André Anlub
Ando com ideias antigas de modernizar meus conceitos. No fundo são adágios superados... Há tempos que tenho a teimosia de querer ser atualizado.
Brotaram no desabrochar dos lindos campos, suas essências... Deixadas como folhas em vendavais. Voando, vagando, sem destino; por entre pensamentos, como mãos que tocam almas, fazendo de harpas sons siderais.
Nas cores que se misturam, nos mesmos sexos partilhados; sem altivez e preconceito, nascem a excitação e tonalidade, nasce alucinadamente... Aquele amor na verdade.
É com você meu excesso, cada rima faz a lima que esculpe e cada lume é o grito na ideia. A sina e a saudade tomam a forma que apetece. O blá, blá, blá de normas e métricas, já tarde, falece.
No bar da vida, o velho bilhar poético. Vai inspiração e fico em sinuca, estou sem verso e sinto o frio na nuca. O bar da poesia não abre nem fecha, é flecha sempre lançada, e o coração do poeta, não seca, não se afoga, não nada.
O amor é intrínseco no ser mais brioso, meticuloso com a mais esplendida jornada. Eleva as nuvens, voando baixo, o ser vistoso. Sempre o amparo da sensação resignada.
Ficaríamos a eternidade, ponderaríamos em múltiplos dialetos, em esperanto ou mimica, canto do anjos ou sinais de fumaça, em puras línguas e raças, dos baldios ou espertos, até além da imortalidade. Mas salivas não seriam gastas à toa, expondo as qualidades extremas, da força da inteligência, o poder do ventre e da cria, ecoando ao vento e ao sempre. A voz que nunca é pendente, nesse momento presente, agarra a unhas e dentes, o direito de expor ao planeta o que das mulheres pertence.
Quando há em nossa vida o problema bem complexo, sem a luz no fim do túnel, a esperança fica escassa. Jamais se larga a decisão de sanar esse dilema. Com paciência de Jó, do conforto vai-se à caça, e nos ombros do otimismo, nos apoiamos e dizemos: “Podia ser muito pior”.
E aquela velha inocência descabida? Deixe-a ir! Ela já estava sufocada com sua maturidade, com seu desenvolvimento e sucesso, com o balé dos estorninhos.
Hipnotiza-me sem a mínima hesitação, e com a carcaça não tenha perdão. Me molda e muda, me desvenda e desnuda, aperta tanto meu coração, que em seu transmuta.
O calor que batia na alma, sem refresco, mais e mais quente ficava. Faltava isso, talvez aquilo, para montar uma elipse, envolta do desmesurado eclipse, de tal sol.
Aquela fragrância de nova vida, da porta aberta do viveiro, batia nos orifícios do nariz; como coisa boa... Fubá fresquinho, coco queimado, doce broa... Acompanhada por um manacá-de-cheiro.
O orvalho brinca de tobogã, em uma enorme folha de taioba. Sei, sei que ainda necessitava de mais música, música boa, aquela apreciada pelos pássaros que dançam valsa com o vento.
A cada toque meu na sua pele faz nascer galáxias, acordam os anjos, acalmam demônios, cantam gnomos, ponderam orações, surgem purezas, desfazem avarezas, abrolham razões... Mas se nada acontece, não interessa, pois o que apetece é tocar em você.
Admiro da mesma maneira a pessoa imane, ou miúda, por fora; mas pequena no interior, desculpe o trocadilho, sinto pesar!
Vejo estática tua íris, por compreenderes tamanha epístola. Voas, feito águia, tão majestosa tal qual a vida.
Qual atitude seria mais certa, senão entregar-te ao próprio destino? Vai-te logo, fizeste o prólogo, sigo-te em linha reta, feito menino.
Pego minhas folhas e lápis, e debaixo da mesma lua de anos, escrevo algo realmente interessante. Depois, num gesto de saudação... Solto as letras ao vento.