Anne Mahin
Da vida,
não guardou lições,
nem ao menos
bom conselho.
Sabe tanto de si
diante de todos...
Mal se reconhece
em frente ao espelho.
Se fujo de mim,
tão perdido, indago:
Para onde devo ir?
Do contrário...
Tanto me perco,
se teimo em me seguir.
Da prudência
Se me calo
e guardo juízo,
quem me tira a razão?
Se eu falo,
sou breve e preciso
entre um sim e o não.
E, sobre a campa, na alva lápide marmórea,
uma história inteira em frase resumida:
tinha alma, coração e olhos de poeta.
Se bem viveu? A ela bastou sonhar a vida.
Meu tempo
Dispenso a esperança,
expectativas não crio
e, se planejo,
nem é tanto assim...
Vivo o presente,
caminho sem pressa.
O amanhã, se chegar,
que espere por mim.
Às vezes,
sou pura inércia,
silêncios de jazigo,
mármore frio...
Às vezes,
sou desassossegos,
tão prosa e verso,
palavras no cio...