Angélica Monção Lima

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Sinto a brisa do mar batendo no meu rosto, é o vento dos meus sonhos soprando minhas janelas.

Vamos sempre devagar, sorrindo, sendo poesia.

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Diferente.
Essa palavra sempre me perseguiu.
A medida que crescia todo mundo dizia: "- Essa menina é diferente!"
Eu nem bem entendia o que isso queria dizer, mas isso era só o começo das minhas excentricidades.
Todos, incluindo meus pais, me olhavam daquele jeito.
Fui descobrindo que não era o sujeito do predicado - eu era sujeito de outro mundo.
Um mundo que era meu e de mais ninguém.
Meus poemas, meus desenhos, minhas atividades, minha música, meu gosto gastronômico, minhas opiniões.
Para alguns eu era "hiperativa" demais, para outros lenta demais.
Nunca me dei bem com esse negócio de medidas. Nunca soube o ponto certo. Sempre transbordei.
Sempre fui dada aos exageros, sempre fui entregue as minhas curiosidades e minha particularidade. Sempre gostei de provar grandes emoções e sentimentos.
Nunca chorei pouco, nunca ri pouco (normalmente faço os dois ao mesmo tempo dependendo da situação), nunca sonhei pequeno.
O óbvio para mim nunca é o suficiente.
Sou um poço de extravagância.
O Tempo professor está me ensinando uma coisa, uma matemática simples (talvez a única matemática que eu realmente consiga entender), para que as pessoas não passem pela minha vida sem provar a melhor medida de mim, eu coloco minha excentricidade nas coisas simples e pequenas e distribuo segundo o Amor me pede.
Pois aquilo que diferente é difícil de achar. Tudo que é difícil de achar, se torna raro. E tudo que é raro, vale muito.

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Me peguei observando as linhas no canto do olho do meu pai.
Me fez parar pra pensar.
O tempo é pouco para uma vida que é muito.
Achava que correr me faria ganhar tempo, só perdi.
Hoje, estou entregue a ouvir a música do vento, ao beijo lento, ao abraço apertado, da leitura sem pressa, do sossego de desenhar.
Não virei hippie, sou avessa a rótulos.
Só me dei conta que deleitar na vida não vai me fazer escapar da morte, mas me faz ganhar sorrisos, momentos, recordações e futuro, essas coisas que dinheiro não compra, sabe?! Assim, eu ganho.
Tenho que construir patrimônio, "mas de que vale ganhar o mundo e perder a alma?" A calma? O sono? O tempo? O toque? O sonho? A saúde? A alegria?
De que vale uma vida de nada?
Daqui um tempo as linhas no rosto vão desenhar a saudade. E eu me preocupo com a qualidade que essa saudade vai ter.
Me preocupo não com a forma que meu corpo vai tomar, mas que história ele vai ter pra contar de mim.
O velho está aí, a cada minuto que passa.
Não temo o tempo, temo o que é que ando fazendo dele.

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Não temo o tempo, temo o que é que ando fazendo dele.

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Te desejo isso: Que seu sorriso conte mais de você do que qualquer atitude sua.

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Mudar custa caro.
Não o preço de transportar de um lado para outro.
Custa o preço de transformar aquilo que foi para aquilo que se quer ser.
Equivale ao preço de não se acomodar, de ser diferença de si mesmo.
Vai além de um corte de cabelo e uma roupa nova.
Está além da casca, é uma mudança no miolo.
Não está apenas na mudança do pensamento e do corpo, mas está na atitude que vai da ponta dos dedos até o último fio de cabelo.
Esse tipo de mudança custa caro, porque não exige do seu bolso ou carta de crédito bancário. Exige do seus sonhos, dos seus objetivos e tem efetividade mesmo, quando tem sua realização.
Mudar exige - tanto - que a maioria não consegue. E isso não é por falta de vontade não, é por falta de conhecimento próprio.
Se conhecer é uma vigem maravilhosa, mas um deslocamento doloroso também, sofrido muitas vezes.
Mudar custa o preço de descobrir o que é único dentro de você e transformar em algo muito melhor.
Vale o preço de não ter o "espírito de Gabriela" do Jorge mais amado descrito por Caymmi - nasci assim, eu cresci assim, mas não preciso ser sempre assim.
Vele o preço de não apenas ser diferente, mas como amar as diferenças e principalmente respeitá-las, as suas ou as nossas.
A mudança de verdade, não apenas altera e desfigura, ela transforma um ser em outro Ser. O Ser que chamo de "mais ainda", não pela quantidade, mas pela qualidade de Ser na sua própria existência.

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Não sou a causa, mas posso ser o efeito.

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Quando a alma anda maior que o corpo - isso é liberdade.

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