Sentava na última fileira,
entrava na terceira aula,
marquei falta numa segunda-feira
ferida de raios e sustos!
Já não são dezesseis,
os meus indecisos anos,
romance e rebeldia!
Não tenho teto,
venho descalço.
De pé, o lápis
é a enxada.
Qualquer papel
é o meu solo.
Sinto-me em casa, quando estou na rua.
A tristeza, o meu bem, não existe!
Planto só em palavras,
os bons momentos da vida.
Compromisso só com a liberdade!
O que seria da vida, se eu não fosse com ela?
Tropeço, nem sequer direção
(o mundo não), mas a vida ergue o queixo
sem-cobrar das mãos.
Durmo cedo,
sonho que sou criança.
Os sonhos contam as verdades,
pesadelos são as mentiras.
Era uma tarde como esta.
O vento brando
beija meu rosto esmaecido.
Namoro o inverno
na entrada da estação;
entre o trem e a plataforma,
ouço Bolero de Ravel
O melhor que passa
sem-notarmos, uma vez
por ser a única
No seu primeiro cravo
elogiam a timidez.
Pra não fugir
vou ficar
escondido aqui.
Para sempre,
ou durante o tempo
que quiser.
Entrego-me,
como um serial killer desarmado,
ao teu amor!
As tardes não são mais as mesmas,
as árvores, que um dia
me deram sombra,
desabrigaram até os passarinhos.
Mulher, venho-te ver!
Fala da nossa terra,
da nossa raça,
da nossa liberdade,
o nosso rosto sem sombra de grades.
Além do pôr do sol,
ninguém sente saudades.
A sombra do descanso
não é a mesma
que acompanha
o corpo no caminho…
Nem sempre vale a pena
juntar as diferenças
A cena abriu-se;
um drama baseado em fatos
e mistérios, próximos
e semelhantes, desiguais
e distantes.
Ao cair da noite,
recolho as estrelas.
De volta, encontro
declarações de momentos,
tristeza desfeita,
alegria espalhada,
o céu do avesso.
Cada canção
lembra alguém,
um momento
um lugar
que passei
a contar.
Descrevo com o dedo
os meus versos de amor
para o mar
na areia do deserto.