Andréia Barros
De repente não doía mais, tudo passou e as marcas ficaram como aprendizado.
Servem de lembrete para não cometer os mesmos erros.
Eu e a saudade contando os minutos para você voltar, um pouco tontas acompanhando esse ponteiro, mas cheias de esperança.
E assim os dias voam...
Sei que em breve o amor pronuciado aos poucos será esquecido e o que é saudade constante vai se tornando vaga lembrança.
Por fim, recomeça um novo ciclo de vida.
Nessa noite contei cada segundo que passou, temendo fechar os olhos e não vê a mensagem chegar.
Que desatino, nessas horas você poderia estar dormindo ou enviando a mensagem para outro destinatário.
Assumo que desisti, foram tantas tentativas que me faltou forças.
O amor não acabou, mas era notável que as tentativas eram só minhas.
Talvez nunca saiba que choro de saudades todos os dias ou que toda noite escrevo um texto e cancelo em seguida por falta de coragem.
Não sei ao certo o que é pior, sofrer calada ou por um NÃO como resposta.
Na dúvida, optei por amar em silêncio e de alguma forma seguir em "paz."
Paudalho 31 de agosto de 1929, é meia noite de uma quinta-feira chuvosa. Não consigo dormir.
Aqui subsiste o silêncio da noite e vezes outras uma solitária coruja aproveita e entoa seu canto.
E claro, os ponteiros de um arcaico relógio de parede que a cada minuto parece martelar minh'alma.
O som é gritante.
Aqui estou, pés no chão, cabelos nevados, rosto enrugado, pele encarquilhada, coração desguarnecido, olhos inudados. Tudo em mim é uma lembrança obstinada.
Lembro dos anos mas incríveis da vida, quando conheci o extremo da felicidade e o amor puro e tão bonito. Lembro-me a última vez que estivemos juntos, era pra ser uma tarde prodigiosa, e até foi nos primeiros momentos. Pude assistir cada folha do outono que caia no chão, lembro de cada toque, de cada beijo, dos abraços, do amor declarado, até do silêncio que que iniciou em seguida e perdurou até hoje. Quando questionada sobre o término nunca soube dizer. Acabou. Partiu pra sempre e sempre busquei respostas.
Nada mudou em mim, como o fogo aceso em brasas vivas, assim é tudo que sinto.
Todas as noites eu tenho vivido o extremo da saudade, tenho sentido o salgado e amargo de cada lágrima que cai.
Cada uma tem sua lembrança.
Estou monótona e parada em um universo nostálgico, cheia de palavras pra escrever mas tudo se resume em uma saudade constante, amarga e desalegre.
Hoje resolvi escrever sobre nós, e antes de expor em letras, vírgulas e ponto final toda dor, eu lembrei dos bons momentos e singelamente sorri, embora, esse sorriso logo se encobriu.
Porque quando juntei as letras nas verdades absolutas, em uma triste realidade transmudei de repente e me tornei desolada.
E cada lágrima que cai nessa folha é de uma lembrança guardada, lembrada e respeitada.
Tá tudo bagunçado, o cabelo, a vida e o velho coração. Que ainda que não pulse com todo vigor de antes deseja na mesma intensidade de outrora.
Um amontoado de emoções e cicatrizes que as vezes respiro profundamente pra ter certeza que estou viva. E acredite, estou. Amar é ser escravo do desejo é ser acorrentado a ele e viver em súplicas quando tudo no final desanda.
Desamo o destino, quando lembro que nossas vontade são coincidiram. Destino cruel, em tantas vezes assassino, mata aos poucos e faz de nós o que bem quer. No fundo somos contadores de histórias, de tudo que passou por nós, nos marcou e seguiu apressadamente.
O dia está amanhecendo, consigo ver da janela a mudança de cor, a despedida da lua, o sol acenando e agosto partindo pra sempre.
Alguém bate na porta do quarto é minha enfermeira em minutos preciso fazer medicações, nebulização e mais medicações.
Pra hoje não quero muito se não um dia tranquilo, na janela que da acesso ao horizonte.
Continuarei fingindo felicidade porque ninguém vai conseguir entender o que sinto se não conheceu um amor de ve
Vivendo uma longa espera e carregando o peso do tempo nas costas.
É que essa expressão de "amar pra sempre", embora vista como um grande paradoxo, é bem real em mim.
Amei tanto alguém que desatendi de mim. Como se na história real eu adormeci. Sendo por extensos anos desmembrada de mim mesma. Isso é alarmante, quando acontece é hora de parar e reflexionar com urgência: vale a pena amar alguém mais que nós mesmos? A resposta precisamente deve ser NÃO.
Quero falar sobre uma batalha diária que é abrir mão de você.
É que talvez nunca saiba do tanto que choro de saudades todos os dias ou que toda noite escrevo um texto dizendo tudo que sinto e cancelo em seguida pela falta de coragem.
Talvez não saiba do suplício que é lembrar de nós, das incontáveis borboletas no estômago e do desvaneio de ser feliz contigo. Uma esperança vã que é infinitamente bela e insuportavelmenteirreal. Chamo a isso utopia que do grego significa "lugar ou situação que não existe", mas que trás uma alegria.
Embora efêmera e momentânea, porém de uma vontade eterna.
É uma realidade distante que quando caminho alguns passos ela sempre está adiante.
Não imagina as vezes que quis te encontrar em todos os lugares onde estive, e essa necessidade me fez vê teu rosto em tudo que olhei. Embora sempre tropeçando na tentativa fracassada de ti vê chegar. E que tombo, sempre de cara com um chão frio, duro, coberto de poeira e solidão.
Não imagina que te bloqueio incontáveis vezes pra não vê sua foto e outras tantas volto atrás porque não aguento tanta saudade. E assim, nessa busca da paz, aproximo meu rosto na timeline, vejo, sinto e logo quero para todo sempre.
Não sabe que choro no quarto, no ônibus e na vida pela dor do silêncio e a falta de coragem. E isso talvez nunca irá saber. Afinal, sou amor não vivido e arrependimentos tardios, essa linha tênue que divide as palavras digitadas, apaixonadas e apagadas pela falta da ousadia que todo dia me falta pra ser feliz.
E não sei ao certo o que é pior, sofrer calada ou por um NÃO como resposta.
Na dúvida optei por amar em silêncio e de alguma forma seguir em "paz".
Depois do fim foi tão difícil te encontrar, não sabia o que dizer, como me expor e o que sentir. Nessas horas esquecemos quem somos e como agir.
E olha só você, desolado.
Olhando em teus olhos só vejo tristeza e uma lacuna na alma.
E nessa troca simultânea de olhares, sinto a dor não falada.
Posso estar enganada, porque não?
Como já dizia Machado de Assis em uma passagem no livro Memórias Póstumas de Brás Cubas: "posso estar enganado, a verdade que o engano é um dos eventos mas frequentes da minha vida." Descrever esse momento enternecedor é no mínimo angustiante , ver alguém que nos amou e com tanta intensidade amamos também agora não passar de um desconhecido.
Enquanto te olhava busquei respostas sobre a saudade, onde esta você?
Tive saudades de nós!
Quis dizer do que sinto, mas não te conheço mas.
Ainda bem que o tempo passa e nada espera.
E ainda bem que existe outros dias, outros sonhos e outros amores.
Nesse momento meu corpo estar parado, levando-me pra o nada, esse abismo da vida.
E o que me causa desassossego é sobre o que vai pensar de mim enquanto me olhas, e quanta tristeza se define nessa troca de olhares.
Olhos que se maqueiam com essa sombra de uma história triste. Embora, ainda me sinta grata por tudo que vivemos e que essa ternura jamais me abadone.
E eu, talvez pálida, sem ação ou voz, porque nesse momento meu coração acelera e me faz desejar de uma maneira desmedida tudo que já tive um dia.
É que nunca cogitei a possibilidade do deslaço dos braços para uma despedida.
Tão longe era percebido essa triste possibilidade, essa morte do encanto. Tolamente recusei o fim, essa idéia dolorosa que você partiu para nunca mais, nunca mais, nunca mais.
E então vou acionar ou gesticular e seguirei para a vida.
Meu último carinho será eterno, a oração pra que seja feliz onde estiver.
E por mais que eu queira dar uns passos para trás e te amar só mais uma vez, eu vou acordar atrasada e correr para o mundo, porque depois do fim, o que ficou foi apenas lembranças, que se transformam em sonhos que para sempre se vão.
A gente percebe a ausência mesmo quando o outro ainda está presente.
São as famosas presenças ausentes.
O triste estado de absência.
Estou falando de relacionamentos mecânicos, vividos só por viver.
E por mas latentes que sejam as memórias de um doce passado, não são elas que ressoam no recém rasgado elo.
Tudo que foi bonito, perde para o que esta por vir.
E não existe nada palpável, além da triste certeza de que o amor está acabando.
As atitudes somem, gestos se tornam escassos, "eu te amo" passa a ser apenas dito, logo, vai ficando pra depois até ser só lembrança.
O abraço não esquenta, o beijo doce vai perdendo o sabor, falta flores em algumas ocasiões, a mensagem de bom dia, o brilho nos olhos e aquela vontade do início apaixonante.
Falta calor, arrepios, conversas e o toque do início que dava um tapa na solidão.
É quando vão se perdendo cada vez mas, quando o vazio já é de casa, mesmo antes de um adeus.
São tempos difíceis onde tudo é banalidade, é efêmero, momentâneo.
É tempo de egos, pessoas egocêntricas, um orgulho desmedido que impede admitir sobre o erro ou a vontade, é tão difícil dizer.
O silêncio parece ser a melhor opção.
Esquecendo apenas que silêncio sufoca e mata qualquer possibilidade de recomeço.
Silêncio também ensina, também diz, deixando claro a existência de crises, feridas e frustrações não resolvidas.
Caminham para o fim.
É onde lembro do grande poeta essencialmente lírico Vinícius de Morais quando escreveu o perfeito poema ausência em 1935 "Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face, teus dedos enlaçarão outros dedos."
Um perfeito resumo de quando tudo chega ao fim e a vida precisa seguir.
Ortograficamente falando, não cabe mas vírgulas, onde já é ponto final.
Querido destino não sei se existe contratempos, ou sua correria diária não permite perceber, existem casais que estão juntos a um tempão sem se pertencer.