Antony Valentim

Há uma poderosa força no desapego. Ele liberta, renova, vitaliza, energiza, rejuvenesce e cura. Pessoas apegadas demais a inutilidades, emperram a própria vida sem se darem conta que elas mesmas acionaram os freios das bênçãos.

Quanto mais eu vejo pessoas postando fotos de filhos pequenos em redes sociais, e quanto mais eu vejo essas mesmas crianças passarem por problemas de tantas matizes como consequência de ataques psíquicos por causa do excesso de exposição, mais eu vejo que as pessoas nem imaginam - ou ignoram - o poder destruidor da ‘vaidade do mostrar’.

O problema de mostrar demais os filhos em redes sociais está na natureza dos inimigos (visíveis ou invisíveis) que os pais têm. Aliás, não apenas de filhos: cada foto que você posta de uma conquista ou de algo que para você é importante, ou até mesmo algo que você queira mostrar para todos ‘o quanto é bom ter o que outros não têm’, da aos seus inimigos o endereço exato de onde eles podem atacar com mais intensidade para tentar arrancar de você o que te faz feliz. E acredite: isso acontece há milênios nessa nossa humanidade. Propagar o que se tem ou o que se gosta sem propósito construtivo, e sem as devidas proteções, é desastroso.

Sonhos ou pesadelos são tons que indicam qual deve ser o foco daquele momento. Sonhos maravilhosos devem ser motivo de gratidão, e pesadelos tenebrosos devem ser estímulo para o ser buscar mais proteção.

Não adianta muito pagar para fazer os movimentos energéticos, esotéricos, magisticos ou espirituais mais intensos em prol de se consertar alguma coisa, e continuar pensando e agindo como antes, da mesma forma que pensava e agia quando provocou o estrago. Seria uma luta eterna ineficiente entre duas forças. O primeiro passo de quem quer mudar um cenário difícil, deve ser antes de mais nada, se dispor honestamente a mudar o próprio interior.

Era conhecido como um ótimo terapeuta, com dons especiais, ilibada reputação, admirado por muitos, respeitado por outros tantos, quase conquistando o título de ícone referencial no segmento em que atuava. Até que alguém ameaçou suas ‘vendas’. Foi então que a máscara caiu, e viu-se que naquele homem aparentemente ‘referencia’, havia na verdade apenas um comerciante extremamente materialista interessado em lucrar cada vez mais, disposto a matar ou morrer para não perder dinheiro, repetindo os mesmos erros do passado de outras vidas. Que eu jamais me permita protagonizar uma história tão desgraçadamente triste como essa. Dinheiro é importante, mas jamais deve subir à cabeça travestido de justa causa.

Na história bíblica, há diversos exemplos de irmãos atentando contra irmãos. Entretanto, em qualquer circunstância, nosso compromisso deve ser com o Pai. Conflitos entre irmãos sempre existirão, mas a eles jamais se deve dar mais importância do que honrar pai e mãe. Dessa forma sim, uma coisa pode favorecer muito a outra.

Os pais que falharam em suas realizações pessoais na vida, têm nos filhos uma ótima oportunidade de, ao orientar-lhes com instruções mais auspiciosas, e ao quebrarem o círculo vicioso das maldições familiares que assolaram as gerações anteriores, se alegrarem ao verem seus rebentos prosperarem em suas missões pessoais de vida. Não serão necessariamente o que os pais queriam ser, mas terão mais chances de vitória naquilo em que desejarem se realizar.

O fato de alguém atrair pessoas difíceis para a própria vida não significa necessariamente um erro. Pode ser que a pessoa precise aprender lições para evoluir, e é aquele gênero de pessoas difíceis que burilará o ser dentro do que é necessário, ou até que escolha aprender através da mudança de comportamento expontânea baseada no amor fraternal e nas ações que ele endossa.

A maior demonstração de imaturidade - ou de soberba orgulhosa - para alguém já desperto nas questões existenciais e espirituais, é acreditar que já não tem mais carmas e que, consequentemente, se tornou melhor que os outros.

Fragmento cármico se dissolve, nódulo cármico se desfaz, lição cármica se aprende, mas dívida cármica, essa não tem saída: o cobrador vai exigir o pagamento. É impossível ‘dissolver’ um carma que é dívida. A única coisa capaz de abrandar uma dívida é escolher pagá-la espontaneamente através da mudança voluntária de comportamento.

O que há de gente por aí prometendo ou garantindo que ‘dissolve carmas’ é tão cômico quanto trágico. Cômico para si mesmo, trágico para quem acredita que isso realmente seja possível. Uma verdadeira lástima icônica do charlatanismo - ainda que inconsciente.

Mudar não é fácil, nem simples. Portanto, não tenha pressa. Apenas se conscientize que tanto quanto você se esforce para fazê-lo - ainda que de forma lenta, segura e suave - melhores oportunidades se descortinarão gradativamente.

Indulgentes para com os outros, exigentes para conosco mesmos. Sempre, em todos os dias, em todos os momentos, em todas as circunstâncias, para com todas as pessoas. Eis aí a fórmula básica para encontrarmos o caminho da reforma interior.

Terminou de ler o livro de condutas morais e já tinha na cabeça a lista de pessoas que não as seguem, bravejando: ‘Fulano deveria ler esse livro, porque ele não faz nada disso”. Esqueceu-se, porém, que a vida fez a leitura chegar a ele, e não ao outro, e que só enxergamos falhas nos outros se elas também fizerem parte de nós. Melhor proveito haveria se ao ler algo que incentivasse a boa conduta, assumisse o recado do universo para si mesmo, sem julgar quem seguramente tem um contrato reencarnatório diferente.

Pessoas que vivem querendo passar a perna malandramente nos outros, ou que tem como estilo de vida a manipulação das palavras para conseguir o que deseja tendo nisso o alicerce de atos e palavras, são as que mais se demoram para alcançar verdadeira realização. Isso quando não atraem para o próprio caminho uma série de obstáculos que tentarão ensinar que essa não deve ser a melhor conduta de vida.

Invariavelmente, todos que pensam estar tirando vantagem da vida já sabendo que aquele caminho não é de fato o mais auspicioso, se assemelham aos que contam mentiras a si mesmos e acreditam nelas intensamente. É o estrondoso poder da auto lavagem cerebral, e da auto sabotagem.

Dormiu em todas as camas que desejou; beijou todas as bocas que quis; não houve uma única semana da vida em que não tenha ido a um bar, show, boate ou balada; lesou afetivamente a muitos que criaram expectativas de laços mais profundos; ‘aproveitou a vida’. Depois, quando chega aos 40, encontra um par que não quer casar e ter filhos, e entra em depressão se sentindo a pessoa mais desafortunada do mundo. Ora pois: passou a vida plantando abrolhos, e agora quer colher figos? Como? A falta de coerência assola uma grande parte de almas aflitas que ainda acreditam que a vida funciona na base do ‘eu tenho o direito de ter tudo o que eu quero’, em detrimento ao ‘eu colho apenas daquilo que plantei’.

Nem todos que tentam te aplicar lições de moral são hipócritas. O fato de já terem passado pela questão não os classifica como ‘sem moral para falar do assunto’. Quem tem moral então? Quem nunca viveu a experiência e não sabe nada sobre ela? Incoerente. Os que lançam avisos hoje podem ser simplesmente os que passaram pela experiência ou cometeram no passado o mesmo erro que você está cometendo agora, e concluíram que aquilo não resulta em nada positivo - ou constataram que a coisa leva a cenários trágicos. São os instrumentos do universo a te dar alertas. Os professores de lição de moral verdadeiramente hipócritas, são aqueles que continuam fazendo hoje o mesmo que reprimem em você.

Viver por impulso é o mesmo que pedir ao universo um problema novo a cada dia. Viver por princípios bem definidos é como nos prevenir dos problemas. Os princípios nos salvam. A impulsividade nos derrota.

Esperar que uma única intervenção espiritual, energética ou terapeutica resolva nossa vida para sempre e de forma definitiva, é o mesmo que esperar que um único banho mantenha o corpo físico limpo para o resto da existência. Equilíbrio, estabilidade e bem estar exigem cuidados permanentes e constantes.

Algumas pessoas, por terem muito dinheiro, ou por pertencerem a uma classe social mais elevada, colocam nisso a certeza de que estão acima do nível comum e tratam muito mal o semelhante, sobretudo os estranhos. Não percebem que essa simples atitude já desencadeia toda uma série de transtornos em outras áreas da vida, pois fere a lição carmica mais seria de todas. Mas como não associam uma coisa à outra, continuam alimentando a arrogância, a prepotência e a irreal imagem de superioridade para com aqueles que um dia, talvez, lá do plano espiritual, serão os únicos a quem poderão recorrer para sair das regiões umbralinas.

Não existe prazer maior em ajudar pessoas. Não a ajuda forçada, por obrigação, para humilhar mostrando ‘que pode’, nem a ajuda por interesse ou para receber algo em troca, mas sim a ajuda espontânea nascida na sensibilidade de uma honesta empatia e compaixão pelo próximo.

Agradeço a Deus por, desde criança, eu olhar para o próximo e sentir compaixão. Não é que eu seja santo, mas há uma alegria imensa em minha alma toda vez que constato que minha misericórdia sempre prevalece sobre minhas mais escuras mazelas.

Pessoa vive a vida cometendo os maiores desmandos, morre, reencarna, passa a ser alvo dos desmandos de outros, e cai em revolta. Mas isso não acrescenta uma vírgula de solução ao problema, antes o agrava. Ideal é que cultive a paciência e o entendimento de que não existe obstáculo sem motivo.