André Anlub
O mestre em yoga, com a força de vontade, ensinou-me o yin-yang. Sei que tudo vai e volta, na vida e na verdade, como bumerangue. Viver não é uma “suruba” em Aruba, tampouco um “ménage” em Laje. O mestre Yoda sem pretensão ensinou-me “a força”... E por livre e espontânea pressão.
Sei que gostas que aplaudam teus feitos, que acendem as verves e matam a sede, do verso, da aura e da vida.
Quantas derrotas, quantas vitórias, seguem as batalhas e forma-se a cicatriz. A noite é luarenta, o sapato é furado e nos ares de vestidos bordados, cabelos ondulados à serventia dos réus.
Na utopia eu vomito, creio na sinceridade do ato, pois aqui venho trazer meu abraço, quente, aflito e faminto.
E a manhã parte, a tarde chega e já vai com pressa pois lá vem à noite... E o ciclo se completa. E eu? Ah! Fico aqui a desejar-te.
E vem...
Os olhos mirando o bloquinho, sou zanho, sou zen, sozinho. Quebrou-se o silêncio, no barulho do meu copo, o gelo frenético batendo no fino e fanho vidro, ao ser mexido pelo dedo. E vem o convite à escrita...
A lua saiu com frio e tão pálida, pensamos que estivesse acamada. Veio a nós pelo mar, tremendo, até chegar à praia. E assim deu-se o beijo.
Pros falsos profetas macabros, sorrimos com nossa benevolência, pois são atrozes de mero vocábulo que voa sem asa, nem rumo, e pousa com todas as letras fazendo injúria nos castos, no deserto das aparências.
Não trate a vida como uma hecatombe, nessa manhã fria, cinza, sozinha. Quero no ínterim que se sinta minha. Quero que exponha esse amor que de certo esconde.
E agora deixo a sorte ir tomando posse, assim, aos poucos.
Vejo a felicidade surgindo sublime, como eu sonho que deveria ser... Destinada a todos.
Quero sempre estar com ela em novos sonhos e novas ideias,
outros planetas, inúmeros cometas, espalhando os sentimentos nas caudas de veemência, nos inéditos momentos, em outras ondas, outras facetas, alegrias e tristezas que esculpem nossa existência.
Pela manhã molho o rosto e constato minha sorte, perdi há tempos a necessidade de encenar. A barba branca, o cabelo ralo e da vivência o aguçado faro - o voo mais acertado.
As navalhas dos erros fazem cortes diversos uns profundos, outros não, uns cicatrizam logo, outros não. Há pessoas que tem o talento nato de afiar as navalhas e lamentar depois.
Ajude-me a nadar em sua correnteza, pois fico mais confortável e feliz. Aquela força resistente me diz: Atravesse o oceano e me beija.
Não quero envelhecer tornando-me aquela máquina que funciona no automático e nunca sai do controle. A engrenagem devidamente lubrificada e há hora certa para cada função. Quero o gosto do sal na língua e no corpo, a brisa no rosto e muita areia nas solas dos pés. Quero ver nova gente, lugares belos, criar outros versos e acordar cada manhã com um curioso viés.
Notei teus olhos com tal brilho em diamantes, fiz da essência fartas cores cintilando e adorei-te pelos dias, meses, anos. Corri por terras mais inóspitas e distantes, e na procura achei-te inteira, sorridente e amante.
Noto teus olhos que não fulgem como antes, noto o tempo que te agradas como passa. Fazes morada na tua zona de conforto,
fazes confronto do amor que explode em mágoa.
Mesmo que o tempo seja curto, que o circuito entre em curto, a vida é um admirável absurdo na incansável eternidade da andança.
Deixe o mistério ser sua sombra, verso amigo, pleno e sobra. Ninguém nunca saberá tudo, tampouco um pouco que seja, sobre a magnificência da obra.
Temos o poder do pensamento, e de torná-lo secreto e restrito. Se tudo que viesse à mente fosse exposto em praça pública, todos os monstros fantasmagóricos e bárbaros tomariam forma.
Quando quer é só amor, deflagra harmonia. Herméticas rimas da noite - parto do dia. Bardo na clara bigamia, soa, voa, corre, socorre; a poesia em devotada sincronia, brota numa cópula! E a tinta escorre...
Quem será o guardião desse coração tão intenso, raro e quente? A verdade mostra pra que veio, o ópio evapora na veia, surge a sorte pisando na morte, tornando o instante perfeito.
Sendo o alicerce mais forte, fez-se o castelo; nasce o coveiro, que rompe vis elos, enterra as contendas, encarcera o faqueiro que insiste no corte. O som é mais ameno no feliz badalar dos sinos, para a hora do recreio.
Talvez não seja minha flor que aflora, mas nem por isso não é fina flor. Sei por que nunca mais o amor apavora e por hora só tem transbordado em calor.