Anna Flávia Schmitt Wyse Baranski
No deserto
sem ter condição
de te enxergar
no meio
da tempestade
de areia,
Pois ali você não
se encontra,
De ti o meu peito
toma conta,
Entre nós você
deveria estar.
No passo
da caravana
que segue
em silêncio
carregando
os meus
versos nômades
na bagagem
rumando
ao oásis
do coração,
Como já de ti
tivesse em mim
os beijos teus.
No fundo sei
que te pertenço,
Só sei que
não nos
encontramos
porque ainda
não é tempo,
e a travessia
será longa,
Eu sei que
te ilumino,
Dos teus lábios
sou o sorriso
como a evidente
Estrela do Oriente,
canção de amor
e de recomeço.
Se comprometeram
de cuidar da sua
dor e pelo jeito
não cumpriram,
e cheguei crer
que iam levar
você a sério.
Na falta a quem
recorrer,
peticionei
ao poeta da multidão
porque vivemos
num mundo sem coração.
De ti não mais falaram,
fui procurar ler
na Sebastiana
e não li nenhuma
notícia ou indício,
não sei se estás vivo
ou te mataram.
Direto da estação
Da história envio
E repito o recado:
Da trincheira eu
Sou o último soldado.
Jamais terei o meu
Espírito descansado
Enquanto não ver o
General bem tratado,
E sobretudo libertado.
Como o tabaco fino
Que fascina e vicia,
Os meus versos são tudo
Aquilo que não havia
Sequer um dia imaginado.
Ainda o dia
não raiou
como gostaria,
não sou
de rodeios,
me traga
o General
são, salvo
e com vida,
Porque tenho
na testa
a estrela
de Madiba.
Canção de Luísa,
meio Bossa-Nova,
meio ousadia,
jamais esquecerei
da tropa presa
por brutal injustiça.
Ninguém mais sabe como
E para onde foi Lorent Saleh,
Ninguém mais ouviu sequer
Falar em devido processo legal,
Ninguém mais sabe de nada
E nem dos direitos do General.
Ninguém sequer mais sonha,
Ninguém sequer está dormindo,
Ninguém sequer mais se fala,
Ninguém está sequer cantando,
Ninguém está se alimentando,
Ninguém está mais sorrindo.
Ninguém sabe que a vergonha
Tem mais de um endereço certo,
E que vai além do Helicóide;
Envio esse poema como o céu
Envia para a Terra um OVNI
Para quem os maltrata à toa.
Ninguém resolve mais nada,
Ninguém mais sabe da tropa,
Ninguém possui mais fé,
Ninguém procura mais a saída,
Ninguém está contente com tudo,
Ninguém imagina uma alternativa.
De ninguém para ninguém
É assim que também me sinto,
Porque ninguém está me ouvindo;
Que ninguém se sinta ofendido,
Pois é assim que um povo se sente
Quando não tem mais governo,
E nenhum apoio: NINGUÉM.
Melodia llanera cantada
para todo o continente,
que em sinal de gratidão
devemos honrar quem
sempre cuidou da gente.
A ironia do destino acena,
que cada um não tema,
e levante uma bandeira
de honra e defesa
para mudar o destino
que foi pelo rumo
que não deveria ter ido.
Entregue nas mãos de Deus,
mas não deixe de fazer
a sua parte pela História,
Ele sempre contempla
por quem busca a glória,
por isso peça que se abra
as portas das cadeias
para a sacrificada tropa.
Não que você
não mereça
eu te querer,
Você em pouco
tempo povoou
a minha fantasia
Elevando a minha
vaidade feminina.
Não posso ficar
onde sei que não
tenho como
emocionalmente
sustentar;
Não preciso
prever o futuro
porque sei que
entre nós tem
tudo para dar errado.
O amor pede de nós
profundos cuidados,
Da forma que você
está acostumado,
Não sou eu é que
farei impossível
para te modificar.
Não, não há nada
de errado comigo,
E nem contigo;
Apenas temos
expectativas
diferentes,
Só não quero
colocar o meu
coração mais
sob o teu perigo.
Cruzou uma
borboleta
amarela,
e entre meus
seios repousou;
o rumo tomou
e algo inspirou
que o amor
estará surgindo.
Não perco
o meu olhar
sobre você,
e por ti não
irei deixar
de esperar.
Fui plantar
as rosas
do destino
para quando
a vida
nos colocar
no mesmo
caminho.
Longe irei,
se precisar
com a condição
de não deixar
o amor se perder,
e eu não voltar.
No silêncio desta
noite nos prevejo
no giro do carrousel
dos teus abraços
e adorando os seus
beijos no melado
doce dos teus lábios.
Na galáxia dos teus
olhos profundos
navego ao ponto
de perder horas a fio
nos teus castanhos
e sublimes mistérios
de nossos desidérios.
É a lembrança do
que não vivemos,
porém sentimos
como já nós nos
conhecêssemos,
e silenciosamente
nos pertencemos.
De maneira mística
a sua presença
e a ausência capto
como estivesse diante
das minhas vistas,
Não fazes nem idéia
de cada sonho que
venho embalando
e reinaugurando
o Ano Novo a todo
o romântico instante.
A verdade nós dois
sabemos o quê já
está escrito sobre
tudo aquilo que
nos faz a cada
dia mais unidos
e mais absolutos.
A praia pode
estar deserta,
Você nunca
estará sozinho,
No coração
sou presença
que não
se ausenta
nem quando
o olhar
se distancia.
Eia a indecência
que te aquece
como o sol,
aos teus lábios
é sal e oceano
que te intensa!...
O silêncio é
a proposital
forma de
trazer a tona
o que arrepia,
e para você:
sou o sublime,
o apelo,
o que levita
e a tua fantasia.
Não nos
conhecemos,
E como
conhecidos
fôssemos,
Tu me trazes
para ti abrindo
espaços,
Com esse
jeito atrevido
Forte como
um raio,
Intenso como
um oceano
E com uma
pele igual
ao sol
acendendo
o amanhecer
caribenho.
Sem dar
chance de
pensar nas
consequências,
E de surpresa
me levou
para um
rumo impensável
ao paraíso
e impenetrável.
O teu carisma
apaixonante
me fez absoluta
e rendida,
Ao permitir
escrever em ti
um ousado
poema sobre
o teu corpo
que é um em si,
Reconheço-me
mágica e divina,
e celebrante
do incontável,
Assim me vejo
nas mãos
do imensurável
sob o jugo sedutor
deste teu calor.
Celebro o teu beijo
em cada rincão
do meu corpo
eis o meu segredo.
Não sei se és
minha realidade,
no fundo sinto
que já sou
a tal chama
que em ti arde.
Sou a confiança
de uma criança
que pede por ti
para não temer
a noite escura.
Orgulho solene
de me sentir
erótica, quente
e rica como
uma divindade
por ter feito
você satisfeito
adormecer entre
os meus braços.
Sem você
me ver
te beijo
com igual
entusiasmo
de dois jovens
sob o luar
numa cidade
esquecida
e abraçados
no portão
de casa.
Darei este
beijo casto
para receber
o teu ainda
mais puro
em troca,
e com franca
intenção
de ganhar
o teu lindo
coração.
Algo diz
que isso
ocorrerá
no tempo
certo que
é o tempo
que não
importa,
a vida nos
surpreenderá
na porta
como nunca
aconteceu.
Plantei amor
no coração de
um pássaro de
rara plumagem,
É por ele que
aguardo acima
dos séculos,
para dar
o sobrevoo
e o mergulho
no oceano
da paixão.
Mantenho
a alma
recatada
em secreto
para não
dar pistas
do nome dele,
Porque no fundo
sinto que sou
respondida
mesmo sem
estar ao lado
porque no peito
ocupo espaço.
De Alotaiba
os mais lindos
versos peguei
emprestados,
Consagrarei
os nossos mais
augustos passos;
Não buscarei
o porquê do destino
ter pregado a peça
de desejar viver
entre os nossos
futuros abraços.
Apreende na tua
sede os teus
lábios aos meus.
Porque não
sei nem por
onde começar...
Apreende na tua
fome o meu
corpo ao teu.
Porque longe
de mim
querer me
salvar de ti.
Apreende o meu
peito bem
unido ao teu.
Em ti não
serei mais eu,
seremos
o infinito.
O importante é que
o desejo de estar
no mesmo caminho
tem sido o presente
superar os obstáculos
do destino e tornado
a espera contente.
A vida brinda
a cada um de nós
com amores possíveis
e os impossíveis
para termos forças
para superar
as tempestades
que sugerem
ser implacáveis.
O imprescindível é
que nós nos temos
de olhos fechados,
e com o mesmo
fervor de jovens
enamorados
e a confiança
no giro dos astros.
No meu universo
em turbilhão
te protejo meu
amor de rendição.
Te querer por
perto pode
ser grande
tal ambição,
mas não vou
deixar perder.
No meu jardim
em silenciação
te faço meu
amor em flutuação.
Te querer por
cada segundo
e instante
por ser grande
tal adoração,
sou tua antes
de sequer
imaginado,
eu te sinto
todo o dia
mais apaixonado.
Carrego em mim
o silêncio e a jura,
mesmo sem ter
jamais te ouvido
antes na vida,
e me fixo tua.
Cabe a nós
o recato para
a preservação
daquilo que
nos espera
e faz o coração
permanecer
em sinfonia.
Quando o amor
é inevitável,
os astros dançam
no absoluto
e indomável,
em nós o paraíso
já é impenetrável.
Certa daquilo que
nos une e move
as montanhas,
venho preparando
o quê há de ser
além dos dias
e distâncias;
e assim será.
Venerando a liberdade
em todas as instâncias,
Na voz da esposa
do Tenente Coronel
que está desaparecido,
E presente na voz da esposa
que não pode sequer
se pronunciar e ela
nem sabe que eu existo,
mas por ela sinto:
Na voz do pequeno filho
que ainda nem tem
vocabulário para falar,
E assim sou a voz
dos que não
podem ter voz,
mas justamente
todos estes me têm;
Eis me aqui a reivindicar
junto a sua consciência
para que coloque toda
essa história no lugar,
Inclusive, sou contra o feroz
bloqueio que não deveria
nem ter começado,...
Cadê a liberdade do General
que nem deveria
seguir aprisionado?
Enfim, superam cinco
centenas de discordantes
pelos cárceres,
os militares em mesma
situação há confronto
de cinco dados,
mas superam
a duas centenas;
Não dá para esperar
para trabalhar
por um país reconciliado.
Não ouvi o discurso
do orador em comemoração
a Batalha de Boyacá,
Mas o quê li a respeito
feriu-me gravemente como
punhal o meu coração,
E quero crer que seja
um equívoco ou se trate
mesmo de uma mentira.
Pois quem se encontra
preso por discordar
do poder vigente
mesmo em tempos
de paz e não desertou:
Jamais pode ser chamado
de traidor e dele
não pode ser tirada a vida.
Não se impõe disciplina
sacrificando ou incutindo
medo na tropa,
Um agir desta forma
é o pleno abandono
da herança mirandina.
Disciplina se impõe com amor,
constância e culto a valentia,...
Porque do meu breviário
sempre sairá
poesia insistente
que abra a sua mente,
ilumine os seus olhos
e restaure o seu coração
em nome dos mais
altos valores de Bolívar:
Pela liberdade da tropa
e do General não
vou parar nenhum
segundo de clamar.
Dedos apontados
para quem
se encontra
injustamente
fragilizado
porque preso
foi levado,
o destino
costuma
lecionar
a quem
'interessa'
de um jeito
preciso,
não esperado,
e jamais superado.
Não procure
provocar
aqueles que
buscam
teorias
estranhas
no subsolo
da moral,
aplaine caminhos
e apenas peça
para as estações
do tempo as conduzir,
e a solene sabedoria
do vento as carregar.
Não há o porquê
nenhum tipo
de contenda travar,
esse tipo de gente
nas próprias tramas
irão se enroscar,
porque cedo ou tarde
a vida mostra
que é assim,
enquanto vendem
aquilo que não são,
há gente cantando
na travessia,
e muitos plantando
flores no jardim
a espera do novo dia raiar.
Como não havia
encontrado
a palavra certa
para explicar
muito além
da liberdade,
Fui versando
sobre as nuvens
eletrizantes
da tempestade.
Chegou a hora
de contar o porquê
de tanta poesia:
a vida é capaz
com o pincel
da ironia pintar
as paralelas,
essa é a realidade
da História do Brasil
e da Venezuela,
não há como ser
indiferente e se calar.
Como uma praga
que devasta
uma lavoura,
O assunto é
mais grave
do que se imagina,
não sei o quê
será do destino
do continente,
ninguém tem
compaixão
do destino
da nossa gente,
que a verdade
seja dita:
não nos ensinaram
a nos amar,
e a nos fazermos admirar,
pedir pela libertação
da tropa já virou rotina.
Tudo consta que eu errei,
mas ainda prefiro pecar
pelo excesso de humanidade,
assim vou exigindo
que contem tudo sobre
a verdade, porque não
sou e nunca fui
de fácil convencimento.
Ariana liberada,
em condicional está
a liberdade,
e deixo bem aqui
a perplexidade:
a história da Capitã
está mal contada,
dizem que o filho
não foi preso,
Nina não
foi extraviada,
e ela tampouco
foi torturada.
Dizem que o único
prejudicado foi
o pobre cirurgião,
aonde está a nobreza
dessa gente que diz
que é cheia de coração?
Sigo no meio
das Mães e esposas
perseguidas
pela opressão,
quero a base
da poesia abrir
as portas da prisão.
Tudo mostra que
o desvio tem
sido certo,
falam de tudo,
menos do centauro
preso injustamente,
atitude de gente
que não me convence,
atitude de quem quer
apagar a injustiça
contra um homem correto.
O código da vida é bem
Claro toda a vez que
Ele fala comigo:
"- Ao vencedor
se deve a glória,
e ao vencido a honra."
E por isso persisto,
Que não se deve
Chamar de justiça
Aquilo que mantém
Preso quem sempre
Trabalhou pela paz,
E nunca foi inimigo.
A fé indestrutível
De quem é de paz
Faz história,
E mesmo que neguem
O quê lhe é devido,
O destino não abandonará
Aquele que é amigo.
Quintilis deu o seu
sinal inaugural,
abrindo as cortinas
para o próximo
capítulo e as luzes
pouco a pouco
estão sendo acesas,
não negue a justiça a lei,
se és mesmo de fina grei.
Não me negue jamais
a verdade à história,
para os poetas o quê
vale não tem a ver
com poder ou dinheiro;
e sim com a verdade
o fim da agonia,
a glória e liberdade,
a poesia sempre será
infinitamente maior
do que a crueldade.