Beatriz Marques
E quando derrepente a vida nos põe tudo de pernas para o ar... secalhar era para que a vissemos de uma outra maneira.
Não adianta matar o amor com baygon vencido, nem passar na máquina de triturar papel, nem fazer charme e se fazer de forte. Uma hora, querendo ou não, os créditos finais de contos de fadas terminam com tudo que sobrou, seja bom, ruim, saudoso, nostálgico, insano, vadio. Um fim tão trágico que nem a genialidade de Almodóvar pôde imaginar. Um fim tão fim quanto o carnaval de Marcelo Camelo. Um fim suicida. Em letras garrafais. Com exclamações. Sem pontos. Puro e sem gelo.
Não precisa sentir pena de mim. Se tem algo para odiar mais no mundo é isso. Sinta saudade, vontade de nunca ter me conhecido, antes, ou depois, amor, câimbra nos neurônios, dor no coração, arrependimento... Mas não sinta pena. Eu não te dou esse direito. Não é no meu salto alto ou no meu batom vermelho que você irá encontrar a resposta do por quê. Nem na minha ousadia em não querer saber como anda você. Eu era tão melhor sem ti quanto estou agora. Eu e minha sensibilidade de mundo, duas inseparáveis. Eu e minha vontade de ser mais feliz do que qualquer dor alheia. Eu e eu, com a alma plantada a beira de um monte budista meditando enquanto a sua vai à beira do abismo gritar meu nome.