André Anlub
As gaiolas se abriram e voam os pássaros, voa à vida. Falham as bombas e pombas de branco se pintam. O mundo esquece seu eixo, gira em toda direção e, pira, sem nenhum desleixo, sem a menor ambição.
Acabaram-se as abobrinhas em minha mente, nem se falarem hipoteticamente, só verei as bocas mexendo, sem som.
Agora há o costume de seguir o próprio caminho, escolher as pontes e portas, ficar frente a frente com o vendaval, sem o aval alheio, sem olheiro, sem frase feita e sorriso banal.
A tempestade não me assusta, e nem deveria! Já tive dias terríveis de sol. Se algo me causa temor é perder a inspiração e alegria, quando o sol toca e aquece meu rosto,
ou a água cai do céu no meu corpo.
Prezo os amigos que ficaram ao meu lado, em tempos idos de épocas negras. Quando fiquei doente, pesado fardo, falando línguas estranhas, abraçado aos capetas.
No seu olhar além das colinas, onde o sossego descansa, existe o profícuo, existe a herança. Aprumam-se as esquinas, do livre-arbítrio.
Menino prodígio poeta, com bolsos cheios de gritos de guerra. Suas bandeiras: poemas de amor e saudade... São trincheiras contra algoz realidade.
Avise-me quando tiver um tempo, caso eu não esteja, por favor, deixe recado. Passo por maus bocados sem a menor notícia sua, vivo um grande tormento olhando os velhos retratos.
Tenho seus poemas tatuados para meu longo conforto, às vezes os leio a esmo desmanchando possível mácula. Dentro de uma garrafa de fino gargalo torto, com as letras distorcidas que renasceram de um cálido aborto, leio um romance barato que se tornou simpática fábula.
Pisa descalça na grama, leve candura de criança. Colhe narcisos e lírios, planta sorrisos em quem ama.
É sou impostor vivente, fantasioso e sensível. Pinto com aquarela a imagem de um deus no céu, escrevo no papel minha quimera de um ser imbatível.
Digo em alto e bom som como é bom e quero sempre fazer parte da sua história... É salutar, mas periga ser um vício. É no início, na essência, onde bulo e reviro a memória. Vejo que nessa guerra vale a pena lutar.
Pra matar o tempo sem correr o risco de morrer junto:
Troca-se correr dirigindo na pista, às cegas e vários beijos em altas farras... Por comer dividindo a pizza, de acelga com vários queijos e alcaparras.
Acontece uma descontrolada mandinga que o mundo se apega. É doideira querer que o bicho pegue, e ele pega... Agora se espera não mais, nunca mais, sentir o corpo rua abaixo descer.
Linda, candente e perigosa. Vistosa, de garras afiadas, língua de lixa. Quem diria, ai, ai... “Vixe maria”! Ela é deusa maior, rainha cheia de viés, dona de tudo, no real e no absurdo, estou aos seus pés.
Escute a voz que vem de dentro, vem do centro, do eixo. Ela dará apoio, consertará o jarro. Mesmo que tire sarro, que seja um soco no queixo. A voz só se cala quando falta o intento.
Longe, longe chegou o berro de amor. O profundo, nobre e precioso... Abraçou as nuvens, beijou o sol, tirou as ferrugens, criou a mudança, fez valer o desafio, o anseio por um fio... E um coração frio, novamente, tomou-se de esperança.
O vassalo é a pessoa que vive a vida sempre atrasado, sendo enganado pelo ego inflado. Deveria olhar para si próprio, colocar os pés no chão, e realmente fazer algo que vale a pena ser apreciado.
Um dos maiores problemas do Brasil é que existem mais papagaios na selva de pedra do que na Amazônia!
Uma caixa se abre e aquele lindo presente, que lembra o passado e prevê o futuro, que faz inoportuno me dizer doente e assim, tão ausente, enraizei no escuro.
E há o doce momento: Uma dentada na fruta, a amada desfrutada, a tonalidade da vida nos botões das flores e nos de liga e desliga.
A respiração é ofegante, as almas se abrem ao som da ordem. Dizem que tão minuciosa é a vida que sempre certa e transcendental caminha toda a história.
Não quero paixão egoísta, aquela profunda feito poça de chuva fina, aquela quente como a água que o bacalhau se banha. A paixão que quero deixou pista... Muito beija e muito afaga, não apanha e não amarga, é brincadeira de criança... Pera, uva, maça e salada mista.
Eis o calor dos novos tempos, nas fronteiras ultrapassadas que lapidam os dias, nas vias congestionadas por carros e catarros e o odor do suor mais limpo da história que se espalha aos ventos.