Andre Rodrigues Costa Oliveira
A negação de algum problema ou de alguma dificuldade inicialmente é até instintivo e até mesmo humano. Só que perseverar na negação em detrimento da ação propriamente dita – que engloba a ciência, a razão e a pesquisa – aprofunda a mais perversa ignorância.
Na sociedade, o político não é o vilão da história, e o povo não é a vítima passiva e inocente nas mãos de bandidos. Lembre-se de que o político emana do povo que periodicamente o elege. Excluir o povo dessa equação é admitir expressamente que a massa é acéfala e tola. Você é acéfalo e tolo? Se não for, assuma de uma vez por todas a sua responsabilidade enquanto cidadão e eleitor brasileiro.
O falso rico tende a trabalhar sempre no limite da exaustão física e mental – e acha lindo dizer isso; acredita que, para ganhar alguma coisa, outros têm necessariamente que perder.
Morre de medo de ficar pobre, porque não se imagina readaptando, recriando ou reinventando algo, já que não investe em cultura e educação, mas apenas e tão somente em bens materiais. Valoriza apenas as pessoas que possuem patrimônio alto, acreditando que o dinheiro é um fim e não um meio. Tem que possuir os chamados “ícones da riqueza” para que ostente e faça esquecer a sua baixa autoestima, e assim, se considera superior aos que têm menos recursos. Em brevíssimo resumo: falso rico é uma m.!
Pessoas se esforçam gastando o que podem e o que não podem durante as festas de final do ano, disputando pela ceia mais farta – e, normalmente, mais gordurosa – olvidando-se de que essa é nessa mesma época que temos as melhores frutas, os melhores peixes, as melhores guloseimas.
Quem sabe um dia não teremos um Natal mais brasileiro, com as mesas coloridas, a comida leve, saborosa, sem ter que fingir que estamos nos Estados Unidos ou na Europa, em pleno verão sul-americano de 40 graus à sombra.
Os medíocres criaram uma espécie de militância, de fiscalização daquilo que se “pode” e daquilo que “não se pode”. Se alguém me flagra preparando um prato à base de aspargos na manteiga com figos marinados, eu sou imediatamente taxado de “pernóstico”, de “arrogante”, de “soberbo”. Mas se eu sou visto comendo um pseudo-hambúrguer podrão do McDonalds, aí já não tem problema, porque o padrão do McDonalds, na cabeça dos medíocres, “pode”. Só que eles desconhecem o fato de que um combo em qualquer lanchonete não artesanal custa quase o dobro do meu pacotinho de aspargos e de figos marinados.
Tudo em mim é a tendência a querer ser algo novo, e ainda para descobrir o diferente. Viciosa impaciência do espírito consigo mesmo, inquietante e desassossegada. Tudo é interessante. Todo desafio ainda não vencido é tentador e único na vida.
Se eu publico, logo existo.
A necessidade patológica de busca pela aceitação nas redes sociais retrata personalidades tímidas e infantilizadas.
No fundo, são crianças impúberes amedrontadas, feiosinhas, solitárias, desesperadas por um elogio de quem quer que seja – ainda que bem mentiroso – como acontece em regra.
Preocupar-se somente com o Pai Nosso que está no céu desprezando o pão nosso de cada dia deixará você sem pai e ainda com fome.
Se quiser salvar a humanidade faça algo realmente produtivo: leia e estude em primeiríssimo lugar.
Em segundo, valorize a pesquisa e o desenvolvimento sustentável.
Cuide do meio ambiente, mas com o mínimo de sensatez e de inteligência.
E aceite o fato de que você não vai curar a fome no planeta e alimentar 7 bilhões de habitantes com a mini-horta orgânica plantada no cantinho do quintal de casa.
O Direito é a força.
Só que a Justiça é aquilo que está além do “além do texto”.
O ingrediente social: o antropológico.
A figura do juiz, então, é o indizível, o incalculável, o elemento humano que modera, interpreta e aplica a força.
Sem o elemento humano chega-se ao ilógico, ao absurdo em sua forma mais crua – e mais violenta.
Aquilo que não se define. Que não tem linguagem.
A aniquilação da Justiça é a exaltação do Mal Absoluto.
Ouro é a redenção dos desesperados, é o objeto (ou seria abjeto?) maior da ambição e da cobiça humanas, a fortuna rápida e a ostentação inebriante de seu brilho. É também o ouro, ele mesmo, que faz com que muitos dos amantes sintetizem de maneira pragmática a intensidade de um sentimento devotado, resumido aos mimos que recebem, divididos entre aqueles que são de ouro e aqueles que não são de ouro.
Existem dois de mim: existe o “eu novo”: vida louca, rock and roll na veia e que vive de maneira intensa e até mesmo inconsequente, já que o meu “eu velho” deve, no futuro, consertar as merdas que eu faço hoje.
Pois é, existe sim o “eu velho”, que não se excede, que guarda dinheiro, que não sabe o que é vida louca, que jamais viaja, que não acorda de ressaca e que espera, ansioso, para aproveitar as coisas inerentes ao “eu novo”. Isso quando ele tiver tranquilidade.
Mas afinal de contas, o que é tranquilidade?
E se não der tempo do “eu velho” acudir o “eu novo”?
E se o “eu novo” morrer antes que o “eu velho” possa materializar-se em um ser humano intenso?
E se o “eu velho” simplesmente estiver entediado e não quiser sair na defesa do “eu novo”, relegando-o ao ledo esquecimento?
Afinal de contas, quem explora quem na minha cabeça?
Penso que o ideal é que os dois um dia se conheçam, e que tomem uma cerveja juntos, em algum boteco leviano, em pleno centro da cidade.
Descobri que a enorme dificuldade de desapegar de bens materiais tem uma causa simples: todos nós somos um pouco acumuladores, e pelas razões mais variadas. Acumulador então é regra.
E o desapego, um exercício complexo.
Se alguém lhe deixar em espera, encerre a ligação imediatamente.
Se alguém, falando com você, iniciar conversa paralela, encerre a ligação imediatamente. E que isso sirva para tudo em sua vida.
Poucos comportamentos são mais bregas e medíocres do que falar do dinheiro dos outros. Existem pessoas que, diante da total e absoluta falta de assunto – ou da inexistência da conquista pessoal digna de nota – gastam o tempo disponível enaltecendo as viagens, os imóveis, automóveis, salários e contas bancárias de terceiros. Falar do dinheiro alheio consegue ainda ser pior do que falar do seu próprio dinheiro. Desinteressante ao extremo. Mantenha distância de gente assim.
O realismo fantástico é um conceito aplicado às produções artísticas em que elementos da realidade, da fantasia e do sonho, todos misturados, geram um conjunto harmônico em meio a fatos históricos, lendas e folclore. Uma narrativa lógica, sem a ordenação lógica/científica. Ou seja: realismo fantástico é a nossa própria vida!!!
Todos somos personagens inventados por Gabriel Garcia Márquez.
Então o próprio Criador é Gabriel Garcia Márquez disfarçado em humano, e que esteve aqui de férias contemplando o mundo.
Minha teoria: a pessoa que fala sempre em primeira pessoa do singular pretende se destacar perante a terceira pessoa do plural, mas daí cai no ridículo e logo vira assunto entre todas as segundas pessoas do plural. Invariavelmente.
As pessoas mais traiçoeiras são aquelas que normalmente aparentam altruísmo e benevolência ao extremo, sempre estando prontas a ajudar em tudo, mas que na primeira oportunidade, cobra cada mínima atitude tomada. Jogam em nossa cara os atos, que em tese, deveriam ter sido praticados com amor e sem qualquer tipo de troca. Essas “boas” pessoas acreditam que, assim, conseguem exercer controle sobre as outras. Mas conseguem, na verdade, desprezo.
Eu não consigo aceitar a ideia de que a violência e o terrorismo sejam ainda instrumentos para que determinados grupos sejam escutados. Violência e terrorismo devem ser combatidos incisivamente e por duas razões bastante claras: trata-se de covardia inominável; e despreza a – suposta – inteligência humana para resolver as diferenças sem que haja derramamento de sangue.
Em alguns relacionamentos findos, por razões talvez desconhecidas, bloqueamos toda e qualquer lembrança boa, seja de uma viagem, de um momento íntimo ou até mesmo um simples jantar romântico. Mas de uma coisa eu tenho certeza absoluta: esses sim foram os relacionamentos mais tóxicos, mais abusivos, mais vampirescos.
Quando as rosas morrem, os espinhos permanecem.
E alguns espinhos são enormes e extremamente resistentes.
Guardadas as devidas particularidades, todas as religiões se sustentam na fé, no dogma e no fundamentalismo.
E, por isso mesmo, religião alguma da face da Terra aceita a ideia de que existe um outro Deus (ou deuses) que não seja (m) aquele (s) por ela louvado (s).
O que faz então com que elas se suportem – e ainda assim com enorme dificuldade – são legislações, civilidade, regras de trato social e costumes de respeito ao próximo, premissas que prescindem de religiões para que se formem.
E, quanto menos desenvolvido é um grupo social, maior será a intolerância.
E mais aviltante ainda será a barbárie.
Impossível olhar de maneira complacente alguém que diz que lhe ama, mas que convive harmoniosamente com pessoas que você tem certeza de que lhe detestam e que lhe sabotam. Algumas lições disso: não existe “meio virgem”; não existe “meio grávida”; não existe “meio leal”; não existe “meio amor”.
Tenha cuidado.
Receita para uma boa treta:
1 – O casal briga.
2 – Uma das partes, deselegantemente, resolve lhe contar detalhes, expondo uma intimidade que deveria ser apenas do casal.
3 – Você, querendo ser o salvador do mundo, entra no meio e toma partido.
4 – O casal faz as pazes.
5 – O casal fica com ódio mortal de você, porque foi intrometido.
Ponto final.
Existe uma coisa da qual todas as pessoas devem se lembrar diariamente: uma vez assimilando experiências, superando obstáculos e ainda as perdas quase que constantes, as pessoas devem se lembrar de esquecer.
Pode parecer contraditório, mas é uma questão de lídima sobrevivência.
E de caminhar adiante.