Aroldo Arantes
Os meus silêncios são gritantes, as minhas ausências delirantes, e o meu sorriso, um mero disfarce, pra esconder o meu olhar.
O desejo que habita o meu viver, é tão forte que desafia o então. A vontade que invade o meu ser, não cabe apenas em algum refrão.
Encena teu beijo em meus lábios, como se fosse a primeira vez, quem sabe assim, insensatez, eu acredite novamente em seus ensaios.
Não sei precisar o quanto te preciso. Esse triste olhar
completa o que não digo. Não sei calcular o tanto que me assalta, esse não falar que vem da sua falta. E o nó que cega e seca o encanto, vem da dor que cerca e aperta o meu pranto. E a gota que escorre e morre no tempo, vem da rima que corre e mora aqui dentro.
Sons e tons me traduzem. Por que os acordes ouvem meus silêncios mais ocultos e me ecoam no vento, livre, na eternidade de alguns segundos.
Livrai-me de tudo que me atrapalha, de tudo que me acomoda, de tudo que me trava, de tudo que não me cobra. Livrai-me enfim do não e do sim.
Sou todo dor, em cor e solidão. Vivi amor, mas não passou de ilusão. O espelho é meio devorador! Sinto falta de mim, devolva-me, por favor!
Precisamos de mais humor, menos complicação; mais verdade, menos enrolação; mais liberdade, menos correção; mais Deus, menos religião!
Quem não se entende, não se compra e nem se vende. Fica ali inerte, e de inércia o nada está repleto. E de nada, ninguém quer ficar perto.
O instinto humano é traiçoeiro, pois anseia o que lhe é proibido.Nada que seja certeiro, aguça o seu sentido. Buscamos o verso corrompido.
A morte chega lentamente para quem não se arrisca. A vida passa acelerada enquanto o olhar do desejo pisca. O prazer está nas entrelinhas.
A pintura do palhaço esconde a tristeza dos olhos e a lágrima do coração. Quem brinca com os sentimentos alheios, vira brinquedo ou decoração.
Faça como as flores, se dispa dos espinhos e se vista de todas as cores. Inale humor, exale amor, pois nada nessa vida se alimenta do rancor.
Qualquer poesia é reversa, pois ela se completa do vazio que reflete, chorando palavras vagas de lágrimas caladas que o poeta verte.
Não busque respostas onde apenas a dúvida ressoa. As vezes o tempo gosta de brincar com a cara de quem não se doa.
Sou de lá, sou de cá, sou de qualquer lugar, não tenho parada, nem paradeiro, gosto de céu, de sol, de mar, de amar sem travesseiro.
Prefiro os desusos, as texturas e os excessos, do que a mesmice; Prefiro os parafusos, as ranhuras e os restos, do que a superfície.
Ah, o amor! Esse sofrimento eterno, que engole a calma, que envolve a alma e engana o cego, o fazendo achar que enxergou.
O amor não enxerga muito bem e invariavelmente age sem razão alguma! O amor entende tão bem o que para a mente são coisas absurdas.
Quem é você que julga com um olhar que não enxerga além da vírgula, adjetivos e verbos alheios, que estão nas entrelinhas?
Tem gente que complica o simples e impossibilita o difícil. Tem gente que simplifica o complicado e viabiliza o impossível.
Rimas avessas, que não param em minha cabeça, façam-me o favor, de não remar pra longe, pois o amor anda revolto, e o mar não me responde.