Camila Custodio
Se a pretensão dos seus dias te levar para o abismo, fique com suas certezas pequenas; apenas eu sei sobre o interlocutor do meu amor.
A parede continuava de pé, mas não mais se importou; aprendeu a grafitar e coloriu a imagem pálida do nada à sua frente. Reiventou-se.
Não tenho um minuto pra oferecer. Só tenho um segundo da eternidade, eternamente suspenso num minueto à dois.
E se te pego descalço e desprevenido sem olhar tanto para o próprio umbigo, te laço! Te lanço rumo ao infinito do encanto do amor.
A vida é muito simples e de tanta simplicidade, não se acredita na felicidade como algo alcançável. Ela está ali como luz brilhante suspensa no ar, pronta pra alcançar. Ainda temos medo da luz.
Não é lamparina ou fósforo que ilumina mini certezas. É luz do dia, adeus à escuridão, oração sincera de paz. É silêncio do coração...
E se me aflijo por instantes tentando arrancar com as unhas compridas, pinturas de tinta cravadas em meu coração, algo me convida a silenciar...
Havia um monte de pedregulho na palma das mãos, e no meio, algo bem pequeno e valioso piscando em vão...
Tem gente que gosta de viver entre a cruz e a espada. Eu escolho viver sim, mas entre o tudo ou o nada.
Vai apagar lentamente, como labareda insandecida onde o oxigênio é roubado abruptamente; vai consumindo à si própria até a completa escuridão.
Sabe a poesia mãe dos dias? Revirou. Revirou lixo e achou luxo. Revirou estômago e vomitou temporal.
Avisou que no coração agora, é carnaval.
Estilhaços; Afogo laços falsos na água cristalina do meu coração e no silêncio profundo. Mergulho de paz transfigurado em nova canção.
Bons sonhos. Que a noite te guarde em véus de reflexos azulados da lua, e que o dia chegue trazendo dourado de um novo amanhã radioso.
Comprimir numa caixa as percepções que capto, as decepções e os desencantamentos diários; ao final emudecer e lacrar. Não vale a pena falar.
Serei eu que corro demais contra o tempo sem necessidade? Ou as pessoas que se entregam a ele por falta da vontade?
O absurdo calou minha boca com golpes duros de irrealidade. Desde então não existem mais palavras, só fantasmas e um túnel com luz no final.
Estranhamente o sorriso não sai da minha boca. Um sorriso aliviado, irônico, definitivo, crítico, mas ainda assim um enorme sorriso feliz!