Ângela Beatriz Sabbag
À medida que o tempo passa, e como quem costuma não mudar de opinião bom sujeito não é, já vivi e curti memoráveis carnavais, mas atualmente prefiro as Cinzas da quarta-feira, da lembrança que do pó viemos e ao pó voltaremos e da lenda da Fênix que renasce das suas cinzas. Com o passar dos anos não nos sobra mesmo outra opção a não ser renascer a cada manhã e reconstruir o que nos resta de vida. Faz-se necessária a adaptação aos desafios que nos são apresentados a cada estação. Porém nada nos impede de vivermos a alegria desses dias com sua marchinhas, desfiles das Escolas de Samba e o que mais vier.
Fui deixada...
Sem adeus, bilhete de despedida, um último gesto de carinho...
Sozinha sem passaporte, sem documento, acho que até sem memória.
Fui deixada...
Dilapidada de sonhos, fantasias e olha que é carnaval!
Sou colombina sem arlequim e sem pierrô.
É altruísta amar sem correspondência, generoso esse sentimento que tem destinatário e na maioria das vezes nem supõe o remetente. Pena dá, porque essa genuína forma de amor é sofrida, dói uma dor que não se explica para quem nunca amou sem a preocupação de ser correspondido.
Passa-se o ponto, vende-se fichas, decreta-se falência e reconhece-se em cartório que se não foi perdido nenhum talento tampouco houve a capacidade de fazer um deles sequer aumentar. A tempestade não é passageira, passageira é a vida que se vive.
Encolhida no canto do quarto ela sofria mais uma dor de amor. Até aí nada de mais, pois é mais fácil sofrer de amor do que encontrar a felicidade. O que a tornava uma pessoa singular é que ela estava vivendo uma viuvez de um amor que só ela sentiu, no qual só ela acreditou e só ela vislumbrou um futuro feliz.
Em momentos de introspecção procuro minha origem. Não é normal nem muito menos comum nos dias de hoje alguém guardar luto de um amor platônico.
Por mais que você viva, sempre haverá coisas que você nunca fez ou viu...eu nunca tomei Cuba Libre, tampouco vi Cuba livre..
Laura estava furiosa, cuspindo fogo quando veio desabafar comigo acerca de suas cunhadas. Acho que consegui acalmá-la quando lhe fiz enxergar que seus irmãos são seus irmãos, cunhadas estão cunhadas e amanhã podem estar ainda ou não.
Cada lágrima vertida tem um pouquinho do que poderia ter sido, e de que não tendo sido não há como avaliar se o presente poderia ser apresentado melhor. Tudo na vida há pelo menos duas opções a serem escolhidas, e depois de tomada a decisão não resta mais nada a não ser as conjecturas do que poderia ter sido.
Hoje é um daqueles dias...
Não é preciso ver a imagem refletida no espelho para saber que o seu semblante é de uma paisagem, a impressão mais constante é a de estar pisando em areia movediça, o ar parece estar parado, a vontade não existe, não consegue nos colocar em movimento. Ah, modorrento dia, apocalíptico dia que parece a tudo dar cabo, e em encerrando tudo que há e tudo o que há para vir só consegue arrancar uma expressão de enfado.
Que tão cedo não surja no horizonte outro dia desses, vou me entorpecer de oração e refugiar-me na fé.
Olhando as fotos, sem ter o que fazer, me deu uma saudade imensa de você, Ângela...uma vontade de abraçar, beijar, afagar...porque essa pouco mais que menininha, está longe de mim. Mas juro, senti uma ternura, encantada que fiquei com seu olhar fagueiro, com esse sorriso de menina, encarando o que viria com o misto de medo e coragem tão próprio dos novatos. Verdade, senti saudade porque a vendo senti-a minha e não eu própria.
Se casar fosse ruim não se escreveria assim, a palavra seria grafada assim: caZar. Até os nubentes são chamados consortes...
O ex marido telefona para falar com a filha e a ex mulher atende...ele diz:-Feliz Aniversário atrasado, quantos anos? Sessenta? ao que de pronto ela responde:-claro, vc já fez sessenta e sete? Ele cai numa imensa gargalhada e completa:- fiz 69. Ela então lhe diz:- Que caretice! E ele ainda ria sem parar quando a filha atendeu ao telefone...
Casar? Posso garantir que não quero! Quero um namoro que seja um casamento, porém sem a rotina de compartilhar o mesmo teto e o mesmo tédio.
Amanhã...
A manhã chega trazendo a claridade que o sol lhe empresta, revoada de pássaros a saúdam como eu. Todo começo me encoraja, seja a manhã, uma segunda-feira ou um primeiro de janeiro. Minha fé na bondade se revigora, minha coragem para lutar pelos meus ideais se multiplica, minha vontade de viver se agiganta...
Amanhã ainda é promessa pois se trata de futuro próximo.
A manhã já é presente, é uma dádiva toda embrulhada para que possamos usufruir da melhor maneira.
A eterna dúvida: Casar ou comprar uma bicicleta? Se for para emagrecer, estão valendo as duas opções!
Sentindo uma vontade irrefreável de atirar-me enlaçada em sua cintura,
Em atar-me a você e a desligar o tempo,
Em beijar sua boca de todas as formas e em todos os sentidos,
E deixar minha mão perdida debaixo do seu cabelo.
Será que a lua está cheia lá fora? Ou essa volúpia apresentou-se tão forte encorajada tão somente pela noite estrelada?
Eu poderia ter sido mais calorosa, eu poderia ter sido mais efusiva, eu poderia mais...
De tanto ser tanto resolvi ser menos, afinal aprendi a duras penas que menos é sempre mais.
E assim vamos vivendo num mundo de disfarces, onde é obrigatório escamotear-se sentimentos e viver um cotidiano sempre Up e arriba.
Coitados de nós, vítimas dessa modernidade que nos obriga a sempre saber a respostas, a ter sempre muita autoestima e uma imensa confiança em nós mesmos.
Acho que posso garantir que perdemos muito como seres humanos que somos, ou que éramos.
Será que saudade é um olhar perdido, um pensamento vazio enquanto se toma um gole quente de chá no frio outono?
Hoje é cesta? Onde está a cesta de café da manhã, onde está a cesta de flores-do-campo? Ah, hoje é sexta-feira… prefiro as segundas-feiras e as segundas intenções...