Às vezes, a palavra
tem um tamanho absurdo...
Percebe o quanto cabe
nas 4 letras de tudo?
Das antíteses da vida:
às vezes, temos de subir
a ladeira que pede descida.
Poesia é terra de todos e ninguém:
sincera quando mente,
quando não mente é também.
Dentro do poema,
o que é pouco nada escassa.
Fora, a vida apenas passa.
Parei de me ver em você
e, enfim, nos conhecemos.
Dos anais da insanidade:
dizer que o vírus é mentira
e que o remédio é verdade.
Para alguns,
a verdade que importa
é a que menos se enxerga
e mais se entorta.
Quanto valerão
os setenta em cem,
se, para os outros trinta,
centenas forem ninguém?
O eu repousa transcrito
onde o íntimo se vê de fora:
no poema, ora medito.
O essencial não se basta no tangível.
Cômodo é o bom senso
que exala sua crença,
mas bom mesmo é o pretenso
a inspirar o que o outro pensa.
O que seria do tudo sem o nada,
se este foi aquele na partida
e aquele será este na chegada?
Peguem suas armas,
que a dura batalha é chegada.
Eu já empunho o verso,
que é escudo, armadura e espada.
Arte é algo que não se define pela palavra.
A arte é o intangível tangente.
Artista é aquele que busca a si próprio no impossível.
O que se opõe à verdade é a certeza.
Todo poema é um ato de paixão.
Toda obra de arte é um ensaio sobre o impossível.
A certeza abraça a vaidade desde que a dúvida pariu a verdade.
Escrever poesia é não perder o hábito de retornar ao lugar que habito: a palavra.
É filosofar no impossível tentar explicar a existência bastando-se no tangível.
Amadurecer é compreender que é melhor viver de amores que de paixões, de ideias que de ideais, de sorrisos que de gargalhadas.
A poesia, quando tema de si, é um buraco negro para o poeta, um lugar do espaço-tempo literário que atrai com intensidade tal que dele não se pode escapar e onde se imagina encontrar o que ninguém, até hoje, encontrou: o porquê da própria poesia.
sintaxe
a poesia pela palavra
desorganiza o comum,
reorganiza o óbvio e, assim,
resulta qualquer algum.