Broliani

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⁠SOLITÁRIO

" Solitário aquele que vê e ouve no contexto à sua conveniência, viverá entre estranhos! "

Claudio Broliani

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FAZER VALER

Há de ser nem fresco e nem sufocante,
do primaveril mesmo que ainda inverno.
Há de ser nem alegre e nem triste,
do riso rasgado mesmo que de choro contido.
Há de ser nem sol e nem lua,
os dias da aurora mesmo que ao crepúsculo.
Há de ser nem flores e nem espinhos,
das pétalas mesmo que dilaceradas.
Há de ser nem amor e nem ódio,
das juras mesmo que muitas em vão.
Há de ser nem mais e nem menos,
da união mesmo que dividida.
Há de ser nem tudo e nem nada,
do desejo mesmo que frustrado.

Há de ser sim vida e também sentimento, mesmo que sofrida.
Há de ser sim verdadeira, há de bastar,
e assim,...há de valer à pena!

Claudio Broliani

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VONTADE DE AMAR

Amor é doído, amor é sofrido, amor é sentido;
Amor é soluço, amor é suspiro, amor é gemido;
Amor é ilusão, amor é perdição, amor é solidão.

Amor é navalha, amor é fornalha, amor é mortalha;
Amor entristece, amor entorpece, amor envelhece;
Se não doer não é amor, se não doer não é amor,
se não doer...é só amor.

Pois amor é furacão, amor é tempestade,
amor é só a metade.
Mas a outra metade é paixão, a outra metade é coração,
a outra metade...é mais que vontade!⁠

Claudio Broliani

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NOS BRAÇOS DE HERA

Do sono profundo
Acordar da manhã
Em aroma fecundo
Frescor de hortelã

Anseia pela semente
Plantada bem fundo
És fértil e abundante
Flui a vida no mundo

Na sua pele macia
Esqueço o amanhã
Seu beijo que vicia
Tem sabor de romã

Seu olhar ardente
Uma loba em fúria
Hipnótica serpente
Enlaçar em luxúria

Dois corpos suados
Seu exalar de avelã
Desejos extenuados
Da minha deusa pagã

Claudio Broliani

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⁠LINCE OLHAR

Instante que urge no peito em badalar empírico,
Ressoa na mente sem saber de fato o que sente,
Fagulhas de acenos entre ir ou não... apelo lírico,
Serena visão profunda, seus olhos de Lince presente.

Encontro sem texto, escrito por quem... acaso,
Reverencia em momento perene seu ato solene,
Dileção instantânea, afago abrigo da alma... Parnaso,
Sentidos em névoa, ilusão em suprema vontade infrene.

Vislumbre distante, acesso alado em galope de Pégaso.
Sobejo inspirado além das águas... és ninfa Clímene.
Frugal desejo em degraus de pedras... avanço em atraso.

Socalcos íngremes em escarpas estridentes, Cáucaso.
Óbices indomáveis retêm o alcance, sentença... condene!
Despenco no abismo, finalmente em seus braços... indene!

Claudio Broliani

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PÉS NO CHÃO

Já fui gênio, príncipe e anjo,
apenas bobagens,
eu não acredito.

Graduado não sou,
sem PhD ou mestrado,
nem mesmo letrado.

Cavalo branco não tenho,
nem armadura e espada,
isto é pra conto de fada.

Anjo sem asas não existe,
sou falho, humano,
e triste.

Triste pois;
Ser gênio, príncipe e anjo não mereço.
São títulos e armas, e isto eu dispenso.

Mas;
Se de tudo ainda algo pudesse escolher.
Por certo, o que mais faz-me falta são asas!


Claudio Broliani

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