Camila Custodio
No instante da distração, quando não se espera mais nada da madrugada, é que as melhores coisas se dão; o sol desponta numa nova estrada.
Se roubo um sorriso de um rosto alheio, o mundo faz arco íris no meu coração. Não há paz sincera, sem divisão e multiplicação.
A gente guia e ilumina nossas verdades, são corpos celestes no céu. Minha verdade é o que me apetece; é fome, é o que arde, nunca metade...
A vida vai passando, implorando sempre um pouco mais de sensatez; na palidez da dor em alma carmim, imploro sempre um pouco mais de cor...
Para apagar marcas, é preciso desapegar-se. É preciso decisão, dar o primeiro passo. A primeira prece, a calma no caos. A última lágrima...
Canto por encanto ou desencanto. Saudade refrão, verdade melodia. Poesia de meus dias, canto meu manto de amor...
Gramaticalmente em primeira pessoa, amorosamente para uma única pessoa. De mim para o mundo. Se me faço entender, não há o que dizer.
Hoje dou um passo, talvez pequeno e inseguro. Mas todo passo é um laço. É vida desprendendo-se do ranso, é um maço de rosas nascendo d'alma.
Se eu fecho a porta da realidade, se fecho meus olhos acordada para não enxergar cores, quando durmo tudo vem à tona em forma de sonhos...
Juro. Desconjuro meu passado, presente e futuro. Só deixo aquele furo, pra espiar o sol amanhecer e me enternecer em você...
A ponte entre a verdade e o que as pessoas imaginam é divertidamente escorregadia. Apenas eu sei, onde começa e termina. Sorrio Monalisa...
Sentindo um vento soprar mais forte, me levando na direção...
Que venha imensidão, pois sou imensa. Intensamente toda coração.
Nunca é cedo, tarde ou demais em dizer as pessoas especiais o quanto, o tanto, o manto de amor que ainda as une invisivelmente e pra sempre.
Eu não necessito me embriagar. Apenas um gole, um bebericar e já sinto adocicar, já sinto arder, me consumir. A vida é meu maior destilado.
Essa minha prontidão absurda, sempre incogniscível a abrir espaços, a fechar janelas assim que a escuridão chega, a acender a luz...
Quando ousei atravessar a fronteira, a luz cegou meus olhos. Sussurrou sucesso com seus reflexos dourados; apodero-me e prossigo iluminada.
Há calma. Quietude de dias enlouquecidos por vinho barato. Há desatino. Há de haver sonho depositado num saco a caminho do nada. Há caminho?
Feche os olhos, se despeça da escuridão. Vê? Só existe o silêncio e som. Ar cortado em fatias. Se crê, há de enxergar luz e só luz. Amém.
Carrego pó que recolho de metade histórias que vivo, espalho grãos no caminho de lembranças fugidias. Sigo só e só me querendo em você...