Andressa. S
Liguei algumas vezes durante a noite, tentando aliviar a tensão, angustia, tristeza aparente.
De todas as ligações frustrantes na madrugada, essa foi a mais dramática. Eu era a necessitada dessa vez, eu havia ligado.
- Oi ?
Ele produziu algum som, como se estivesse sendo acordado, incomodado.
- Oooiii. Disse ele
- Estava dormindo?
- Acho que ainda estou, disse ele.
- Não estou conseguindo assistir, dormir, me concentrar em alguma coisa. Disse-lhe, tentando encontrar algum abrigo provisório para as minhas insanidades noturnas.
- Escreva. Disse ele, em um tom de cansaço.
Ele sabe que quando escrevo falo muito, me exponho demais. Deixo-me abrir, fico transparente, vulnerável.
- É, uma boa ideia. Respondi insatisfeita.
Se alguém remete uma ligação, é porque precisa conversar. Se alguém escreve é porque precisa externa essa conversa de forma mais clara, SENSÍVEL.
- Te ligo amanhã. Repreendeu ele, parecendo prestativo, solícito. Brincando com os meus sonos comatosos.
- Ta. Boa Noite, até amanhã.
Desligamos!
Sinto sensações inescritas, sorrisos predisponentes a delírios.
Tenho pensando em você algumas vezes, sorrindo na maioria das vezes, maliciosamente. Você sabe!
Tenho pensando nas vidas em que habito e na estadia de alguns em mim.
Tenho tentando me adaptar ao uso dos sapatos, apesar dos pés sofrerem com os calos e inflamações.
Os pés descalços, apontando para a janela, vista de uma lua sedutora e de estrelas radiantes. Olhando os dedos saltitantes e livres reconheço o valor de ser livre, o valor da liberdade.
Tenho tentando me adaptar as amarras impostas e opostas.
Tenho tentando...
E tentar, às vezes cansa.
Requer ar, tentar, sem ar, sufocar.
Ei belo moço!
Eu sinto sua falta, apesar disso não parecer nada normal, eu continuo sentindo.
Você me deixou vulnerável com aqueles olhares, as sensações, os desejos, a fala mansa e continua. Você me deixou!
Foram dias intensos. Acamada, com músicas lentas ao ouvido e uma dor inexplicável, alguns apostaram na saudade, os sintomas eras idênticos.
Acordada as quatro da manhã, imaginando as palavras grossas e frias que você me dissera na noite passada, eu morri.
Morri, não pelo fato de você ter me destratado, mas, por ter me importado.
Qualquer babaca que dissesse algo parecido soaria como um nada, mas você, você era a minha chance de ser salva, talvez a única.
E se foi com tudo que eu havia sentido.
Eu queria ter gritado pedindo para você ficar, mas era tarde ou cedo demais, nunca se sabe. Eu não sabia!
Eu adoro quando a noite vai chegando anunciando sua presença.
Gosto do som diferenciado que o celular produz quando recebe uma chamada sua e seu nome brilha na tela;
Gosto do som das mensagem recebidas, hesito em visualiza-las rapidamente, só para ter o gostinho de imaginar o conteúdo delas;
Gosto do som de sua voz ao soar um Olá, Boa noite, Huum,;
Eu gosto ainda mais de quando seus lábios se movimentam soletrando meu nome;
Gosto de imaginar o toque, de sentir, de me entregar
completamente em seus braços;
Eu gosto do desafio de te conhecer um pouquinho a cada dia, de desvendar os seus mistérios;
Gosto de quando rimos involuntariamente, gosto de quando te faço sorrir.
Os dias ganharam uma razão, novos motivos.
Eu ganhei você!