e quando o sentimento não cabe num emoji?
quem manda engolir o choro esqueceu o gosto da lágrima.
seria a verdade uma sentença dada à realidade pela crença?
tempo tenho tanto o quanto de mim o tempo não tem.
a poesia nos mostra quantos outros sou eu.
é o trágico consumado: não há bom subversivo que reverta um mundo tão subversado.
as verdades são sempre solitárias.
toda verdade é solitária. quase nenhuma solidária.
a poesia que transparece é a que, de fato, salta aos olhos.
a poesia nos mostra quantos outros somos nós.
arrogância roga gentileza.
aos brutos, delicadeza.
cronotopo da pandemia: hoje e amanhã vivemos ontem um novo primeiro último dia.
dechoro pralamentar temos sobrando…
às vezes, o poema é sangria evaporada.
arte é tudo o que tenta repetir o encanto ou ressentir o espanto de quem não se aguenta.
seria a desilusão uma ponte entre o espanto e o encanto?
é o que é: a saudade, um deus que ignora a fé.
auge da ansiedade de hoje, a saber: já se morre de saudade do que ainda se quer viver.
hoje não vejo um grande futuro para a saudade
o poema lúcido no espaço cívico seria lúdico não fosse trágico.
aqui, eleitor não é leitor.
em meio aos cacos de um mundo louco, os fracos acham que poesia é pouco.
coleciono insônias de paz; durmo pouco, suspeito, porque acordado sonho mais.
do ido assentado, faz pouco sentido: um doido acentuado nem sempre édoído.
Ajude-nos a manter vivo este espaço de descoberta e reflexão, onde palavras tocam corações e provocam mudanças reais.