Brenda de Almeida
Se as pessoas tentarem te colocar pra baixo, apenas deixe passar e não mude de atitude, voce não precisa dar satisfação a ninguem, só precisa responder para si mesmo.
"Meus olhos o seguiram quando ele deu as costas. Quis gritar “por favor, fique”, mas as palavras não saiam da minha boca. “Por favor, eu te amo!” E ele se foi."
"Às vezes, à noite, dentro do escuro do meu quarto, penso em você. E sinto saudades… Eu esperava tanto de você. Acho que esse foi o meu maior erro: Eu queria mais. Mais presença, mais amor, mais abraços de arrepiar, mais encontros inesperados e os esperados também. Queria poder sair com você, sem precisar me esconder ou te esconder de ninguém, queria poder ter aquele gostinho de contar para todo mundo que estava do seu lado, que você era meu ou quase isso. E por um momento, acreditei que você também quisesse. “Você me tem em suas mãos”, você disse. Eu acreditei. Inventei mil desculpas para as suas idas e vindas. Mas eu sabia, sabia que não ia dar certo. Nunca vou entender porque mesmo depois de tantos desamores continuo a acreditar. Mas você me fez sorrir tantas vezes. Era tão fácil estar ali - do teu lado no banco do seu carro -, eu olhava para você e não sabes a alegria que eu tinha de te encontrar ali, segurando a minha mão ou só me olhando e sorrindo torto. Ah, menino… Você foi a minha mentira mais bonita."
"O vento é agradável e quente nessa noite de Abril. Há poucas pessoas em volta e minha cabeça está inclinada entre seu ombro e pescoço, de uma maneira que consigo sentir sem esforço o cheiro do seu perfume, que era, de longe, o meu favorito. Com uma das mãos ele acaricia meu cabelo, alterando entre um cafuné e um carinho delicado no meu ombro. Sinto meu corpo tremer e deixo que aquele arrepio percorra meu corpo inteiro. Continuamos assim durante alguns minutos em silêncio. Olho para ele e sorrio. Ele me beija a testa, solto um gemido baixo.
- Isso nunca vai dar certo… – sussurro ainda com seus lábios colados em minha testa.
- Deixa de ser teimosa! – diz ele soltando uma risada. Brinca com meu nariz e depois o solta.
Rio. Ele me diverte e o pior é que não tem noção de como me faz bem. Ajeito meu corpo em seu colo e ele em um movimento calmo me envolve completamente em seus braços e me puxa para perto. Consigo sentir seu hálito fresco da tamanha a proximidade de nossos rostos, ele sorri torto e não consigo deixar de retribuir o sorriso. A luz da lua parece acariciar o seu rosto, seus olhos negros, intensos, vivos e alegres ganham um brilho arrebatador.
Eu não era teimosa, e tinha a total certeza de que não daria certo no momento em que lhe dei o meu primeiro “sim”, e o “sim” daquela tarde no carro, naquele final de semana nas férias, no corredor durante o intervalo da aula (…) e hoje, quando recebi sua mensagem. Então, porque eu disse sim todas às vezes? E pior, porque hoje? Depois de tanto tempo? Talvez seja por causa do cabelo desgrenhado ou daquele olhar negro. Talvez seja o sorriso torto ou a maneira como gesticula, como olha, como ri, como ousa me desvendar. Ou agora, com sua respiração quente ao pé do meu ouvido…
- Senti sua falta! – disse ele, obviamente mentindo.
Mentira! Ele beija meu pescoço. Não aguento mais! E morde de leve. Como eu odeio você!
- Eu também senti a sua falta! – disse quase como um sussurro, quase como uma prece: “fica!”. E sem dúvidas, era verdade, não havia nada que eu sentisse mais falta.
E em um momento meu rosto estava entre suas mãos e noutro seus lábios estavam suavemente encostados nos meus. Ele me pressiona contra si, com desejo, saudade, paixão. Então me deixo atrair, assim, como sempre. Perco-me nos seus olhos negros; agradavelmente arrebatada pelo calor de nossos corpos. Nosso beijo. Vício, anseio, querer.
“Querida? Querida! Acorda!” disse ao fundo uma voz conhecida. “Está na hora de acordar!” Senti que me sacudiam o ombro. Arregalei os olhos sem entender nada. Mãe? Olhei no relógio e já passava das seis e meia. Mas… “Está tudo bem?” Sim e não. Procuro meu celular e o encontro na cabeceira: Você não tem nenhuma mensagem. Mas…
Na janela entreaberta, o sol invadia o meu quarto. Mas nem mesmo o clarão era capaz de tirar aqueles olhos negros sobre a luz da lua do meu pensamento."