António Prates
Para sermos realmente humanos e vivermos em paz, devemos respeitar a liberdade dos outros. E poucas pessoas têm esse dom.
Confundimos muitas vezes amizade com utilidade. As duas palavras até rimam, mas têm significados muito diferentes.
De uma forma geral, a primeira coisa que os pobres fazem, quando têm algum dinheiro, é comprar a vaidade dos ricos, para serem tão pobres como eles.
Desconfio que nós, seres humanos, também temos uma costela do diabo-da-tasmânia, mas os antropólogos que o digam.
A falta de coerência daqueles que se dizem lúcidos faz-me falar como os loucos, quando estou minimamente lúcido.
Há quem opte pelo silêncio... Há quem prefira falar o que não pensa… Há quem mais-queira que os outros não falem… Há quem exija falar pelos outros… E há todos aqueles que falam as coisas que são ditas com tempo…Tempo há ainda enquanto as coisas precisam ser ditas.
Se por ventura, eu me desventurar aos olhos de quem não tem ventura nenhuma, não digam que eu me espalhei ao comprido, apenas porque em parte alguma um homem pode ser ofendido, por se aventurar de modo emancipado ao horizonte que nos é imposto. Mas que, por suposto, ou por uma hipotética altivez de nos aventurarmos todos de uma só vez, seria uma patética atitude por parte de muitos daqueles que exercem o direito de todos não exercerem o direito de ninguém. E para não chamar desventurado ao procedimento de alguém, nem tão pouco me meter onde não devo ser chamado, limito-me a fazer desta minha desventura o que um fado faz de uma aventura num engraçado entretém. Se me excedi, convém juntar todos os vocábulos daqueloutros retirados dos estábulos antigos, onde se fazem mais amigos, nos retábulos ecuménicos, onde os anjos académicos aparentam as dores que não têm, demonstrando que as mesuras convêm às dissimuladas aventuras nesta arte de viver…
A Verdade é aquele substantivo comum que, por se entreter demasiado tempo na boca de alguns, não lhes chega a subir à cabeça. - Peço desculpa se não disse a verdade!
Sempre aceitei todos os conselhos menos aqueles que me tentaram tirar a minha própria opinião, apesar do preço que isso me tem custado.
As redes sociais parecem uma sala de espera para a felicidade, onde o porteiro nos manda fazer todo o tipo de figuras para podermos entrar.
Não tenho palavra-passe para o meu cérebro, mas tenho a mentalidade protegida por um bom anti-vírus.
Quando um pobre tem um pequeno sucesso, torna-se logo num alvo de suspeitas, de invejas e de perseguições.
Muitas pessoas entram na velhice quando começam a condenar e a denegrir os vícios que já não conseguem satisfazer.
Infelizmente, uma grande parte da alegria que muitas pessoas sentem é provocada pela miséria dos outros.
Hoje em dia, em Portugal, por causa da política, já não se prende ninguém, mas não se livra de passar fome.
Imagino as portas do Céu com as portas livres e escancaradas, e as do Inferno com muita gente na fila para regressarem à Terra.
Perdemos muito da nossa integridade quando nos servimos de cábulas e quando começamos a copiar pelos outros na escola.
Aprendi desde muito novo que, sempre que nos fecham uma porta, devemos sair airosamente pela janela da rua.