António Prates
Barba por fazer, sobrancelhas fartas,
olhar de quem sabe as coisas mais sérias;
recorda, no espaço, prazeres e misérias,
as lutas de classes num jogo de cartas...
Assina as passagens de toda a encosta,
com partes de tempo banhado na esperança;
o casal de rolas, aquela criança,
e aquela pergunta que foi sem resposta...
Lá vai destilando, em passos incertos,
tudo o que consome parece estar pago;
caminha, valente, vai pra Santiago,
que já se vislumbra de braços abertos...
A primeira lei que criava neste país: os políticos terem de justificar as promessas que não cumprem e serem condenados por isso.
As pessoas deviam pedir mais vezes perdão do que desculpa, ao invés do que fazem, porque pedir desculpa é mostrar arrependimento por um acto involuntário, e pedir perdão é a contrição de uma acção voluntária.
A vulgaridade atrai sobretudo os oportunistas. E há quem brinque com a sensualidade para que a vulgaridade tenha muito sucesso.
A autoestima não depende de as pessoas gostarem de nós, mas sim de estarmos bem connosco próprios se as pessoas não gostarem.
Se nos olharem dos pés à cabeça e começarem a rir, devemos dar graças a Deus, por contribuirmos para a felicidade dos idiotas.
A falsa modéstia é - mais ou menos - aquela personagem que se olha muitas vezes ao espelho na história da Branca de Neve.
O que é que "arde sem se ver" quando as pessoas se tentam queimar umas às outras? O "amor" de Camões não será, certamente.
O nosso melhor investimento consiste em tratar bem os nossos filhos e educá-los de uma forma equilibrada.
Para muitas pessoas, num casamento, o número de convidados é mais importante do que a felicidade dos noivos.
Lembrei-me de vocês todos hoje, amigos do Facebook, enquanto colhia uma dúzia de figos lampos e os saboreava debaixo da figueira.
Os animais mais parecidos com o Homem não são os macacos, são os abutres, as hienas, os pavões, as ovelhas e as cobras.
A desertificação é um paraíso para quem gosta de intrigas e para quem gosta de saber tudo da vida dos outros.
Grande é o privilégio de quem assume a sua loucura, num mundo onde quase todos tentam desmentir aquilo que são.