Ângela Beatriz Sabbag
Estou com a leve impressão de que eu quero chorar...amor que partiu sem que o tempo permitisse um único adeus, amizades que se foram, e pior, acho que nem eram amizade de verdade, era apenas o simulacro desse amor mais lindo que existe entre as pessoas, aprendi a compartilhar mas aquele que se acha mais esperto pega o compartilhado só para si. É, ainda continuo com a impressão de que quero chorar, por minhas, por suas e por todas as misérias que fazem ciranda conosco dentro da roda. Me diga aí, por favor se o mundo já acabou. Não precisa confirmar não, tenho certeza de que o mundo tal qual está já é finito há bastante tempo. Se se confirmar essa intuição forte de que estou com vontade de chorar, pego um lenço bem alvo, enxugo as lágrimas que porventura pulem dos meus olhos como suicidas mergulhando no vácuo, respiro fundo e rezo para suportar todas as novidades que ainda estão por vir. E assim um tantinho recuperada, vou abrir o meu sorriso mais sincero e mais acolhedor possível, pois assim agindo estarei ajudando a outros tantos seres assustados como eu.
A visita que chega amanhã me enche de felicidade. Segunda-feira guardiã de esperanças renovadas, de frescor no duro concreto armado da realidade, de nuances inéditas para a paleta de todos os pintores. Quando uma criança nasce, com ela renascem nossas crenças de dias melhores, e na sequência da semana comparo a chegada da segunda-feira ao nascimento de muitas crianças nesse mundo tão adulto.
Me via naquelas pinturas antigas,
Me encontrava entre aquela gente das fotos amareladas,
Me enternecia com histórias pretéritas,
Me encantava com a conduta dos homens que nos antecederam.
Talvez eu não seja desse tempo,
Pode ser que esteja tudo errado,
Talvez eu seja de tempos antigos,
Pode ser que meu lugar nunca tenha sido aqui.
Somos mares, vejam bem: sujeitos às marés e aos rios que passam em nossas vidas. Que venha sempre o Sol!
Dias de muita preguiça da humanidade. E antes que me acusem de me colocar fora desse conceito vou logo avisando que sou parte integrante do mesmo.
Bia morreu.
Morreu?
Ah, quer saber? Já foi tarde...
Antes ela do que eu.
Epa! Mas essa tal de Bia sou justamente...
Quando bate aquela melancolia dominical de final de tarde, surge em sua memória lembrança de épocas mais felizes, onde a vida corria sem essa pressa atual, onde o final de tarde era só um pretexto para a família se reunir na cozinha enquanto a mãe preparava uma panela imensa de sopa. Aquele cheiro, juntamente com o calor e o burburinho das vozes misturadas sempre foi a melhor receita para aquecer a alma, para dar forças para todos ali enfrentarem felizes a semana que se iniciava.
Queria ser muito menos emoção do que razão, mas lutar contra nossa natureza não é empreendimento fácil.
Mesmo que carregue nas lentes cinzas dos óculos não consigo deixar de enxergar o mundo tão cor de rosa. Acredito piamente em todas as boas intenções, em toda a boa vontade e acredito sempre que o mal entendido que vergou uma amizade depois de esclarecidos todos os pontos volte a fazer o sentimento tão ou mais robusto do que sempre foi. E vou confessar uma coisa que se passa com pessoas assim como eu: dói muito, machuca pacas ser assim.
O frio é o oposto do calor, é o clima, é o inverno. Mas se a gente parar para pensar, o frio é muito mais subjetivo do que uma realidade incontestável. A falta de afeto, de um lar, de uma família, o medo de perder um ente querido juntamente com a falta de uma sopa quente e uma oração provoca muito mais frio que os graus negativos da Escala Celsius.
Acho que é equivocada a sensação de sentir-se só e abandonado quando se está triste, quando por qualquer motivo você esteja na pior. É que na adversidade a sensibilidade aflora em proporções assustadoras, tornando a pessoa carente, e estando assim, mesmo que todos os espaços estejam preenchidos, permanece sempre a impressão de lacunas...
A felicidade é a melhor companheira que existe!
Boa noite!
O cumprimento é extensivo a toda gente,
Não há noite boa se uns estão felizes e outros descontentes.
Catherine estava com a libido fazendo-a febril. Até quando conseguiu contar já havia tomado várias duchas geladas, mas não havia outro remédio capaz de curar-lhe a não ser o ardor costumeiro de seu amante.
À medida que o tempo passa vou me cobrindo mais, me fechando em capas e copas, observando sem me expor. Agora vige em minha vida muito mistério, acho que consequência de um momento mais sério, onde deixei as páginas do livro da minha vida mais enigmáticas e guardadas seguramente graças a um cadeado. É tempo de meditação, de mudanças de prioridades e de muito a contragosto me despir de ilusões que já não me permito mais ter.
Eu não sou para o seu paladar,
Não para a sua visão,
Sou a medida da sua audição,
Do agrado do seu olfato,
Sou o livro que você não se cansa de ler em braille.
Hoje nós não estamos mais tão ligados a corpos perfeitos,
Estamos mais afeitos a afinidades que nos ligam,
Perdemos a vontade de outros barulhos,
Nos satisfazem nossos próprios arrulhos.
Ando a não escrever coisas de amor nem de paixão, o posto de muso inspirador está vacante. Pior que não é fácil preencher a vaga posto que não há pré requisitos, o muso é como mágica, ele acontece.
Cabides pendurando grifes são muitíssimo mais elegantes do que certas pessoas. Cabides não falam, não andam e não agem. Melhor um objeto inanimado cumprindo a finalidade a ele destinada do que seres humanos que se acham o supra sumo da elegância porque podem possuir tudo o que de mais fino o dinheiro pode proporcionar. Ai, dó!
Quanta saudade eu sinto de você,
Por quê?
Sentimentos não são para serem explicados, existem e ponto final.
Quanta vontade eu sinto de você,
Por quê?
Anseio por carinho é para ser sentido e não explicado.
O subjetivo se permite a esses escapes, aceita devaneios e não cobra coerência...
Deu para entender que eu quero você?
Maldita obrigação de ser feliz. Não há outra opção, só o êxito justifica uma existência.
A- Saudade
B- Sensível
C-Melancólica
D- Precisando de amor
E- NRA
Muito bem, se você respondeu alternativa E você é uma pessoa moderna. Parabéns, agora você vai encontrar um monte de amigos!
Marina vivia uma fase meditabunda. Quase não conversava, mas quando sentia simpatia por alguém, sentia um certo alívio por dividir a dor de ter deitado em camas com homens baratos. Atualmente ela carrega no peito um profundo vazio de amores nunca correspondidos, de sexos que nunca se aprimoraram e de carícias nunca trocadas.
Na entrevista a certa hora veio a pergunta: - Você é feliz?
Pensei, refleti e respondi: - A felicidade não é um estado de espírito perene, portanto efêmera como é, melhor sempre dizer que se está feliz. Quem me dera um dia o homem encontrasse a fórmula da felicidade, pois aí sim, o estar se transformaria em ser.
Tão insuportável essa sensação de não caber no mundo, de não ter sonho para ser sonhado, de não ter cor para acordar, de não se importar, de importar demais, de ser contraditória e ao mesmo tempo não ser nada...tão desesperador essa falta de tradução para o sentimento impregnado nesse momento, desalentador ter a certeza de que não se encontrará sequer um cúmplice, pois como encontrar alguém para compartilhar o que não se pode explicar? Desinteresse, apatia, covardia, tudo isso desemboca numa total falta de energia. Vou me tratar bem, vou ficar contemplando o Sena enquanto beberico o meu champagne predileto acompanhado de blinis au caviar rouge ou tropicalmente sentar no Arpoador tomando um mate acompanhado dos carioquíssimos Biscoitos Globo.