Aroldo Arantes
Nem tudo que eu ouço é voz, nem tudo que esqueço é fim. Nem tudo que eu vejo é nós, nem tudo que eu quero é sim. Nem tudo que acabou é foz, seu beijo não foi de festim. Seu verbo me foi um algoz, destruindo o então e o assim.
Me ame assim, bem de vagar, antes que o tempo se acabe assim. Me ame assim só por lembrar que o amor que vale não sabe o que é fim.
Há um misto de muitas coisas que se multiplicam dentro de mim e me dividem em tantos outros porquês, em algum senão e um monte de talvez.
À parte de amar-te, quero ser seu acorde, tocando as notas de seu corpo inteiro. À arte que invade, o grito que envolve, sentindo o dizer calado de seu doce cheiro. E então bate, rebate, o desejo que sabe, justificando as horas perdidas no ponteiro. Coração arde, batendo feliz a felicidade, que nasce e renasce em seu sorriso faceiro.
Sua boca era minha confusão. Em seus lábios me sentia em uma intensa rebelião, de sentidos, de sorrisos e de verdades. Tudo o que eu tinha como concreto, perto de ti se desfazia, e se transmutava em perguntas. E as poucas respostas que possuía, você as consumia, com apenas o roçar de sua língua em minhas vontades.
Custa-me acreditar que o caminho leve há algum lugar. Então sorrio, pois desconfio que o importante mesmo seja o caminhar.
Os horrores e amores de um verso sem cor, engolido pelas sílabas que não cicatrizaram e vomitado pelas letras que nunca rimaram!