Antonio Montes
PITACO
É meu peixe...
Fique frio enquanto nada
pois nada poderá te afogar no rio.
Mas cuidado...
Cuidado com toda essas água
que no dia da deságua, será estio.
Nesse dia, não de rabanada sobre o ar
pois agora poluído, o ar pode matar.
ABROLHAR
Essa bola que me dá...
Vem redonda no meu peito
e faz meu coração pulsar.
As vezes fico sem jeito
e com seu efeito de chutar
o que me faz, é eu amar.
Essa bola que me dá, essa bola
faz gol, no meu abotoar da gola.
AGLUTINAÇÃO
Em um beijo todo torto
veio a mim com lábios dóceis
com meus anseios, beijei você.
Com sua sede de abraço...
lhe tomei em meu querer
hoje meus olhos, são pra te vê.
Me desse beijos para ficar
e eu... Abraços pra te amar.
EXASPERAÇÃO
Pela noite... Lá vai a lua
e a morte espreita a debruçar,
sobre vultos das sombras nas ruas.
Tem choro de menino
estampido de um terrível assassino
e os sinos do medo, estão rindo.
Lagrimas nos rostos desesperados
indica o presente, com o passado.
Antonio Montes
VENTO SOLTO
Aquele vento solto no chapadão
alargou-se pelos campos e na larga,
não alisou nada!
Balançou poste, derrubou placa
acalentou caminhões...
Tanta força, tanta força!
que até os olhos do motoqueiro
arrancou da cara.
Sabe aquele poço que estava,
sobre a margem direita da estrada...
Mudou-se para, margem esquerda
e transformou em chuva...
Toda a sua água.
Aquele vento solto no chapadão
causou danos, desconcertou coração...
A tudo que foi feito com as mãos.
Antonio Montes
INTEMPÉRIE
temporal d'água
com muita chuva
encheu as luvas
de enxurrada.
Saiu arrastando
carros pelas ruas
alagou as casas
minha e sua.
Desceu asfalto
sem nem um zelo
encheu as bocas
de todos bueiro.
Temporal d'água
veio com ventos
molhou as éguas
e seu jumento.
Antonio montes
ROSA MULHER
Olhe a rosa?!
_ Mas que rosa?
_ A Rosa Maria
Mulher do vigia
Ela zanza à noite
Dorme durante o dia.
_ Mas que vigia?
_ O vigia José
Que trabalha, trabalha
E a Rosa, nem café...
Eita mulher que falha!
Outro dia ela saiu
Logo ao entardecer
Invisível ninguém viu
E ela só foi aparecer
Na aurora ao amanhecer.
Bateu o pé por ai
Desobedeceu se mandou
Depois começou a mentir
Disse que foi caçar pequi
E na verdade com outro
Ela foi fazer amor.
Saiu de carro um dia
Com um cara lá da feira
Não escolhe a quem vai
Diz que tudo é besteira...
Ontem saiu de bicicleta
De fininho por ai
Foi até a beira do rio
Em dia assim de estio
Vejam o que poderá vir.
Garra agarra ela brincou
A tarde toda com amor
Que a outro prometeu
De fininho ela voltou
Jurou para o seu senhor
E para a nossa senhora.
Valei-me meu Deus!
Leva a vida sempre assim
Nem ora e não sabe rezar
Na igreja ela não vai
Sempre zanza por ai
De cara com o satanás.
Antonio Montes
A MENINA POETISA
Mamãe eu vou ali, voltarei já, irei colher flores de maracujá... Eu posso ir mamãezinha?..
A senhora vai deixar?! _ Vá, mas volte logo filha minha não se esqueça de que você é a perola dessa família.Além do mais já é quase chegada a hora do almoço: meio dia, e depois eu não quero te ver envolvida com garotos.
_ Oh minha mãezinha!’ porque tanta ladainha assim! Eu também quero ter tempo para passar no jardim... Colher folhas de alecrim, E aqui aproveito a nossa prosa para te falar que das rosas eu colherei pétalas, para mim, e também trarei para ti pétalas de flores de todas as cores
lindas grenás como sabe, todas as rosas vermelhas esboçando os meigos amores.
_ Minha filha você também tem a lição escolar para fazer; meu sonho filha minha, e a minha paixão para quando você crescer e for uma médica sensível e cheia de mimo como você é,
e sempre será.
_ A mãezinha a senhora ainda não sabe que se estuda muito para ser médico, e assim com esse poder aquisitivo baixíssimo que nos possuímos, é claro que nunca serei uma médica.
Nessa via só sou menina pobre só sei brincar,
Brincar de boneca, pula corda ciranda, eu sei
rodar, gosto de bambolê pular sorrir e cantar
nasci para ser rainha do lar medica não serei!
Quem dera chegar lá?! Tenho estudado:
Anatomia, matemática socialismo e biologia
Para que desse modo de ser, pobre eu saia
um dia. Mas aqui, a vida é simples, sem stress
sem conta e sem processos, não tem carros
nem aglomeração os dias são meigos
e a esperança existe no coração.
A lua por aqui, a noite ainda se vê no céu
Ver também todas as estrelas... Sobre o sol,
se anda de chapéu observa-se as chuvas
as enxurradas a correr fazendo aranzel.
Ver também o vento farfalhar as folhas
O joão-de-barro revoando para lá e pra cá
fazendo a sua casinha e com a sua amada cantando a namorar, tenho visto o
tico-tico no terreiro bicando o fubá os
pássaros todos alegres a chilrear, o galo
no poleiro apresentado o seu cantar.
Mãe eu não sei se quero ser medica viver
sob quatro paredes não me agrada. Não me
agrada aprender tanto, tanto! Para depois
viver sobre tensão carregando um controlador
“bipe” e nunca mais da vida nada!’ poder degustar, sou mesmo uma pessoa simples,
admiro a saúde a paz e o amar, fico feliz
apenas com uma musica, um cantar.
Antonio Montes
REFLEXO
É o cachorro perseguindo osso
é o pássaro pulando atrás da fruta
é o vento doido no mês de agosto
é o bruto testando a força bruta.
É a espuma do mar sempre persistindo
é o lobisomem namorando a lua cheia
é a saudade tirando o todo o sossego
é o desespero da mulher feia.
é a morte amável e amiga de adeus
ao mesmo tempo inimiga da vida
pensamentos dos outros não seu teus
são todos tortos em causas perdidas.
Os pensamentos sim, são mesmo torto
irmãos de todos os infelizes aleijados
em vida têm enjoou, vômito e aborto
orgulho, vontades e desconfiados.
O galho da rosa não tem somente flor
tem caule com casacas e também espinho
o mundo é uma precisão de paz e amor
para encontrar-se com meiguice e carinho.
Antonio Montes
MENINA NA RUA
Menina pela rua,
presa em seus sentimentos
vê o sol em seu tempo
preso em sua janela.
Em seu sonho sem dono
nunca acha a razão
no peito triste, seu coração
chora o seu abandono.
Seu arco-íris é quadrado
pelos ferros da vida
saudade,todavia é doida
em seu mundo de entalo.
Escora-se, em suas esperanças
no passo a passo dos sonhos
seu caminho, ficou medonho
desdê o tempo de criança.
Antonio Montes
SONHO D’OIRADO
Peixe dourado d’oira
Os olhos da minha amada
Embelezando-os com o sentir
Com sua beleza d’oirada.
Ali na margem do lago
O peixe d’oirado eu vi
Expondo o seu lindo nado!
Que a meu fado consenti.
Nade meu peixe d’oirado, nade?
Nade... Nade em seu existir
Nade o seu d’oirado pra mim.
Sob o meu coração... É verdade
Que sempre estive junto a ti
No meu sonho... Assim, assim.
Antonio Montes
ARIDEZ
Aquela poça d'água
cheia de enxurrada
com seca, secou...
Não sobrou sapo, lama
nada... Nada sobrou,
alem da dor.
As flores do sertão, estão murchando
rios sem verde, leitos sem vidas.
Antonio Montes
EXPECTAÇÃO
A carta em cima da mesa
com palavras toda florida
contem frases de esperança
e pautas cheias de vida.
Relata, meigas saudades
atos de dóceis de carinhos
cita até certas vaidades
do tempo cheio de mimo...
A carta em cima da mesa
marca uma época de amor
rascunha ali uma certeza
que no amar, não existe dor.
O que existe é alegria
com sol límpido e preciso
um sonho a cada dia...
Alvorecer cheio de riso.
Antonio Montes
CHORO A VENDA
Vende o choro da esperança
lagrimas expelida a banho
vende o avanço da medicina
em gotas soltas de sonho.
Compra um canto de um canto
de um amor belo encantado
compra felicidade com encanto
e paz reinando a todo lado.
Compra as flores do arrebol
com lenço branco exposto ao sol
dadiva de luz, sem nostalgia.
Compra a energia do universo
junto à poesia rimas e versos
e felicidade expressando alegria.
Antonio Montes
COMO PORTA
Como porta em seu vai e vem
abrindo para se fechar
se escancara...
fecha-se em suas costas
Ou tranca-se em sua cara.
Se vai pra fora... Volta...
Pelas frestas dos meus sentimentos,
vejo o fim com a sua partida
mas você chora, chora vertendo...
Lágrimas em sua despedida.
Você passa e vai embora...
Meus pensamentos te seguem,
abrindo para sua volta
si comportando, como porta.
Antonio Montes
DESFALEÇO
O meu amor é eterno...
Feito para lhe dar,
mas se você não querer...
Eu não me quero, porque...
Somente em você encontro
O doce gostoso d’esse amar.
Atiro-me em seus braços
para aninhar-me em rede
no aconchego do seu querer
e me deleito com seus abraços
aonde,no carinho, umedeço...
Morrendo por você.
Antonio Montes
RECADO MORTE
A morte como sempre, atualmente
Ela anda muito ocupada
Com suas entregas
E com, os tamanhos de sua fila...
Ela nem sabe a que leva!
Morte, morte...
Vê se desintegra o seu golpe
Aos ladrões do alto escalão
Lá de cima!
Aos fortes...
Aqueles que sempre aproveitam a vida.
E enchem todo o querer.
Deixe a vida brincar com os fracos
Que esses, sempre no buraco
Mesmo enterrados até o pescoço
Sentem sempre muito...
Muito medo de você.
Antonio Montes
DIALOGO COM A MORTE
Ouvi falar de você por tanto tempo
até por algumas vezes, eu vi você se manifestar
agora sem pra que,você quer me levar...
Nada me falou
nada me disse
eu não sei nada! Nada,
não sei o que tem do lado de lá
Tudo que sei...
é somente o que ouço falar.
Não, eu não quero ir
sem querer, não eu não mereço!
Além do mais eu só conheço
o que tenho por aqui.
Eu não quero ir para um lugar,
que eu nunca vi!
Todavia por aqui,
nunca teve como deveria de esta
também nunca tive o que quis.
Mas mesmo assim, da pra viver
às vezes chorando, às vezes feliz
olhamos o crepúsculo o luar
olhamos o romper do sol
vivemos o amor o amar
e temos esperança com o alvorecer,
gora me diga...
Como pode ser bom um lugar
que para ir até lá...
Primeiro tem que morrer.
Porque você é tão teimosa assim
Não ouve
não tem educação
apenas desce e vai levando
que queira, que não.
Deixe-me respirar
deixe pulsar o meu coração
Além do mais...
Eu não sou de você
não te pertenço
você não tem direito sobre mim
eu nunca te cobrei nada
nunca te fiz pedido, nem rogo
nem promessas ao pé do ouvido.
Não! Eu não quero fim,
deixe a minha vida assim.
Antonio Montes
BANDEJA DA MORTE
Bomba asfáltica
quietude de ossos
decoro do tédio
engano do colosso.
É o fim do sorriso
a parada da vida
é o choro contido
na anciã escondida.
Bandeja asfáltica
extensão do campo santo
é a lamina da estrada
é o choro do canto.
É o fim dos animais
a fauna se extinguindo
quem dera os encentrais
ver esse caminho ruindo.
Antonio Montes
FLAVESCENTE
Peixe d'oirado, d'oira
os olhos da minha amada
e o gosto da sua senhora...
O prato branco de louça
a mesa toda enfeitada
e o alvo prata da roupa.
Peixe d'oirado d'oira
o céu do meu jardim
e o amor que sinto por ti...
D'oira a lua e sua calma
todas as estrelas da noite
e os sonhos da minha alma.
D'oira a esperança do meu ser
sentimentos que me arrastam
com a vontade desse querer.
Peixe d'oirado d'oira
os sonhos do meu agora
e a hora, que estou com você.
Antonio Montes
SOTURNO
Eu tenho criado mudo...
Mudo no quarto não fala
as vezes mudo do canto
mas nunca chega na sala.
Mudo sempre na casa
sem palavra ali, pronto
aonde guardo as cartas
e lagrimas desse pranto.
Já tentei falar com ele
ele... Sem fala não fala
silencio eu sei, é d'ele
as lembranças nos abala.
Criado mudo me ensina
viver sem nunca chorar,
padecer é minha sina...
porque choro no amar?
Antonio Montes 24/10/16
UTOPIA
Com laço d'essa saudade
amarrei minha paixão
na corda da felicidade
dei o nó no coração.
Fiquei sufocado ao ar
sem poder nem respirar
meu Deus quando eu voava
queria, tanto amar!
Hoje sem minhas asas
meu horizonte encolheu
meu voou, dentro de casa
meu sonho é eu mais eu.
Agora é dentro do sono
onde posso navegar
sentimentos tem dono
acabou-se o esticar.
Antonio Montes
BOLA CHEIA
Bola cheia, levando tapas e peias
girando, pulando vai bolando
Estapeia, escorregando na areia
aos pés dos chutes pulsando.
Aos olhos da bicuda, saltando
na ponta do dentão, encandeia
sob mãos do torcedor, aplausos
ao pescoço do senhor as veias.
Bola cheia, pingue pongue na lua
peladas, chutes no pedaço da rua
olhos da esperança, vida continua.
No campo no peito e no abraçar
no pé no olé ludibria no enquadrar
na quadra desenquadra a rodar.
Antonio Montes
EMANCIPAÇÃO
Liberdade! Liberdade
Pelos arames de fome nas fronteiras
pelo choro ensacado no lixo
pelo roubos de vidas inteiras
a prisão da ganância o enguiçou.
Liberdade... Liberdade!
Pelo choro das ruas escuras
pelos porões da solidão negra
pelos mórbidos semblantes das ruas
e o funeral dos sentimentos piegas.
Liberdade... Liberdade!
Ao salário mesquinho de fome
as vontades perdidas e vãs
as lagrimas de esperança do homem
e pelos ofuscado café da manhã.
Liberdade... Liberdade
Pela liberdade de ir e vim
pelo direito do desabrochar da flor
e gargalhada do saudável sorrir
na expressão do verdadeiro amor.
Pelo aparecimentos das rugas
o respeito e direitos da idade
pelo sonhos que não tem fuga
pelas asas livres... Liberdade!
Antonio Montes
VOCÁBULO
Com a chuva...
O verde, há vida bate palmas
pássaros aos ventos, expressam as asas.
Peixes nas águas, rabanadas
joão-de-barro no galho, faz sua casa
pra viver com sua amada.
As invernadas incorporam-se as cores
enquanto o dia, amanhece louvando amores.
Antonio Montes