinho como se fosse surpresa. É ...errar o gosto do outro, é tentar consertar as coisas quebradas com beijos. Estancar as dores com cócegas.
É pedir mesa para dois.
Café para dois.
Cama para um
e dormir abraçado.
Você sabe que vai durar para sempre quando o cheiro é bom e te faz fechar os olhos. Quando o jeito como o outro ri te deixe de boca aberta querendo aquele riso para sempre. Quando a maciez das palavras significam voar um pouco mais alto. Quando a ausência tortura. Quando dá vontade de repetir a todo o instante que está com saudade. Quando borboletas tomam parte do estômago, da cabeça e dos olhos. Você sabe que será para sempre, quando o coração fica agradecido ao saber que o outro existe e é feliz. Eternas são estas coisas todas, que amansam a respiração da gente.
Somos todos inconstantes. Sempre mudando de planos, de desejos e ideais. Até nossos sonhos são vítimas da nossa inquietude. Vivemos na base do “hoje eu quero isso, amanhã não sei”. E de forma muito confortável, invertemos nossa busca e inventamos outros propósitos. Amanhã coisas novas vão nos chamar a atenção, amanhã outros pensamentos vão dominar a nossa mente. Amanhã, nosso coração vai amar outro e depois de amanhã também. Nenhum amor dura tempo suficiente para florescer, nós amamos apenas a descoberta, o novo, a paixão chegando ao mundo e mal abrindo os olhinhos. Nós o abandonamos no instante em que ele tenta dar os primeiros passos, arriscar as primeiras palavras ou um olhar mais atento. Matamos sentimentos com a nossa pressa. Estamos sempre correndo sem nunca saber exatamente para onde. Em um ritmo frenético que busca sempre algo mais, impedimos que algo maravilhoso nos aconteça. Não ficamos até que o outro pegue no sono, não abandonamos uma única vez a mania de olhar o relógio e dizer que já está tarde, que é preciso ir embora. Não assistimos mais o pôr do sol. Sabemos apenas que já é noite, mas perdemos a beleza do anoitecer.
Nossas inconstâncias nos dão a sensação de que estamos dominando os próprios sentimentos, assim: amando, odiando, viajando sem paradas. Morrendo de sede, de fome, sem buscar recursos verdadeiros para que a gente se sinta menos vazio. Forjamos uma felicidade que nunca passará de fotos e sorrisos amarelos. Não passa da primeira porta, não atinge as outras camadas da pele. Não abraça verdadeiramente o nosso íntimo. Não dá frutos.
Os sentimentos virando apenas espasmos de madrugada. Enlouquecemos quatorze vezes por semana a procura de algo diferente. Deitados no gelo do lençol, a única coisa que a gente sabe e entende é que queremos sempre mais. Uma pimenta mais forte, um gole a mais na bebida, uma hora a mais mergulhados num beijo que parece nos revelar quem somos, mas ainda não supre aquilo que nos falta. Carregamos esta ideia fixa e inútil de que algo sempre nos falta.
Mas o beijo poderia sim suprir e nos revelar quem de fato somos, se a gente soubesse aproveitar a beleza daquele instante. Mas a nossa pressa vem carregada de um descaso insuperável.
Doamos tão pouco de nós para o outro, mostramos apenas o que vai a nossa superfície. Interrompemos as tentativas de quem quer se aproximar ou desistimos de uma aproximação fiel, por medo de nunca mais voltar. Medo de o amor prender. Medo de não saber vestir a felicidade. Medo de se dar conta de que a busca acabou e que sem isso a vida possa arruinar seu sentido.
Eu busco amor. Eu busco a mesma coisa que você. E é um absurdo sentir que buscamos as mesmas coisas, mas ambos sairemos perdendo. Estamos tão acostumados a procurar sempre que não sentimos quando um verdadeiro encontro acontece.
A verdade está na força que não fazemos para que as coisas criem raízes. O amor está nos detalhes da gente que não entregamos. A permanência está escondida atrás do medo de sermos nós mesmos. Não mostrar nossos defeitos com medo de ver o outro partir, apenas adia alguns segundos a nossa própria partida, pois não teremos mais nada a revelar se a maior metade de nós é feita de falhas. Pudera que fôssemos menos inconstantes, que a gente mergulhasse no fundo do outro e também permitisse que ele mergulhasse em nós. Estreitando assim as distâncias e estendendo os momentos mais felizes.
Não abra simplesmente os olhos, acorde para a vida! Desprenda-se das coisas negativas e deixe que as coisas boas se manifestem. Tranque o medo do julgamento alheio numa caixa e jogue fora a chave. Siga em frente disposto e confiante e não permita que a verdade do outro sufoque a sua verdade. Ofereça hoje as coisas maravilhosas que você possui, suporte a dúvida alheia com força e coragem, abra seus braços e submeta-se a vida!
A gente diminui o peso do corpo quando pratica esportes.
E diminui o peso do coração quando pratica verdades.
Duvide dos atalhos. Tudo o que oferece um caminho curto até o seu destino dos sonhos sempre trará uma armadilha com ele.
Não tente mais varrer pessoas para debaixo do tapete. Nem guardar tudo para resolver depois. Nem experimentar o amargo três vezes na esperança de que fique doce. Não, decida-se. A partir de agora, o que não deu, o que não prestou, o que não se importou em ser melhor, deixe pra trás, bem longe dos olhos do seu coração.
Então você vira as costas e eu faço de conta que não me preocupo. Mas a verdade é que eu almoço você todos os dias. E hoje, quando você disse "Ei, almoça comigo?", eu disse sim como se você me pedisse em casamento. Porque eu espero todos os dias você me pedir alguma coisa. E você me pede um copo de água, me pede para alcançar a caneta pra você, me pede uma ajuda com aquela coisa toda que você faz toda semana e eu não entendo nada, mas faço de conta que sim porque eu adoro dizer sim pra você.
Meu coração diz sim pra você faz tanto tempo, mas você não pede nada pra ele. Minha boca diz sim pra você, mas você me deixa falando sozinha. Meus olhos dizem sim pra você, mas você está olhando a janela. Depois vem com todo aquele ombro largo, com toda aquela voz macia, me pede desculpas, me pede de novo. Eu gosto tanto de você.
Você fala comigo e o mundo vira qualquer outra coisa que não faz a menor diferença. Não há calor, não há frio, não há vontade qualquer de me alimentar que não seja das tuas coisas. Eu queria ser você. E ter teus olhos e a tua risada exagerada. Porque todo mundo adora você e o jeito que você ri. E eu fico morrendo de orgulho repetindo que você é meu e ninguém sabe, nem mesmo você.
Alguém passou do teu lado e o cheiro te fez lembrar de mil coisas em dois segundos. Você pisca devagar registrando na memória uma nova impressão daquilo que viveu e sentiu, quando aquele perfume fazia parte de um contexto diferente e especial. A vontade é ir atrás daquele estranho e perguntar que direito ele tem de estar desfilando por aí com o cheiro de uma lembrança sua!? É nessa hora que a gente não entende nada sobre a vida, o mundo e o que as pessoas dizem sentir. E no meio da calçada, vira só uma criança, sendo engolida pela saudade que agora mais parece um monstro enorme e impiedoso.
Quando paramos de supervalorizar as pessoas, passamos a dar para elas a importância que merecem. E melhor que isso, passamos a dar para nós mesmos a importância e o valor que merecemos.
Você também se torna corajoso quando aceita o medo que tem. Aceitando o medo, descobre o motivo e o que seria necessário para a sua cura.
Nos momentos mais serenos é que (re)conhecemos a nós mesmos, e conseguimos perceber que os obstáculos mais difíceis de combater são aqueles criados pela nossa própria imaginação. Os monstros da nossa vida são do tamanho que nós mesmos pintamos em nossa mente... É hora de apagar estes borrões e começar a colorir.
Paz deve ser isso: a nossa capacidade de libertar o ontem não remoendo mais o que ocorreu, e não preocupar a nossa mente com o que será do amanhã.
Paz é sentir o agora e aproveitar a beleza do instante.
Que a nossa imaginação não seja tão cruel a ponto de nos fazer destruir os próprios sonhos. Que a gente descubra um jeito novo de acreditar sempre. E que a gente se preocupe menos e sinta mais.
Sentir e manifestar saudades de alguém que não sente saudades de você, é como pegar o celular e insistir em ligar para um número que não existe.
Tem gente que é bênção.
Que traz o ar para o pulmão e devolve a sensação de estar vivo.
Tem gente que é presente.
Dá vontade de desembrulhar devagar para que a sensação nunca termine.
Tem gente que é feito uma manhã ensolarada.
É impossível olhar e não sorrir, olhar e não se deixar iluminar por dentro.
E pra você que é essa gente...
Desejo-te uma ventania de coisas boas, pra desarrumar teu cabelo, balançar tua roupa e sacudir tua vida no melhor sentido.
Que o amor te abrace te traga fé e coragem.
Que seja força e te envolva por inteiro.
Com licença: estou exercendo o meu direito de ser uma pessoa normal. Rir, chorar, dançar, enlouquecer, me arrepender. Com licença pois estou usufruindo o meu prazer e assumindo a minha responsabilidade em ser pessoa, e não me importam os rótulos, não me importa quantos queixos estarão caídos ao me verem feliz e realizada, sendo eu, sendo a pessoa que eu escolhi e não aquela que inventaram sobre mim.