António Prates
Todos eram muito bons no que faziam e não admitiam juízos a seu respeito. Os que não faziam versos não percebiam nada do assunto, e os que faziam versos eram quase sempre vistos como rivais.
Se soubéssemos o que os nossos amigos dizem de nós pelas nossas costas, todos fazíamos uma grande limpeza nas nossas amizades.
Quando um bolo aparece no meio da rataria, o egoísmo prevalece, quase ninguém se conhece, todos querem uma fatia.
Os homens sentem orgulho quando mostram as suas invenções às mulheres, e as mulheres inventam coisas que os homens não sabem.
Se olharmos directamente o Sol queimamos os olhos; se olharmos directamente a verdade queimamos a alma.
Passamos um terço da vida a dormir, e do tempo que passamos acordados, vivemos realmente o que sobra da inveja.
Alguns humanos que não suportam o bem-estar dos seus semelhantes à distância, aproximam-se para os tentarem detrair mais perto.
São os obstáculos e as dificuldades que nos fazem descobrir faculdades que antes nem imaginávamos possuir.
Os amigos virtuais são como todos os outros amigos. Muitos alardeiam esse estatuto, mas poucos realmente o são.
Uns inspiram-se nas aves que pairam nas alturas para tentarem subir mais alto, outros tentam abater essas aves.
Quando as pessoas não sabem viver em liberdade, a liberdade tem quase sempre um fundo negro para aqueles que a usam.
Antes de cada um de nós dizer que algo está mal, devemos ver primeiro o que fizemos para que fosse diferente.
A paz plena é uma quimera, complicada na entrega, e por ser assim, austera, deixa muita gente à espera do dia que nunca chega.
Quem perdoa não diz que perdoa. A capacidade de perdoar nasce connosco, e nem todos os humanos nascem com essa capacidade.