Átila Belens
Dizem que é melhor ser feliz do que ter razão, no entanto ainda prefiro viver do que ser feliz e ter razão.
As pessoas ainda acham que irei viver meu mundo a partir de suas aparências sobre ele. O pior que elas ainda continuam certas.
O CABELO
A muito tempo atrás eu era um menino novo indo pra Vitória da Conquista ver minha família por parte de mãe e meu irmão mais velho que era como um herói em quadrinhos pra mim. No tempo de minhas férias que eu fiquei com meu irmão foram incontáveis as pessoas que pediram para ele cortar o cabelo que estava em fase de crescimento, ele queria deixar do tamanho do de minha irmã, porém por ser “duro”, escuro”, “ondulado” e ser homem tinha um aspecto “estranho” para a maioria das pessoas. Eu ficava impressionado como ele levava as críticas com muito humor e determinação, não era de forma alguma atingido, por mais que a crítica fosse desconstrutiva. Eu no auge de minha adolescência naquela época achava incrível a forma como ele levava sua vida, sempre sem medo e orgulhoso de suas ideias. Mesmo assim no final de minhas férias, preste a voltar para Salvador e já um pouco irritado pelas pessoas que encheram seu saco eu fiquei curioso para saber como ele mantinha aquele cabelo depois de todas as críticas sem ficar abalado…
Ele apenas respondeu: “Irmão toda vez que pedem pra eu cortar esse cabelo cresce uma determinação incontrolável para deixar ele crescer. A minha vontade dobra toda vez que me pedem pra cortar.” Naquela época eu era um menino novo e eu não tinha percebido, mas já tinha aprendido que a sociedade pode te tachar sempre como “louquinho”,”transgressor” ou “Sem juízo”, mas na maioria das vezes ela apenas está frustrada com sua falta de capacidade de tomar atitudes práticas perante sua própria vida.
Vivam sem arrependimentos. E se eu pudesse deixar uma moral para essa memória seria: Nunca deixe ninguém lhe dizer o que fazer sobre seus sonhos e metas. Sejam sempre impermeáveis ao choro das opiniões …
O olhar
Vocês podem até se tornarem eternamente responsáveis por tudo aquilo que cativam, mas de qualquer forma "O pequeno príncipe" nos traz uma não tão clara reflexão. Dedicarei esses tempinho para expô-la de forma aberta para vocês.
Por fora de nosso corpo em um dia extremamente frio temos uma infinidade de panos cobrindo a gente, são camisas, calças, capas, sobrecapas, sobretudo e dos mais variados tipos de casaco. Essas camadas podem ser nossas representatividades, nossos “eus”, nossos “nãoeus” e muitas vezes provavelmente nossos muros. Já por dentro temos um fluxo de consciência. Lembrem que esse fluxo só aparece pro outro quando nós externamos ele.
É em nossos discursos e ações que ocupamos os espaços, construímos a obra que queremos deixar em vida. Me parece que ela sempre será singular, porém ainda acredito que é no espaço entre as pessoas que podemos aumentar nosso leque de escolhas sobre o caminho a seguir, e portanto a decisão em relação herança que queremos deixar no mundo.
Nessa caminhada será sempre difícil não agradecer a todos que em algum momento fizeram parte de minha vida. Quando eu digo todos são todos. Pra mim tudo isso é um eterno aprendizado. No entanto, ninguém pode duvidar da influência de cada idiossincrasia, por mais fútil e desinteressante que possa parecer uma personalidade, de acordo com sua percepção no momento, nenhuma delas de verdade possui a incapacidade de mudar nossas vidas.
Por trás de um olhar sempre irá existir um universo. Seja sempre responsável pelo seu sentimento, e se ele cativar alguém, continue cuidando do seu plantio, se você está cultivando-o de forma correta sua colheita sempre será de frutas maravilhosas.
Obrigado a todos pelo carinho nesses 33 anos de vida.
P.S.: Ainda assim existem olhos que não sabem enxergar o que há por trás de meu sorriso.
A convicção para mim continua sendo um luxo para os que estão de fora.
Mímesis
Procuramos sentimentos e achamos apenas o eco de nossas vozes
Quando o eco volta seco e árido a tristeza nos consome
Acordamos e lembramos que apenas foi um sonho
A rotina engole o sonho e transforma em ação
Procuramos a ação e achamos apenas o eco de nossos gritos
Quando o grito incomoda é o ódio que nos consome
Sabíamos que o eco era um alerta para o processo de reificação
O processo se tornou a metalinguística da própria rotina
A bifurcação já se tornou ‘unifurcação” a tanto tempo…
O presente sempre um rolo de filme repetido
O futuro o presente calculado
E do passado só resta o medo
O tempo… “Este” sempre será uma narrativa.
Ocuparei todos os espaços que me foram negados e que por viver em uma sociedade doente me senti envergonhado de assumi-los.
Só escrevo quando estou perdido.
Naprocura do furo.
Próximo da borda para ser puxado pela singularidade.
Na maioria das vezes é necessário ser uma referência para acreditarem no que você diz. De fato eu nunca sentei no trono.